Zema diz que foi mal-interpretado ao exaltar Sul e Sudeste e ser acusado de preconceito

Governador de MG havia dito que estados dessas regiões são diferentes da maioria por terem mais gente trabalhando e menos auxílio

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Belo Horizonte

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), disse neste sábado (3) ter sido mal-interpretado ao afirmar que os estados do Sudeste e do Sul do país são diferentes porque neles há mais pessoas trabalhando do que vivendo de auxílio emergencial.

"Talvez por não utilizar as palavras adequadas, fui mal interpretado. As pessoas recebem o auxílio por não terem emprego. O auxílio é importante em momento de pandemia, recessão", afirmou o governador, no segundo dia de reunião do Cosud (Consórcio de Integração Sul e Sudeste), que reúne em Belo Horizonte representantes dos sete estados das duas regiões.

A foto mostra o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), na abertura de encontro de governadores em Minas Gerais.
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), na abertura do Cosud nesta sexta (2) em Belo Horizonte. - Gil Leonardi - 2.jun.2023/Governo-MG

A declaração de Zema exaltando Sul e Sudeste foi dada na abertura do encontro, na sexta (2), e foi alvo de críticas de oposicionistas, que apontaram teor preconceituoso com outras regiões.

"Se tem estados que podem contribuir para este país dar certo, acredito que são estes sete estados aqui. São estados onde, diferente da grande maioria, há uma proporção muito maior de pessoas trabalhando do que vivendo de auxílio emergencial", afirmou o governador na ocasião.

Zema vem tentando se viabilizar como pré-candidato à Presidência da República em 2026.

Neste sábado, ele disse que quem analisar sua fala "vai ver que aquilo que eu quis dizer, e se fui mal-interpretado eu peço desculpa, é que nós, governadores do Sul e Sudeste, acreditamos, temos convicção, de que o melhor programa social é a geração de empregos".

O governador disse querer "dignidade para o brasileiro", que "não podemos acostumar o brasileiro a viver de ajuda do Estado" e que os governadores do Sul e Sudeste têm "feito de tudo para atrairmos mais empregos".

"Eu que vou na rua e pergunto, todos falam 'eu prefiro a carteira de trabalho assinada do que receber auxílio do governo'", afirmou.

Zema ainda fez aceno ao Nordeste, onde houve críticas à fala do governador mineiro do dia anterior. "E estamos hoje aqui, governadores do Sul e do Sudeste, nos espelhando nos governadores do Nordeste, que trabalham unidos. O Nordeste para nós, temos que lembrar aqui, está sendo um exemplo", afirmou.

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), saiu em defesa de Zema. "A nossa ideia é que todos tenham oportunidade de se desenvolver e daqui a pouco quem sabe o Brasil não precise mais de auxílios. Acho que foi o que o governador Zema quis falar ontem", afirmou.

"Vergonhoso! Romeu Zema é o exemplo típico do preconceito bolsonarista. Triste saber que esse cidadão é governador de MG", escreveu na sexta-feira Guilherme Boulos (PSOL-SP), deputado federal aliado do presidente Lula (PT).

"Respeite o Nordeste! O governador Romeu Zema fez declarações xenofóbicas atacando o Norte, o Nordeste e o Centro-Oeste do Brasil. Frases essas que me recuso a republicar e que só atestam o seu preconceito, despreparo e irresponsabilidade", afirmou em rede social Humberto Costa (PT), senador de Pernambuco.

"O sujeito detesta pobre e ainda exala preconceito. E pior, o faz com autoridade de governador. Um mau exemplo inaceitável", disse o deputado federal Rogério Correia (PT-MG).

Relação com Lula

Dos sete governadores do consórcio, apenas dois, Renato Casagrande (PSB) e Ratinho Júnior (PSD), são de partidos alinhados ao governo federal. Zema (Novo), Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul, e Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina, são de legendas de oposição.

Segundo o governador de São Paulo, porém, a relação com o governo federal é pautada pelo pragmatismo.

"Temos necessidades, em todos os estados, de políticas públicas que devem ser compartilhadas com o governo federal. Vamos enfrentar em conjunto, por exemplo, a questão da segurança pública, que só se faz com compartilhamento de sistema, troca de informação", disse.

Tarcísio avalia que o grupo dará mais força junto ao governo federal. "A gente ganha mais voz porque consegue mostrar que esses estados representam 56% da população brasileira e essa população tem demandas. Nós temos desigualdades em cada um dos estados", afirmou.

Ratinho Júnior foi escolhido coordenador do consórcio.

Uma carta foi divulgada ao fim do encontro, assinada pelos sete governadores. Um dos pontos abordados foi a reforma tributária que, na avaliação do grupo, precisa garantir simplificação e, ao mesmo tempo, o federalismo.

A discussão do tema no Congresso Nacional gera duas preocupações, conforme o texto. "A primeira se dá quanto à preservação da autonomia de estados e municípios, inclusive mediante mecanismos de estabilização da arrecadação durante o período de transição para o novo sistema", segundo a carta.

"Já o segundo ponto diz respeito à criação de novos fundos de desenvolvimento, que teriam como foco a redução das desigualdades entre as regiões do país. É necessário considerar as desigualdades sociais e econômicas significativas existentes também nos estados do Sul e Sudeste, já que contam com muitas cidades e regiões inteiras com renda per capita abaixo da média nacional, e que, portanto, demandam também atenção", diz o texto.

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