Descrição de chapéu Governo Lula

Lula sai em defesa de Dino e diz que ministro é alvo de 'absurdos ataques'

Presidente diz que ministro cotado ao STF é vítima de 'disparatada mentira' no caso de visita de mulher de suposto líder do CV

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Brasília

O presidente Lula (PT) afirmou nesta quarta-feira (15) que o ministro Flávio Dino tem sofrido ataques "absurdos" e "artificialmente plantados" pelo fato de a esposa de um homem apontado como líder do Comando Vermelho do Amazonas ter participado de reuniões no Ministério da Justiça e Segurança Pública.

"Ele já disse e reiterou que jamais encontrou com esposa de líder de facção criminosa. Não há uma foto sequer, mas há vários dias insistem na disparatada mentira", escreveu Lula nas redes sociais.

Dino é um dos principais cotados para a indicação do presidente ao STF (Supremo Tribunal Federal), ao lado do ministro Jorge Messias (Advocacia-Geral da União). Nas últimas semanas, a disputa voltou a embaralhar em meio à resistência política no Senado e à ofensiva da oposição para desgastar o atual ministro da Justiça.

O presidente Lula e o ministro Flávio Dino (Justiça) conversam durante evento no Palácio do Planalto - Pedro Ladeira/Folhapress

Lula ainda disse que o Ministério da Justiça tem coordenado ações de "enorme importância para o país" na defesa da democracia e no enfrentamento ao crime organizado, entre outras frentes.

"Essas ações despertam muitos adversários, que não se conformam com a perda de dinheiro e dos espaços para suas atuações criminosas. Daí nascem as fake news difundidas numa clara ação coordenada", completou Lula.

"Nós reiteramos: não haverá recuos diante de criminosos e seus aliados, estejam onde estiverem, sejam eles quem forem", concluiu.

As críticas a Dino foram acentuadas com a revelação de que Luciane Barbosa Farias participou de duas audiências no Ministério da Justiça e Segurança Pública. Ela é casada com Clemilson dos Santos Farias, conhecido como Tio Patinhas, suspeito de ser um dos principais criminosos do Amazonas. Ele está preso desde dezembro de 2022. O caso foi antecipado pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Luciane se encontrou com o secretário de Assuntos Legislativos da pasta, Elias Vaz, em agenda em março. Tratava-se de uma reunião solicitada pela ex-deputada estadual do Rio de Janeiro Janira Rocha, atual vice-presidente da Comissão de Assuntos Penitenciários da Anacrim (Associação Nacional da Advocacia Criminal) do estado, na qual Luciane foi levada a tiracolo.

Presidente da Associação Instituto Liberdade do Amazonas, ela também participou de reunião com Rafael Velasco, secretário da Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penais), também vinculada ao Ministério da Justiça.

O ministro Flávio Dino negou ter se encontrado com a esposa de membro do Comando Vermelho.

"Nunca recebi, em audiência no Ministério da Justiça, líder de facção criminosa, ou esposa, ou parente, ou vizinho. De modo absurdo, simplesmente inventam a minha presença em uma audiência que não se realizou em meu gabinete", disse o ministro, nas redes sociais.

O caso fez crescer as críticas à possível escolha de Lula por Dino na disputa pelo STF. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), por exemplo, acionou a PGR (Procuradoria-Geral da República) pedindo o afastamento do ministro em razão do caso.

Em entrevista coletiva na terça (14), Luciane disse que levou ao Ministério da Justiça um "dossiê sobre as mazelas do sistema prisional". "O secretário não sabia quem é meu esposo", completou.

Ela afirmou que seu trabalho é ajudar internos do sistema penitenciário e seus familiares contra violações de direitos humanos e que "pessoas" usam sua "cabeça como Cristo para atacar o ministro Dino".

"Não sou faccionada", disse. "Meu esposo está pagando pelo crime dele, mas somos criminalizados por ser familiar de preso. Vou continuar a fazer o meu trabalho. Sou brasileira, cidadã, não estava impedida de entrar em lugar nenhum, tenho direito de ir e vir."

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