PGR aponta suspeita de corrupção de coronel da PM preso por 8 de janeiro

Subprocurador-geral cita indícios de desvio de recursos; defesa de militar não comenta

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Brasília

A PGR (Procuradoria-Geral da República) viu indícios de corrupção e de desvio de recursos por parte do ex-chefe do departamento operacional da Polícia Militar do Distrito Federal, Jorge Naime, preso desde fevereiro e acusado de omissão nos ataques golpistas de 8 de janeiro.

Naime era o chefe do setor responsável por elaborar o plano de segurança na capital federal para evitar os ataques golpistas. Ele foi exonerado do posto após os atos antidemocráticos, denunciado pela PGR e está preso após ser alvo da operação Lesa Pátria.

A Procuradoria pediu que o material que levantou as suspeitas de corrupção seja enviado para o Ministério Público do DF para que os fatos sejam apurados, já que não têm ligação com os ataques golpistas.

O coronel da PM-DF Jorge Eduardo Naime
Jorge Naime, ex-chefe do departamento operacional da Polícia Militar do Distrito Federal - Jefferson Rudy - 26.jun.2023/Agência Senado

Segundo a PGR, em ofício assinado pelo subprocurador-geral Carlos Frederico Santos, esses indícios de corrupção têm relação com recursos da Associação dos Oficiais da Polícia Militar do Distrito Federal.

O órgão diz que ele tinha relações aparentemente ilícitas com outro indivíduo, chamado Sérgio Assis, e que chegou a transportar R$ 1 milhão em espécie, de São Paulo para Brasília, em favor dele.

"Há indícios de que Naime tenha se utilizado da estrutura da Polícia Militar do Distrito Federal para promover 'escolta' no transporte de valores, bem como elementos da provável origem espúria dos recursos, além de potencial lavagem de dinheiro", diz a PGR.

"A movimentação de vultuosos valores em espécie, sem declaração correspondente e de forma não oficial, tem por propósito burlar os mecanismos de monitoramento antilavagem existentes de forma permanente no sistema financeiro, dificultando a identificação da origem, da localização, da propriedade e da própria movimentação dos valores."

Naime, que também era presidente da Associação dos Oficiais da Polícia Militar do Distrito Federal, firmou contratos com pessoas jurídicas ligadas a Sérgio Assis para supostos serviços de assessoria e marketing.

O valor mensal do contrato com a empresa era de R$ 8.900 e, depois de firmado, Naime passou a receber pagamentos de R$ 8.000 mensais.

"Naime, aparentemente, utilizava-se da posição de presidente da associação para desviar os recursos angariados pela entidade por meio da contribuição de seus próprios pares", diz a PGR.

"É possível, ainda, que o contrato tenha sido uma forma de desviar os recursos que, quando transferidos a Naime, funcionavam como recebimento de vantagem indevida em razão do cargo."

"Nesses moldes, além de se constatar evidente lesão contínua –por pagamentos sucessivos decorrentes de contrato simulado– aos associados da Associação dos Oficiais da PMDF, há indícios de corrupção por parte de Jorge Eduardo Barreto Naime", diz a PGR.

Procurada, a defesa de Jorge Naime ainda não se manifestou. A reportagem não conseguiu localizar a defesa de Sérgio Assis.

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