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Corregedoria da Câmara faz 3 tentativas e não consegue notificar Deltan sobre cassação; veja vídeo

Decisão deve ser publicada em Diário Oficial; deputado diz lamentar iniciativa num período em que não estava em Brasília

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Brasília

A Corregedoria da Câmara dos Deputados tentou notificar o deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) três vezes, sem sucesso, para comunicá-lo da decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de cassação do seu mandato.

Esse ato formal permite a abertura do prazo de cinco dias úteis para que o parlamentar apresente a sua defesa à Casa.

Segundo ato da Mesa Diretora da Câmara, a Corregedoria tem três tentativas para notificar o parlamentar. Caso não haja sucesso, a notificação é publicada em Diário Oficial da União e, no dia seguinte, passa a valer o prazo para a defesa.

O corregedor, por sua vez, tem um prazo de 15 dias úteis para oferecer o seu parecer à Mesa Diretora para a declaração oficial da perda de mandato.

O deputado cassado Deltan Dallagnol durante pronunciamento na Câmara dos Deputados - Pedro Ladeira - 17.mai.23/Folhapress

O TSE cassou na última terça-feira (16), por unanimidade, o registro da candidatura e, consequentemente, o mandato de Deltan, ex-coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba. Na quarta (17), a corte enviou notificação à Câmara para comunicar a decisão.

Desde então, a Corregedoria tentou em três ocasiões notificar o deputado em seu gabinete: na quinta (18), na sexta-feira (19) e na tarde desta segunda-feira (22).

A Folha acompanhou a terceira tentativa. Dois representantes da Corregedoria estiveram no gabinete de Deltan no começo da tarde desta segunda, mas o parlamentar está em Curitiba.

Uma assessora de Deltan, então, assinou termo de notificação e questionou se era "padrão" da Corregedoria conduzir esse tipo de procedimento em "datas que, normalmente, os deputados estão na base". E ouviu como resposta que não há essa distinção.

Em nota, Deltan diz que está fora da Câmara desde a última quinta-feira em reuniões com seus advogados e líderes do Podemos. "Desde sexta estive em Curitiba, minha base no Paraná, como todos os outros deputados fazem", afirma.

"A Corregedoria nos disse que dava a oportunidade de os deputados agendarem o recebimento da notificação por cortesia e encaminhamos email na quinta-feira solicitando agendamento para esta semana, quando eu estivesse em Brasília. Mas nunca fomos respondidos. Lamento que a Corregedoria tenha procedido as três tentativas de notificação quando eu evidentemente não estava nem na Câmara e nem em Brasília", diz.

A possibilidade de agendamento de notificação, no entanto, não consta no ato da Mesa Diretora da Câmara.

Segundo a Folha apurou, a ideia de aliados de Deltan era realizar um ato público em defesa ao parlamentar, com a participação de outros deputados, no dia da notificação.

Atualmente, a Corregedoria é chefiada pelo deputado federal Domingos Neto (PSD-CE). Segundo interlocutores do parlamentar, ele tem afirmado que não quer espetacularizar o processo e que seguirá os ritos ditados em lei, com imparcialidade e neutralidade.

"Importante destacar que o órgão é responsável apenas pelos aspectos formais da decisão da Justiça Eleitoral. Ao final, competirá à Mesa da Câmara dos Deputados declarar ou não a perda de mandato, conforme previsto pela Constituição Federal", escreveu Neto nas redes sociais na quinta (18).

Em geral, a Corregedoria analisa apenas aspectos formais da decisão da corte. Não cabe ao órgão, portanto, analisar o mérito da determinação e sua possível reversão.

Corregedoria da Câmara faz terceira tentativa de notificar Deltan Dallagnol sobre cassação - Gabriela Biló/Folhapress

Não há previsão de votação no plenário ou algum tipo de debate na Casa sobre a decisão do TSE. Dessa forma, a única chance de Deltan reverter a situação seria conseguir uma ordem do STF (Supremo Tribunal Federal) para suspender os efeitos da decisão da Corte eleitoral.

Na avaliação de integrantes do tribunal, no entanto, é pouco provável que ele consiga maioria no plenário a seu favor.

A ação de cassação de Deltan é decorrente de representação da Federação Brasil da Esperança (que reúne PT, PC do B e PV) e do PMN, que alegaram que o parlamentar não poderia ter deixado a carreira de procurador da República para entrar na política porque respondia a sindicâncias, reclamações disciplinares e pedidos de providências junto ao CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) —que fiscaliza os deveres funcionais dos integrantes do Ministério Público.

Em pronunciamento à imprensa na quarta, Deltan afirmou que perdeu o seu mandato por combater a corrupção. "A verdade é uma só, perdi meu mandato porque combati a corrupção. Hoje é dia de festa para os corruptos e dia de festa para Lula", disse na ocasião.

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