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PDT intervém em disputa entre Ciro e Cid Gomes, e senador ameaça deixar partido

Executiva nacional aprova medida que retira Cid do comando no Ceará, em embate que envolve alinhamento com PT para 2024

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Rio de Janeiro

A executiva nacional do PDT aprovou na tarde desta sexta-feira (27) uma intervenção no diretório do Ceará, em tentativa de resolver a disputa que opõe os irmãos Cid e Ciro Gomes e envolve a estratégia do partido para as eleições municipais de 2024.

Derrotado na reunião tensa, que teve bate-boca e dedo em riste entre aliados dos dois irmãos, Cid ameaçou deixar o partido.

"Avisei que, se fosse cometida qualquer decisão arbitrária, eu entenderia como um convite para deixar o partido", disse o senador à Folha, após a reunião. "Para mim, foi uma decisão arbitrária. Como votam uma intervenção sem nem abrir um processo? É um convite para deixar o partido."

Cid Gomes (PDT) participa de ato de campanha de Ciro Gomes (PDT) em Sobral (CE)
Sem o irmão, Cid Gomes (PDT) distribui adesivos de Ciro Gomes (PDT) em Sobral (CE) na campanha eleitoral de 2022 - Reprodução/Instagram Cid Gomes

A reunião foi convocada para tentar pacificar o diretório, alvo de reviravoltas no último mês e cujo capítulo mais recente havia sido uma decisão judicial que validou a nova executiva local comandada pelo senador.

O resultado provocou confusão generalizada. O senador Cid Gomes reagiu com irritação e disse que sairá do partido "pela porta da frente". Presidente licenciado do PDT, o ministro Carlos Lupi respondeu que "já esperava".

"Entrei pela porta da frente e vou sair pela porta da frente, como eu sempre fiz", afirmou Cid. O senador, no entanto, disse que consultará seu grupo político sobre os próximos passos.

"Não tomo decisões isoladas. No Ceará, somos a maioria. Temos 5 de 6 deputados federais em exercício, 13 de 16 deputados estaduais e 50 de 57 prefeitos", completou.

"A decisão será tomada coletivamente. Há duas alternativas. Ou recorremos da decisão, ou entendemos que esse é um convite, grosseiro, para sairmos. Você não faz uma intervenção sem obedecer o devido processo legal."

Cid e seus aliados acusam o atual presidente do partido, deputado André Figueiredo, de romper acordo que havia sido firmado em julho sobre a direção do braço cearense do PDT. Ele havia se licenciado do cargo e cedido a presidência para Cid, com o compromisso de ser reconduzido em dezembro.

No entanto, Figueiredo decidiu antecipar a volta da licença após a divergência sobre os rumos do diretório, o que desencadeou a briga judicial. Para resolver o impasse, o presidente chamou a reunião da executiva que decidiu pela intervenção no diretório local.

O motivo da disputa é a divergência sobre o alinhamento com o PT no estado de olho nas eleições de 2024. O grupo de Cid Gomes defende que o partido faça parte de uma aliança ampla, enquanto a ala ligada a Ciro e a Figueiredo quer independência do PDT —apesar de o presidente licenciado da legenda, Carlos Lupi, ser ministro da Previdência do governo Lula.

Um jantar foi marcado na casa do deputado federal Mário Heringer (PDT-MG) para a noite desta sexta, no Rio, em mais uma tentativa de acalmar os ânimos dentro do partido. Pedetistas, no entanto, dizem que seria difícil superar as desavenças.

Cid disse que não iria participar e decidiu voltar para Fortaleza. Ele afirma que foi pego de surpresa com a intervenção. Outra possibilidade que ele vai analisar junto a seu grupo é se entra com um processo contra a presidência do partido para reverter a intervenção.

Já aliados de Figueiredo afirmam que a saída de Cid da sigla é dada como certa. Como Cid é senador, ele pode trocar de partido sem ser acusado de infidelidade partidária. No entanto, os deputados federais e estaduais que estão ao seu lado deverão esperar até a próxima janela partidária. Do contrário, correm o risco de perder o mandato.

Se Cid decidir deixar o partido, já uma sigla sendo ventilada para onde ele deve ir: o Podemos. No início do ano, o senador conversou com a presidente da legenda, a deputada federal Renata Abreu (SP).

A reunião desta sexta-feira eleva ainda mais os ânimos entre os irmãos Cid e Ciro Gomes. Segundo pedetistas próximos, os dois não estão se falando e têm evitado de comentar o nome um do outro. Durante a reunião, no entanto, entraram em rota de colisão.

O senador ficou em pé nos momentos em que falou na reunião, o que causou um clima tenso entre os presentes, segundo pedetistas do diretório nacional. Já Ciro elevou a voz para falar em diversos momentos.

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