Cassado, Deltan se filia ao Novo ao lado de Zema e com provocações a Lula

Ex-procurador da Lava Jato será remunerado pelo partido e exibiu em evento o PowerPoint com acusações ao presidente

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

O ex-coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato Deltan Dallagnol se filiou neste sábado (30) ao partido Novo após deixar sua antiga sigla, o Podemos.

No encontro nacional da legenda, realizado em São Paulo, Deltan discursou em tom religioso, com ataques ao presidente Lula (PT) e a "governos corruptos de esquerda". Ele também projetou a apresentação de PowerPoint feita em 2016, pela qual foi condenado a indenizar o petista por danos morais.

"Esse PowerPoint está certo, ele é verdadeiro, mas não é o que eu quero mostrar para vocês. Esse aqui é muito caro, ele custa R$ 200 mil", disse antes de apresentar uma nova versão da apresentação com o nome do partido Novo ao centro ligado a frases como "nunca desiste do Brasil" e "contra ativismo e abusos do STF (Supremo Tribunal Federal)", um dos alvos das falas do ex-procurador.

O evento teve a presença de deputados e do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, recebido com gritos de "ole, olá, Zema". O governador é cotado para se lançar à Presidência da República em 2026.

O Novo informou que Deltan terá cargo remunerado, mas não detalhou o valor que será pago. Ele exercerá o posto de "embaixador" do partido.

Apresentação NOVO - Deltan Dallagnol
Deltan Dallagnol com representantes do partido Novo e o PowerPoint neste sábado (30), em São Paulo - Reprodução app.frame.io

Deltan atribuiu a uma parábola da Bíblia a decisão de entrar na política, soltou frases motivacionais sobre não desistir, exaltou a nova legenda e falou em "lutar contra os donos do poder".

"Os nossos adversários são os adversários do Brasil. A nossa luta é uma luta contra corruptos, incompetentes, é uma luta contra pessoas arbitrárias, contra criminosos e contra os donos do poder", afirmou.

Antes do ato de filiação, ele publicou um depoimento em vídeo afirmando ter decidido se filiar ao Novo por ter encontrado na legenda pessoas "patriotas e idealistas", que lutam por pautas em que acredita, citando "a defesa da família e da vida, o combate à corrupção, a oposição ao PT, limites para o STF, o aumento do emprego e da renda, a defesa da liberdade de expressão e a colocação de bandidos de todo o tipo na cadeia e não na residência da República".

Em outro vídeo do partido, compartilhado por Deltan nas redes para anunciar a filiação, a imagem do ministro do Supremo Alexandre de Moraes, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), aparece no momento em que a narração, feita pelo deputado federal Marcel van Hattem (Novo-RS), diz que "o sistema quer derrubar os heróis".

Deltan foi o mais votado do Paraná à Câmara em 2022, mas teve o mandato de deputado federal cassado por unanimidade em maio pelo TSE por ter deixado a carreira de procurador da República para entrar na política enquanto respondia a sindicâncias, reclamações disciplinares e pedidos de providências junto ao Conselho Nacional do Ministério Público.

Com isso, ele está impedido de concorrer nas próximas eleições. Deltan classificou a decisão, confirmada em junho pela Câmara dos Deputados, como "autoritária e ilegal".

Nas redes sociais, o Novo definiu Deltan como aquele que "comandou a maior operação de combate à corrupção da história, e conseguiu um feito inédito no Brasil: colocar políticos e poderosos atrás das grades".

Dias antes do ato de filiação, João Amoêdo, ex-presidente do Novo e hoje fora do partido, fez uma crítica à legenda, citando, entre outros pontos, que o partido fundado para melhorar a vida do cidadão por meio da gestão pública "se dispõe a filiar quem não é ficha limpa", o que classificou como estratégia oportunista de obter votos de eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Deltan não mencionou Bolsonaro em seu discurso de filiação. O ex-presidente recebeu o apoio dele nas eleições de 2022, assim como de integrantes do Novo, incluindo Zema.

Após perder o mandato, o ex-procurador foi convidado pelo Podemos, ao qual era filiado, para exercer uma função remunerada no partido, coordenando a formação de novos líderes políticos. Quando se filiou, em 2021, Deltan ganhou o cargo de vice-presidente estadual de seu antigo partido, com salário de R$ 15 mil.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.