Entenda origem e fases da relação entre Zema e o bolsonarismo

Governador de Minas Gerais reforça antipetismo e se coloca como opção para direita

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São Paulo

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Nesta semana, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), criticou os atos antidemocráticos em Brasília ao mesmo tempo em que citou uma tese não comprovada de que houve "vista grossa" do governo federal para se "manter como vítima".

A fala foi mais um sinal de aproximação do político do Novo com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Abaixo, veja seis pontos que explicam a relação do mineiro com o bolsonarismo.

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, com o ex-presidente Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada - Adriano Machado 4.out.22/Reuters

1. Deu Match
Em 2018, Romeu Zema era pouco conhecido e ancorou sua campanha no liberalismo, na antipolítica e no antipetismo, o que o aproximou de Bolsonaro.

Às vésperas do primeiro turno naquele ano, no debate da TV Globo, o empresário afirmou que quem queria mudança deveria votar em João Amoêdo (candidato do Novo) ou Bolsonaro (na época no PSL). O flerte rendeu uma reprimenda do Novo ao então candidato e o catapultou como nome do antipetismo no estado

2. Aliado raro
Eleito, Zema manteve seu alinhamento com Bolsonaro, a quem só criticava de forma leve. No início da pandemia, o governador reproduziu as teses negacionistas do então presidente e chegou a dizer, por exemplo, que o vírus deveria viajar.

Ao contrário de aliado, porém, recuou. Ele admitiu que a postura de Bolsonaro de não usar máscara e provocar aglomerações não ajudava no combate da pandemia. Creditou ao negacionismo a derrota na eleição presidencial.

3. Lulema
Minas Gerais é o segundo maior colégio eleitoral do país e sempre refletiu os resultados da eleição presidencial. Por isso, estar com Zema, que liderava as pesquisas, era o que Bolsonaro queria.

O governador, porém, apoiou o candidato do Novo, Luiz Felipe D’Ávila. O PL lançou Carlos Viana, mas o próprio Bolsonaro disse que não fez muita campanha para ele e mencionava Zema sempre que podia.

No entanto, os votos não eram necessariamente casados, houve o fenômeno do Lulema –Lula e Zema foram os vencedores do primeiro turno. O governador foi reeleito com 56,18%.

4. Juntos contra o PT
Um dia depois do primeiro turno, Romeu Zema foi a Brasília declarar apoio a Bolsonaro. Disse que eles tinham diferenças, mas faziam oposição à mesma legenda. O governador atuou bastante na campanha em Minas, mas não conseguiu a virada a favor de Bolsonaro. Lula venceu com margem apertada no estado, assim como no país.

5. Condeno, mas...
O episódio do 8 de janeiro serviu para reforçar o vínculo entre Zema e Bolsonaro. É importante lembrar que quem agiu para debelar os acampamentos golpistas em Belo Horizonte não foi o governo do estado, mas a prefeitura da capital, que é alinhada a Lula. Clique e relembre o caso na edição anterior.

Zema condenou o vandalismo em Brasília, mas afirmou que "houve um erro também, talvez até proposital, do governo federal, que fez vista grossa para que o pior acontecesse e ele se fizesse posteriormente de vítima", em entrevista à Rádio Gaúcha.

6. E agora?
Zema é visto como um nome da direita que pode concorrer à Presidência da República em 2026, sobretudo num contexto em que Bolsonaro possa estar inelegível e Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, dispute a reeleição.

Mais do que herdeiro do bolsonarismo, é interessante para Zema posicionar-se como herdeiro do antipetismo. Agora que o extremismo rendeu a Bolsonaro uma derrota nas urnas e o colocou na condição de investigado, o mineiro tem tido cuidado ao flertar com o bolsonarismo, mas reforça o papel de representante da direita.

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