Imagens do circuito interno de câmeras do Palácio do Planalto mostram os atos de depredação e vandalismo promovidos pelos manifestantes golpistas durante invasão das sedes dos três Poderes no domingo (8). Eles tiveram tempo para recarregar celulares, registrar imagens e andar livremente pelo local.
Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) promoveram um grande ato golpista, no qual avançaram sobre as forças de segurança e invadiram o Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal. Deixaram um rastro de destruição por onde passaram.
As novas imagens, divulgadas no domingo (15) pela TV Globo, mostram uma turba disposta a destruir totalmente o Palácio do Planalto, investindo contra móveis, obras de arte e as próprias instalações do prédio. A Folha também teve acesso às imagens.
Os trechos dos vídeos gravados pelas câmeras de segurança mostram os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) avançando sobre diversas áreas do Palácio do Planalto, sem serem confrontados pelas forças de segurança. A maioria deles veste camisetas com as cores verde e amarela —alguns também aparecem nas imagens carregando bandeiras do Brasil.
Em outra cena, manifestantes ocupam o salão oeste do Planalto, que, inicialmente, está totalmente vazio, apenas com cadeiras enfileiradas. Um único militante é visto carregando um dos tapetes da sala.
Em seguida, acompanhando de outros, ele passa a degradar as cortinas do salão. Neste momento, quase uma hora após o início das gravações, é possível ver, pela primeira vez, agentes das forças de ordem do lado de fora do prédio conversando pela janela com os manifestantes —que respondem gesticulando. Não há confronto registrado nas imagens.
Uma das imagens mostra um homem usando uma barra aparentemente de ferro para danificar o painel de Di Cavalcanti, "Mulatas", perfurado em seis pontos. Outro sai batendo indiscriminadamente nos vidros de mesas que exibem documentos históricos.
O homem nem para para ver a destruição que deixou para trás, mas é repreendido por outro militante. A mesma cena é registrada por outro ângulo, por uma outra câmera de segurança. O homem em questão estoura um vidro, que parece ser da porta de um disjuntor. Depois ele e outro manifestante batem as mãos no ar, em um cumprimento de comemoração.
Outra imagem mostra um homem jogando no chão um grande relógio que pertenceu ao rei de Portugal dom João 6º. A peça histórica estava no terceiro andar, o mesmo piso em que fica o gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Esse mesmo manifestante golpista usa uma camiseta com o rosto de Bolsonaro. Ele anda livremente pelo andar e tenta desligar o disjuntor, para cortar a energia elétrica. Ele também busca extintores de incêndio e os usa para tentar quebrar a câmera de segurança que flagrou a sua ação.
As imagens também mostram um manifestante arremessando extintores de incêndio contra os vidros no térreo do palácio, próximo à recepção. O militante repetiu o gesto duas vezes: na primeira, o extintor foi acionado, disparando seu conteúdo. Na segunda tentativa, consegue quebrar o vidro.
As imagens mostram que os militantes permaneceram, pelo menos, duas horas dentro do Palácio do Planalto. Alguns andam calmamente pelo palácio, sorrindo e fazendo gravações com telefones celulares. Há tempo para alguns deles sentarem no chão e recarregarem seus aparelhos.
Um homem sentado inicia uma chamada por vídeo com alguém e começa a mostrar a destruição. Ele está sentado e coloca à sua frente uma mochila, em que está escrito "medicina veterinária".
Um dos homens tem entre seus pertences um soco inglês —outros aparecem nas imagens usando máscaras de gás.
Depois há uma correria, indicando que forças de segurança podem estar chegando. Os golpistas então arremessam cadeiras contra as vidraças do palácio e são vistos cobrindo o rosto.
Em conversa com jornalistas, na quinta-feira (12), o presidente Lula disse que houve facilitação e que as portas do palácio foram abertas para os manifestantes golpistas.
"Eu estou esperando a poeira baixar. Eu quero ver todas as fitas gravadas dentro da Suprema Corte, dentro do palácio. Teve muito agente conivente. Teve muita gente da PM conivente. Muita gente das Forças Armadas aqui de dentro coniventes. Eu estou convencido que a porta do Palácio do Planalto foi aberta para essa gente entrar porque não tem porta quebrada. Ou seja, alguém facilitou a entrada deles aqui", afirmou.
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