Descrição de chapéu Governo Lula

Lula evita nome de Bolsonaro em balanço de 100 dias e diz que 8/1 foi tentativa de golpe do fascismo

Presidente afirma que Planalto passará a cobrar cartão de vacina para entrada

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Brasília

Durante seu discurso de mais de uma hora em reunião de balanço dos cem dias de governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, nesta segunda-feira (10), que os atos de apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) contra o resultado das eleições em 8 de janeiro foram tentativa de golpe.

Por outro lado, ele evitou citar diretamente o nome de seu antecessor e afirmou que seu governo está criando uma nova fase no país.

O presidente Lula em reunião ministerial dos 100 dias de governo, no Palácio do Planalto - Gabriela Biló /Folhapress

Lula disse agradecer a compreensão das pessoas pelo momento histórico que o país vive. "Sobretudo depois da tentativa de golpe dia 8 de janeiro, quando a sociedade brasileira viu, depois de muito tempo, as instituições brasileiras se juntarem para defender a democracia", disse o mandatário.

Na ocasião, apoiadores bolsonaristas que não aceitavam o resultado eleitoral invadiram e depredaram a sede dos três Poderes. Como consequência, quem estava acampado em frente ao quartel-general do Exército pedindo golpe foi preso, inquéritos foram instaurados e os chefes dos três Poderes fizeram atos simbólicos em defesa da democracia.

O chefe do Executivo disse que foi uma "tentativa de golpe, feita com a maior desfaçatez, por um grupo de reacionários, fascistas, um grupo de extrema direita, que não queria deixar o poder, que não queria acatar o resultado eleitoral".

Apesar de rememorar o episódio, que diz ter marcado o início do seu mandato, Lula não citou o seu antecessor, seguindo conselhos de seus aliados. Ele disse que, quando assumiu o governo em 2003, não fez evento de cem dias porque não foi preciso, e elogiou a transição de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que "tinha sobretudo uma marca de civilidade".

"Digo sempre que, se juntar todos os presidentes desde a proclamação [da República] até essas eleições, a soma de todas as candidaturas juntas não gastou o que esse cidadão gastou na perspectiva de perpetuar o fascismo neste país", afirmou Lula

As referências ao episódio e ao antecessor abriram o discurso do mandatário aos seus 37 ministros e líderes do governo no Congresso. Lula disse ainda que "estamos criando uma fase nova na história do país" e demonstrou otimismo.

Em seu discurso aos ministros, que foi aberto à imprensa, o chefe do Executivo também afirmou que passará a cobrar cartão de vacina no Palácio do Planalto. Segundo ele, se a pessoa não quiser se proteger, ao menos terá de fazê-lo pelos outros.

Lula disse que precisará fazer um teste de Covid-19 antes de embarcar nesta terça (11) para a China, outro quando chegar ao país e mais um quando for encontrar o presidente Xi Jinping. E, segundo disse, isso está certo.

"Nós ainda temos muita gente que não gosta de democracia impregnada aqui", disse, sem deixar claro se se referia ao Palácio do Planalto ou ao Brasil. "Vou tomar decisão de exigir, só vai trabalhar e só vai entrar [no Palácio do Planalto] quem tiver cartão de vacina."

Lula 3 completa cem dias sob críticas de aliados, que reclamam de entraves para deslanchar projetos e da falta de uma nova marca ao novo mandato do petista. O próprio mandatário tem cobrado integrantes do primeiro escalão por entregas nas últimas reuniões, como mostrou a Folha.

Até então, apontam ministros e parlamentares alinhados ao Planalto, o governo reciclou programas antigos e foi palco de embates entre expoentes da equipe ministerial, que se desentenderam publicamente sobre o lançamento de propostas do governo.

Auxiliares do presidente afirmam que o slogan do governo é "União e Reconstrução", o que justifica o relançamento de iniciativas de gestões anteriores, como o Minha Casa, Minha Vida e o Bolsa Família, retomado no lugar do Auxílio Brasil, e que eles voltaram turbinados.

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