Descrição de chapéu Folhajus

Bolsonaro vai reunir advogados e assessores para definir estratégia sob cerco de PF e STF

Ex-presidente foi alvo de busca e apreensão, enquanto seus principais auxiliares foram presos pela Polícia Federal

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Brasília

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), alvo de busca e apreensão da Polícia Federal (PF), vai reunir advogados e assessores próximos nesta quarta-feira (3) para discutir os próximos passos de sua defesa.

Ele foi intimado para depor na sede da PF ainda nesta quarta-feira (3), às 10h, mas não compareceu. Bolsonaro deixou sua casa num condomínio de alto padrão na capital para se reunir com auxiliares na sede do PL, onde entrou pela garagem, sem falar com jornalistas.

O ex-ministro e candidato a vice na chapa de Bolsonaro, general Braga Netto, também deve participar da reunião.

O então presidente Jair Bolsonaro com seu principal auxiliar, tenente-coronel Mauro Cid, em 2019, no Palácio do Planalto. - Adriano Machado/Reuters

Assim que soube da operação, o ex-secretário de Comunicação da Presidência (Secom) Fábio Wajngarten acionou o advogado Marcelo Bessa para ir à residência do ex-mandatário no condomínio de alto padrão em Brasília.

Também organizou viagem com os outros dois integrantes da defesa de Bolsonaro, Daniel Tesser e Paulo Cunha Bueno.

Eles embarcaram às 9h de São Paulo para a capital federal. Procurado, Tessler disse que não dispõe sobre informações sobre o caso ainda e, por isso, não pode comentar. A investigação corre sob sigilo no STF (Supremo Tribunal Federal). Braga Netto foi acionado ainda para acompanhar o caso.

Bessa, por sua vez, acompanhou Bolsonaro quando deixou sua casa em direção à sede do partido. No local, ele chamou a operação de arbitrária e precipitada. À Folha, ele disse que a operação ocorreu sem maiores intercorrência, e que já demandaram ao relator da ação, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, acesso aos autos e que aguarda retorno.

No início da tarde, Wajngarten e outros integrantes da defesa do ex-presidente foram até a sede da Polícia Federal para tentar conseguir os autos do processo. O ex-chefe da Secom afirmou que Jair Bolsonaro prestará depoimento assim que sua defesa tiver acesso aos autos do processo.

"O presidente Bolsonaro estará à disposição, como sempre esteve das autoridades competentes., tão logo a defesa tenha acesso aos autos. Os autos estão com o ministro Alexandre de Moraes e o doutor Marcelo Bessa já peticionou pedindo acesso aos autos", afirmou.

Wajngarten disse que Max Guilherme já havia prestado depoimento e realizado exame de corpo e delito no Instituto Médico Legal. Os demais presos ainda não haviam prestado depoimento, até o início da tarde.

A PF realizou, nesta manhã, a operação que mais chegou perto do núcleo duro do ex-presidente, com a prisão de três de seus principais auxiliares, o tenente-coronel Mauro Cid, Max Guilherme e Sérgio Cordeiro.

Tanto Max quanto Cordeiro são, inclusive, 2 dos 8 cargos de assessor a que Bolsonaro tem direito como ex-presidente da República. Este último foi, inclusive, quem cedeu a casa para o ex-mandatário realizar lives durante a campanha eleitoral, quando foi proibido de fazê-las no Palácio da Alvorada.

Eles também acompanharam Bolsonaro na sua temporada nos Estados Unidos, após perder a eleição. Max ainda esteve ao lado do ex-presidente em suas primeiras viagens pelo Brasil e nos passeios que tem dado por Brasília, como ao colégio militar.

Cid, por sua vez, era ajudante de ordens, mas tinha poder e influência muito relevante no entorno do presidente, causando até ciúmes entre seus auxiliares mais próximos e ministros.

O tenente-coronel foi um dos indiciados pelo vazamento da apuração utilizada por Bolsonaro em uma transmissão de 4 de agosto de 2021, em que contestou a segurança do sistema eleitoral e levantou suspeita de fraude nas eleições de 2018.

Ele também foi pivô de uma crise com o Exército no início do ano, por causa de uma promoção para comandar um batalhão em Goiânia, e culminou na demissão do então comandante do Exército, Julio Cesar de Arruda, já durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

As medidas são no âmbito de uma investigação, diz a PF, sobre uma suposta "associação criminosa constituída para a prática dos crimes de inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas SI-PNI e RNDS do Ministério da Saúde."

"A apuração indica que o objetivo do grupo seria manter coeso o elemento identitário em relação a suas pautas ideológicas, no caso, sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a Covid-19", afirma a PF.

A PF fez buscas na manhã desta quarta (3) na casa de Bolsonaro em Brasília
A PF fez buscas na manhã desta quarta (3) na casa de Bolsonaro, em Brasília - Reprodução/TV Globo

De acordo com a Polícia Federal, os alvos da investigação teriam realizado as inserções falsas entre novembro de 2021 e dezembro de 2022 para que os beneficiários pudessem emitir certificado de vacinação para viajar aos Estados Unidos.

Segundo a Folha apurou, há suspeita de que os registros de vacinação de Bolsonaro, Cid e da filha mais nova do ex-presidente, Laura, foram forjados.

A PF diz ainda que as diligências são cumpridas dentro do inquérito das milícias digitais, que tramita no Supremo Tribunal Federal e tem como relator o ministro Alexandre de Moraes.

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