Descrição de chapéu Governo Lula

Lula fala em criar 'prateleira' de terras improdutivas para evitar invasões

Presidente anunciou iniciativa durante sua terceira transmissão ao vivo nas redes sociais

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Brasília

O presidente Lula (PT) afirmou nesta terça-feira (27) que seu governo vai criar uma "prateleira" de terras improdutivas para que haja uma política de assentamentos antes de movimentos sociais invadirem as propriedades rurais.

O presidente Lula durante cerimônia com o mandatário argentino, Alberto Fernández, no Palácio do Itamaraty
O presidente Lula durante cerimônia com o mandatário argentino, Alberto Fernández, no Palácio do Itamaraty - Gabriela Biló/Folhapress

"Eu falei com o ministro Paulo Teixeira [Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar] esses dias: 'Ô, Paulo, por que a gente tem que esperar o movimento invadir uma terra para a gente mandar o Incra avaliar se ela é produtiva ou improdutiva?'", disse Lula, durante live nas redes sociais.

O presidente na sequência afirmou que vai então montar uma lista de terras que serão avaliadas pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e ficarão disponíveis para iniciar uma política de assentamento.

"Ao invés de as pessoas invadirem, a gente oferece [as terras], organiza. Essa é uma novidade que eu não pensei no primeiro e no segundo mandato. Pensei agora e vamos fazer. Vamos fazer uma prateleira das chamadas terras improdutivas desse país e terras devolutas que a gente pode fazer assentamento agrário, para quem quiser trabalhar no campo sem precisar brigar com ninguém", completou.

A questão da invasão de terras provocou um grande desgaste ao governo no início do mandato, com o MST chegando a ocupar uma área da Embrapa. As ações levaram a Câmara dos Deputados a abrir uma CPI para investigar o tema.

Além dos riscos da investigação de um movimento aliado, as invasões também criaram dificuldades para o governo Lula atrair o agronegócio, setor que se tornou próximo de Bolsonaro.

Em uma das tentativas de reaproximação, o governo Lula lança ainda nesta terça-feira o Plano Safra 2023/2024, que terá o valor recorde de R$ 364 bilhões.

Lula realizou nesta terça a sua terceira transmissão ao vivo nas redes sociais, a Conversa com o Presidente. Assim como nas anteriores, ele foi entrevistado pelo jornalista Marcos Uchôa.

As lives são tentativas da Secretaria de Comunicação da Presidência de impulsionar o desempenho do mandatário nas redes sociais, campo que foi bastante explorado pelo bolsonarismo.

O governo buscou deixar claro que as transmissões seriam diferentes das lives de Jair Bolsonaro (PL), que usava o espaço muitas vezes para disparar fake news e ataques contra os adversários. Lula, no entanto, descumpriu a sua promessa na segunda transmissão e usou o meio para atacar adversários.

Voltou a chamar Jair Bolsonaro de fascista e disse que o então presidente, após perder as eleições, ficou "trancado dentro de casa para ficar preparando o golpe."

A live desta terça-feira dedicou bastante tempo para questões mais amenas, como a vida pessoal do presidente e alguns bastidores de suas viagens oficiais ao exterior.

Lula disse que não gosta de viver no Palácio da Alvorada, porque é tudo muito grande, precisa caminhar "200 metros" para ir buscar um café, outros 40 metros para ir ao banheiro.

O presidente então relatou que está com "saudades" de sua casa, em São Paulo.

"Ontem estava me queixando com a [primeira-dama] Janja que estava com saudade de casa, faz tempo que eu não vou em casa. Estou precisando ir para ver meus filhos, inclusive. Mas aí chegou a viagem para a Bahia, eu tenho que viajar", afirmou.

Lula ainda disse que não costuma se alimentar bem durante as viagens ao exterior e que não gosta da comida de palácios, de uma forma geral. Em um momento bastante explorado pelo entrevistador, para mostrar o lado pessoal do presidente, ele respondeu que prefere "feijão com arroz" e refeições de maior substância.

O presidente também abordou em diversos momentos a questão da desigualdade, acrescentando que esse é um dos pontos que o une ao papa Francisco, com quem se encontrou no Vaticano na semana passada. Relatou que o papa e ele trabalham para transformar a questão da desigualdade em algo capaz de "indignar a sociedade".

"O papa Francisco é o grande líder que temos hoje na face da terra. Embora não seja um político militante, as falas dele são palavras de conteúdo muito forte, como a questão da paz, da desigualdade", afirmou.

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