O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro (PSD-MT), vai reassumir o mandato no Senado provisoriamente na próxima quarta-feira (1º) para garantir o voto ao aliado Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que tenta a reeleição.
A primeira suplente de Fávaro, Margareth Buzetti (PSD-MT), só trocou o PP —partido que deu sustentação a Jair Bolsonaro (PL)— pelo PSD no mês passado, após pressão para que integrasse a base do novo governo.
Apesar da apreensão em torno do nome de Buzetti, Fávaro tem defendido publicamente que os dois estão alinhados. "Ela pode ter as ideologias dela, mas tem que votar com o governo. E vai votar com o governo", disse à Folha em dezembro.
Para assumir o ministério, Fávaro também convenceu seu segundo suplente, José Lacerda (PSD-MT), a deixar o MDB. O filho de Lacerda, Irajá Lacerda, é o atual número dois do Ministério da Agricultura.
A eleição para a presidência do Senado foi um dos principais assuntos discutidos entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Pacheco durante jantar na residência oficial do Senado, na quinta (26).
Segundo relatos, Lula afirmou a Pacheco que torce pela vitória dele e que orientou seus ministros a se licenciarem dos cargos para votarem na eleição que irá definir o novo comando da Casa.
Pacheco busca a reeleição no Senado e terá como adversário o ex-ministro de Bolsonaro Rogério Marinho (PL-RN). Embora Lula afirme publicamente que não irá interferir na disputa, petistas têm trabalhado pela reeleição do mineiro.
Quatro ministros de Lula foram eleitos para o Senado em outubro e já eram esperados para a votação da mesa diretora: Wellington Dias (Desenvolvimento Social), Camilo Santana (Educação), Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública) e Renan Filho (Transportes).
Segundo o regimento, os novos senadores têm até 90 dias para tomar posse após o início da legislatura. No entanto, é praxe que, mesmo os que vão se licenciar, assumam os mandatos no primeiro dia, antes da votação para o comando do Senado.
Fávaro está na metade do mandato e não precisaria participar da cerimônia de posse. Além de garantir o voto de Fávaro a Pacheco, o compromisso de Lula tem peso simbólico pela presença de cinco ministros de Estado no plenário do Senado.
De acordo com um aliado de Lula, o presidente também orientou seus ministros que são deputados federais a se licenciar dos cargos para participar das eleições da Câmara. O governo vai apoiar a reeleição de Arthur Lira (PP-AL).
Sete ministros de Lula são deputados federais: Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Daniela Carneiro (Turismo), Juscelino Filho (Comunicações), Luiz Marinho (Trabalho), Marina Silva (Meio Ambiente), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e Sônia Guajajara (Povos Indígenas).
Segundo relatos, Lula também conversou com Pacheco sobre o pacote para as melhorar contas públicas, que será enviado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e sobre o chamado pacote antigolpismo, elaborado pelo ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB).
Lula deu detalhes a Pacheco sobre a visita dele a Roraima para tratar da crise humanitária envolvendo o povo indígena yanomami, e sobre a viagem dele à Argentina e ao Uruguai. Padilha e o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), também participaram do jantar.
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