Ex-vice-líder de Bolsonaro flagrado com dinheiro na cueca negocia filiação ao PSB de Alckmin

Chico Rodrigues, hoje na União Brasil, ensaia integrar base de Lula

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Brasília

Ex-vice líder do governo de Jair Bolsonaro (PL) no Senado, o senador Chico Rodrigues (União Brasil-RR) virou alvo de disputa entre partidos e negocia a ida para o PSB, sigla do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB).

Hoje na União Brasil, Rodrigues chegou a participar em dezembro da reunião da bancada do PL que bateu o martelo sobre o nome do senador eleito Rogério Marinho (PL-RN) para disputar a presidência do Senado.

O senador Chico Rodrigues aparece de pé no plenário do Senado Federal ao lado da bandeira do Brasil desenhada no carpete azul
Chico Rodrigues no plenário do Senado durante discussão da PEC da Transição, em dezembro - Jonas Pereira-21.dez.22/Agência Senado

Durante o anúncio da candidatura de Marinho, integrantes do PL afirmaram que o senador havia assinado a ficha de filiação ao partido e que a bancada na próxima legislatura passaria de 14 para 15 membros.

Além de ter sido vice-líder do governo Bolsonaro, Chico Rodrigues empregou no Senado Leonardo Rodrigues de Jesus, conhecido como Leo Índio, primo dos filhos do ex-presidente da República e homem de confiança do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ).

Agora, integrantes do PT dão como certa a ida de Chico Rodrigues para o PSB e brincam que ele já está sendo chamado de "companheiro Chico Rodrigues" —em referência a expressão que é marca do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O senador deixou a vice-liderança do governo Bolsonaro no Senado em 2020 depois de ter sido flagrado com dinheiro na cueca em uma operação da PF (Polícia Federal) contra o desvio de recursos de combate à Covid-19.

Rodrigues chegou a ser afastado do cargo por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) e só retornou ao mandato em fevereiro de 2021.

Na época, o parlamentar afirmou em carta aos colegas que nunca cometeu nenhum ilícito e que não conseguiu "manter o comportamento de equilíbrio mais adequado" porque entrou em pânico com a chegada da PF.

Chico Rodrigues tem dito a aliados que é grato ao presidente do PL, Valdemar Costa Neto, pelo convite para se filiar ao partido. Mas ele alega a interlocutores que estar na base do governo Lula pode ser mais vantajoso para o estado de Roraima neste momento.

O senador se encontrou pessoalmente com Alckmin e tem conversado com diferentes ministros do novo governo. Rodrigues esteve na cerimônia de posse do vice-presidente no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.

Pessoas próximas ao senador também reclamam do tratamento dado a ele por dirigentes da União Brasil. No Senado, a sigla é controlada pelo ex-presidente da Casa, senador Davi Alcolumbre (AP).

Chico Rodrigues publicou um vídeo em suas redes sociais em que afirma que vai se manter "vigilante", mas exalta o novo governo. "Governo do presidente Lula, que tem todo o compromisso e responsabilidade em tornar a vida dos brasileiros melhor."

Procurada, a assessoria do senador afirmou que ele ainda está conversando com diferentes partidos.

O PT quer fortalecer o PSB para ampliar o apoio a Lula no Senado. O partido tem um único representante na Casa, o senador Dário Berger (SC) —que não conseguiu se reeleger. Em outubro, a sigla elegeu apenas o atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB-MA).

Outro nome que pode se juntar ao de Chico Rodrigues no PSB é o do senador Jorge Kajuru (Podemos-GO). Aliados do senador afirmam que ele deve se filiar ao PSB nos próximos dias e assumir a liderança da bancada.

Kajuru foi convidado para voltar ao PSB pelo presidente da sigla, Carlos Siqueira, por Alckmin e pelo secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça e Segurança Pública, deputado federal Elias Vaz (PSB-GO).

Primeira suplente na chapa de Dino, a vice-prefeita de Pinheiro (MA), Ana Paula Lobato (PSB-MA), já decidiu que vai continuar no PSB. Com a filiação de ao menos outros dois senadores, o PSB conseguiria atingir o número mínimo para que um dos parlamentares seja alçado a líder.

A representação garante ao parlamentar e ao partido uma série de vantagens, como participação no colégio de líderes do Senado, possibilidade de orientar votações, e preferência em discursos no plenário e comissões.

Quem também estuda mudar de partido é a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA). Aliados da senadora afirmam que ela pode se filiar ao PSD —sigla do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG)— ou ao MDB —legenda da ministra do Planejamento, Simone Tebet (MS).

Eliziane não esconde a insatisfação com a decisão da bancada do Cidadania na Câmara de ficar independente em relação ao governo Lula. O anúncio foi feito no sábado (14), em nota assinada pelo deputado federal Alex Manente (Cidadania-SP).

A senadora participou ativamente da campanha de Lula no segundo turno e foi uma das articuladoras da carta que o petista endereçou a evangélicos. Amiga de Tebet, ela também estava no palco durante a cerimônia de posse da ministra do Planejamento.

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