Mauro Cid tentou vender Rolex recebido por Bolsonaro por US$ 60 mil

Relógio foi dado a ex-presidente em almoço oferecido pelo rei da Arábia Saudita em 2019

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Thaís Augusto Gabriela Vinhal
São Paulo e Brasília | UOL

Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), tentou vender um relógio da marca Rolex recebido pelo então presidente em viagem oficial à Arábia Saudita.

Documentos enviados à CPI do 8 de Janeiro mostram a troca de emails de Mauro Cid para vender o relógio. Os documentos foram revelados pelo jornal O Globo e confirmados pelo UOL.

Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, druante depoimento à CPI do 8 de Janeiro, no Senado - Luicio Tavora - 11.jul2023/Xinhua

O relógio foi dado a Bolsonaro em 30 de outubro de 2019 durante almoço oferecido pelo rei da Arábia Saudita à comitiva brasileira.

Um registro do Rolex como "acervo privado" no Gabinete Adjunto de Documentação Histórica do gabinete da Presidência da República foi feito em 11 de novembro. Também consta uma liberação do relógio no dia 6 de junho de 2022.

No mesmo dia, Mauro Cid trocou emails para tentar vender o relógio por US$ 60 mil (R$ 292 mil na cotação atual do dólar americano). As informações são de membros da CPI. O UOL tenta contato com a defesa de Cid.

Segundo o relatório da CPI, Mauro Cid trocou mensagens em inglês com Maria Farani, que assessorou o Gabinete Adjunto de Informações do gabinete pessoal de Bolsonaro até janeiro de 2023.

Farani pergunta sobre o certificado de garantia original do aparelho, além do preço que Cid gostaria de receber sobre a peça. Disse ainda que o mercado de Rolex usados estaria "em baixa".

"O mercado para Rolex usados está em baixa, especialmente para relógios cravejados de platina e diamante (já que o valor é tão alto). Só queria me certificar de que estamos na mesma linha antes de fazermos muita pesquisa."

Já o então ajudante de ordens de Bolsonaro afirmou não possuir o documento de comprovação da originalidade do relógio por ser um presente recebido, segundo ele, "em viagem oficial de negócios". Disse ter o selo verde de certificado superlativo, que garantiria a precisão da peça.

Cid também ressaltou que o aparelho nunca foi utilizado e que pretendia receber por volta de US$ 60 mil com a venda.

"Posso certificar que o relógio nunca foi usado. Pretendo receber por volta de $ 60.000 pela peça. Agradeço o retorno rápido. Mauro Cid", dizia a mensagem.

O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro está preso desde maio por ordem do Supremo Tribunal Federal sob suspeita de atuar na falsificação de certificados de vacina.

No dia 11 de julho, ocorreu o depoimento dele à CPI do 8 de janeiro. Na ocasião, porém, o militar se recusou a responder perguntas e leu uma mensagem na abertura da sessão. Ele relativizou as atribuições de seu posto no governo anterior e comparou o papel do ajudante de ordens ao de um secretário.

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