Deputado do PT dá tapa em bolsonarista no plenário e diz: 'Comigo a porrada canta'; ouça áudio

Washington Quaquá diz à Folha que foi agredido primeiro: "Dou um, dou dois, dou três"

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Brasília

O deputado federal Washington Quaquá (PT-RJ) deu um tapa no rosto do deputado federal bolsonarista Messias Donato (Republicanos-ES) durante a promulgação da Reforma Tributária nesta quarta-feira (20).

O parlamentar petista disse à Folha que foi agredido primeiro: "Dou um, dou dois, dou três, não tenho problema nenhum [...]. Comigo a porrada canta".

A confusão ocorreu em meio às vaias e gritos em apoio ao presidente Lula (PT), que estava no plenário da Câmara dos Deputados para a cerimônia.

O deputado Washington Quaquá (PT-RJ) disse após a agressão que, com ele, a "porrada canta" - Ricardo Borges/Folhapress

O caso foi flagrado por parlamentares que filmavam a sessão. O vídeo mostra Washington Quaquá discutindo com colegas, gravando com o celular e dizendo que iria "representar na Comissão de Ética" contra os deputados pelo desrespeito com o presidente.

Quaquá ainda chamou o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) de "viadinho" e, com o dedo em riste, confirmou duas vezes o que havia dito.

Na sequência, Messias Donato puxou o braço do petista, em aparente tentativa de retirar o celular da mão do parlamentar. Em troca, Quaquá deu um tapa no rosto do deputado capixaba.

O ato foi seguido de um bate-boca entre deputados e pedidos para que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), interviesse no caso. A Mesa da Câmara somente disparou alarmes, e deputados afastaram os colegas envolvidos na confusão.

Questionado pela Folha, Quaquá disse que não se arrepende da agressão ao colega.

"Primeiro que [o Messias] não é meu colega, um abusado bolsonarista, que estava xingando o Lula. Eu fui gravar para produzir prova para uma representação no Conselho de Ética", disse o deputado.

Na sequência, segundo Quaquá, o deputado Nikolas "me chamou de ladrão, [disse] ‘vocês são todos ladrões, você é um ladrão’. Eu chamei ele de viadinho", confirmou.

"E esse tal de Messias —que eu nem sei quem é—, que estava xingando o Lula, pega no meu braço, tenta tomar o meu telefone e me empurra. Ele toma um tapa no meio da cara. Dei um, dou dois, dou três, não tenho problema nenhum. Se me agredir, eu agrido eles. Estão acostumados a querer dar uma de machão, de bater nos outros, os bolsonaristas, comigo a porrada canta. Dei-lhe um tapa na cara, e um bem dado", concluiu.

Messias Donato escreveu nas redes sociais que Quaquá "não ficará impune" diante da agressão. Ele ainda ironizou: "O tapa do amor, porque o amor venceu o ódio!".

Mais tarde, ele subiu à tribuna do plenário da Câmara e chorou algumas vezes, se dizendo ameaçado e abalado psicologicamente. Veja o vídeo:

A liderança do Republicanos na Câmara disse, em nota, que repudia o "lamentável incidente ocorrido durante Sessão Solene do Congresso Nacional, na qual o deputado foi agredido verbal e fisicamente por outro colega parlamentar".

"É inaceitável que atos de violência encontrem espaço na nossa democracia, especialmente no recinto sagrado da representação popular. O respeito mútuo e a civilidade devem ser pilares fundamentais no trabalho legislativo", continua a nota, assinada pelo líder do partido, Hugo Motta (PB).

"Exortamos a Câmara dos Deputados a adotar as medidas necessárias para apuração de responsabilidades", conclui.

A promulgação da reforma tributária foi marcada por apupos e apoios a Lula. O petista chegou a rir da situação em determinados momentos; Arthur Lira fazia gestos de reprovação com a cabeça e apontou repetidamente para o olho, em sinal de que estava observando a situação.

No início do discurso, o presidente da Câmara chegou a dar uma bronca nos parlamentares pelo embate no plenário.

"Era um dia que, eu imaginava, seria de consagração desta Casa, do Congresso Nacional. Com respeito. Toda a situação que os nossos cargos exigem. Respeito a quem pensa diferente. O que eu pediria nesta Casa é que o que aconteceu, aconteceu, mas que nós terminássemos essa sessão com o maior respeito possível", apelou.

"Ninguém tem mais prazer em defender esta Casa do que eu. Essa Casa representa o Brasil, é a Casa do Povo. É um dia histórico para essa Casa e, portanto, meus amigos e amigas, vamos guardar nossas convicções para sessões normais no Plenário, às quais a gente trata com todo o respeito", completou Lira.

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