Acostumado a postar vídeos nas redes sociais de uma vida simples, lavando pratos, colhendo frutas no pé e assando pão de queijo, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), viajou em um moderno jato do empresário Rubens Menin a Brasília no ano passado para declarar apoio à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), que acabou derrotado na disputa com Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A viagem ocorreu em 4 de outubro, logo depois do primeiro turno da eleição, ocorrido no dia 2. À época, Zema disse acreditar muito mais na proposta de Bolsonaro do que na de seu adversário. Em nota, o governador afirma que a viagem teve caráter pessoal.
"Sobre a viagem específica citada, se trata de um compromisso pessoal, após ter vencido as eleições em primeiro turno. Na ocasião exerci minha cidadania de ter a liberdade de apoiar um candidato. Por se tratar de um compromisso pessoal, em nenhuma hipótese poderia utilizar aeronaves do Estado", disse o governador, no texto.
Estavam no voo, além do governador e Menin, o então deputado federal Lucas Gonzalez (Novo-MG) e o presidente da Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais), Flavio Roscoe, conforme reportagem do colunista do UOL Chico Alves. A aeronave é um jato Bombardier, com matrícula PT-RBZ.
Zema foi eleito para seu primeiro mandato como governador de Minas em 2018 se apresentando como alguém de fora da política, sem conchavos ou favores. À época, derrotou os partidos de dois ex-líderes políticos do estado. O PT, do ex-governador Fernando Pimentel, e o PSDB, do hoje deputado federal Aécio Neves.
Na Assembleia, ao longo de seu primeiro mandato, teve problemas de articulação para votação de projetos de interesse do governo por não conseguir base superior a 20 dos 77 deputados da Casa. O problema apontado pelos próprios aliados é que o governador só aceitava conversar com que o apoiava.
Em 2023, porém, em seu primeiro ano do segundo mandato, mudou de estratégia e ampliou as negociações com parte maior dos deputados, aceitando ampliar, inclusive, de 1% para 2% o percentual do orçamento reservado pelo governo para o pagamento de emendas impositivas aos deputados estaduais.
Zema não esconde o desejo de participar da corrida presidencial de 2026. A gritos de "presidente, presidente", em seu discurso da vitória, no ano passado, respondeu: "quem sabe?"
Aeronaves
Na nota enviada à reportagem, o governador Romeu Zema diz ainda que, como empresário, rodou mais de dois milhões de quilômetros pelas estradas de Minas Gerais abrindo lojas em mais de 300 cidades.
"E foi também dessa forma que fiz minha campanha em 2018. Por isso, ao assumir o cargo de governador imaginei que seria possível também executar os compromissos oficiais somente com deslocamentos terrestres", afirma o governador, no texto.
"Porém, logo entendemos que para otimizar o tempo como governador e melhor atender às demandas dos mineiros de todas as regiões dos 853 municípios, foi preciso eventualmente utilizar as aeronaves que hoje não são de uso de exclusivo do governador, mas pertencem ao Comando de Aviação da Polícia Militar de Minas Gerais", argumenta Zema.
"Dessa forma fazemos o uso das aeronaves com transparência, compromisso e responsabilidade com os recursos públicos do Estado. Ao contrário de gestões anteriores, no meu governo as aeronaves do Estado nunca foram utilizadas para compromissos pessoais", diz o chefe do Poder Executivo de Minas Gerais.
Conforme Zema, as aeronaves que eventualmente usa em deslocamentos para compromissos oficiais são as mesmas que prestam o serviço de transporte de órgãos.
"Também são as mesmas aeronaves que levaram os militares especializados em combate ao crime organizado para auxiliar a Polícia de Tocantins na operação contra uma quadrilha de assalto a banco. Portanto, em Minas, o que é público é usado para o bem dos mineiros e brasileiros", diz o governador.
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