Ministro de Lula tenta desqualificar jornalista da CNN em entrevista

Paulo Pimenta, da Secom, foi questionado pela apresentadora Raquel Landim sobre declaração do presidente

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São Paulo

O ministro Paulo Pimenta, da Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência), tentou desqualificar a apresentadora da CNN Brasil Raquel Landim durante uma participação em um dos programas da emissora.

Pimenta questionou as qualificações de Landim após ser questionado por ela sobre a fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que sugeriu, sem provas, ser uma "armação" de Sergio Moro (União Brasil-PR) o plano da facção criminosa PCC contra autoridades.

O ministro da Secom, Paulo Pimenta, no Palácio do Planalto - Gabriela Biló-18.jan.23/Folhapress

"Você é jornalista?", perguntou o ministro. A apresentadora rebateu e respondeu que sim, "formada pela Universidade de São Paulo".

"Sou jornalista, sim. Meu papel é fazer as perguntas; o da autoridade pública deveria ser trazer os esclarecimentos", escreveu Landim em rede social.

Também pelas redes, Pimenta negou intenção de ofender ou desqualificar a jornalista.

Raquel Landim havia questionado Pimenta se fazia sentido falar em armação diante de uma operação que envolveu policiais federais, promotores e diversos outros profissionais que atuaram na investigação do caso.

"Eu não vou falar porque acho que é mais uma armação do Moro. Quero ser cauteloso, vou descobrir o que aconteceu. É visível que é uma armação do Moro", disse Lula na quinta-feira (23), mesmo após integrantes do próprio governo petista terem exaltado a operação do dia anterior feita pela PF, que é ligada ao Ministério da Justiça.

Na quarta (22), a equipe do próprio presidente havia publicado no canal oficial do petista no Telegram uma imagem com os dizeres: "PF de Lula salva a vida de Moro. Sem rancores e farpas".

Após a declaração de Lula, Moro reagiu: "O senhor não tem decência?". Também na quinta, em entrevista à CNN Brasil, ele disse ainda que, "se acontecer alguma coisa com a minha família, a responsabilidade está nas costas deste presidente da República".

Em publicação, Pimenta afirmou ter relação respeitosa com a imprensa e disse que reagiu "com indignação pela forma que o programa estava sendo conduzido e pelo tratamento desrespeitoso que a bancada estava dispensando ao presidente Lula" e disse que em nenhum momento teve a intenção desqualificar Raquel Landim.

"Me manifestei de forma mais contundente para mostrar que a forma como a bancada do programa da CNN agia, com acusações e agressões ao presidente Lula, em nenhum momento lembrava um debate, e sim uma inquisição."

Internautas repercutiram a reação de Pimenta como um ato de machismo.

"Por falar em patrulha lulista, eles já condenaram a fala misógina do Paulo Pimenta ontem?", diz um tuíte. "Machismo do bem e mansplaining do bem pode, né? Por isso nunca vou conseguir levar o lulopetismo a sério", afirma outro.

Já o deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) disse que Paulo Pimenta não consegue justificar a fake news de grave consequências de Lula do mesmo modo que não consegue justificar a corrupção do PT.

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