Bolsonaro se põe à disposição como 'alternativa' ao Brasil e ignora fraude com vacina em ato do PL

Ex-presidente vai a ato partidário em SP em palco com aliados e prefeito Ricardo Nunes, que cobiça apoio para 2024

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São Paulo

O ex-presidente Jair Bolsonaro se vendeu neste sábado (6) como "alternativa" ao Brasil e ignorou um escândalo que dias antes levou sua casa a ser alvo de busca e apreensão da Polícia Federal.

Em um ato do PL Mulher em São Paulo e ao lado de Michelle Bolsonaro, ele começou dizendo que "hoje a palavra estará com as mulheres" e engatou uma fala de cinco minutos. Nada fora de seu script eleitoral em 2022.

Jair e Michelle Bolsonaro participam de ato do PL Mulher em São Paulo - Marlene Bergamo/Folhapress

Exaltou valores de praxe em sua oratória, da "defesa da família" ao "patriotismo", e resgatou uma frase que frequentou muitos de seus discursos na campanha eleitoral: "Só a morte bota um ponto final nas nossas vidas. Enquanto ela não chegar, estaremos sempre à disposição para sermos uma alternativa para nosso Brasil".

Bolsonaro creditou à pandemia e "à guerra lá fora", referindo-se ao conflito entre Rússia e Ucrânia, por "quatro anos difíceis" na Presidência.

Esculpiu para seu mandato uma realidade cor-de-rosa como as roupas de várias convidadas. Falou em "números da economia invejáveis" e, ignorando o negacionismo que lhe fez desaconselhar medidas sanitárias e atrasar a compra de vacinas contra a Covid-19, afirmou que atacou "a questão do vírus".

Nenhuma palavra sobre a acusação de fraude em seu cartão de vacina, no de sua filha e no de auxiliares, alvo de operação da PF nesta semana.

O evento serviu para empossar a deputada Rosana Valle no diretório paulista do PL Mulher, em cerimônia na Assembleia Legislativa do estado. Michelle comanda a aba nacional. No mesmo evento, a esposa de Bolsonaro advogou pelo fim da cota para mulheres na política.

O casal Bolsonaro dividiu a mesa com outros quadros do partido, como seu presidente, Valdemar Costa Neto, e o senador Astronauta Marcos Pontes.

O governador Tarcisio de Freitas (Republicanos-SP), ex-ministro e aliado do Bolsonaro, esteve ausente.

Forasteiro partidário era o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que cobiça apoio dos bolsonaristas na próxima eleição municipal. Por ora, os humores ideológicos pendem para o deputado Ricardo Salles (PL-SP), alternativa defendida publicamente pelo colega Eduardo Bolsonaro (PL-SP). O ex-ministro do Meio Ambiente chegou depois e se juntou às autoridades no tablado. Irmão do ex-presidente, Renato Bolsonaro também se juntou ao grupo.

Sobre a mesa, um gigante crucifixo com a imagem de Jesus, adorno da Casa Legislativa.

A claque era sobretudo feminina, com parte do público vestida de rosa e balançando balões rosas e lilás. Esses ficaram numa parte de trás, assistindo aos discursos por um telão e engrossando o coro de "mito" quando Bolsonaro era citado.

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