Saiba quem é Alexandre Ramagem, alvo da PF em operação sobre software espião

Deputado federal pelo PL foi diretor da Abin no governo de Jair Bolsonaro

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São Paulo

Deputado federal pelo PL e pré-candidato do partido à Prefeitura do Rio de Janeiro, Alexandre Ramagem foi alvo nesta quinta-feira (25) de operação da Polícia Federal que investiga o uso de um software espião pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência) durante o governo Jair Bolsonaro.

Ramagem, 51, foi chefe da agência no período em que monitoramentos ilegais feitos com o software FirstMile teriam ocorrido.

Segundo a investigação da PF, ele também teria sido pressionado por dois agentes da Abin, que ameaçaram divulgar o uso ilegal do software se fossem demitidos em razão de um processo que apurava uma fraude licitatória no Exército.

O então diretor da Abin, Alexandre Ramagem
Alexandre Ramagem, ex-chefe da Abin e atual deputado federal pelo PL do Rio de Janeiro - Pedro Ladeira - 22.10.20/Folhapress

No total, a operação desta quinta tem como alvo sete policiais. Ela é uma continuação da Última Milha, iniciada em outubro de 2023, e foi autorizada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.

Conforme a PF, o objetivo da ação é investigar uma "organização criminosa que se instalou na Abin com o intuito de monitorar ilegalmente autoridades públicas e outras pessoas, utilizando-se de ferramentas de geolocalização de dispositivos móveis sem a devida autorização judicial".

Veja quem é Alexandre Ramagem, ex-chefe da Abin e atual deputado federal pelo PL investigado pela Polícia Federal.

Delegado da PF

Delegado da PF desde 2005, Ramagem comandou a Divisão de Administração de Recursos Humanos, a de Estudos, Legislações e Pareceres e coordenou eventos como a Conferência das Nações Unidas Rio+20 (2012) e a Copa do Mundo (2014).

Na Operação Lava Jato, ele integrou a equipe responsável pela investigação e inteligência de polícia judiciária, em 2017. Em uma das ações ocorreu a prisão de integrantes da cúpula da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

Em 2018, assumiu a Coordenação de Recursos Humanos da Polícia Federal, como substituto. Em seguida, foi para Secretaria de Governo.

Ramagem também conduziu uma operação que gerou o primeiro relatório sobre Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) investigado por atuar em "rachadinhas" no gabinete do político na Assembleia fluminense.

Clã Bolsonaro

O ex-diretor geral da Abin é considerado um homem de confiança da família Bolsonaro. Ele se aproximou do ex-presidente e de seus filhos em 2018, ano em que fez a segurança de Bolsonaro, então candidato a presidente.

Ramagem também é próximo do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ). O filho 02 do ex-presidente teria sido um dos responsáveis por validar sua indicação ao cargo de diretor da Abin, que Ramagem assumiu em junho de 2019.

Antes de entrar no cargo, Ramagem era assessor especial da Secretaria de Governo do general Carlos Santos Cruz.

Ele saiu da Abin em março de 2022 para concorrer as eleições, tendo sido eleito deputado federal pelo PL com 59 mil votos.

Nomeação suspensa

Em abril de 2020, Ramagem chegou a ser escolhido pelo ex-presidente para comandar a Polícia Federal, mas teve a nomeação suspensa pelo STF.

Na época em que Bolsonaro tentou colocar Ramagem no cargo, o então ministro da Justiça Sérgio Moro acusou o ex-presidente de querer trocar a direção da PF para ter acesso a conteúdo confidencial da organização.

Também no período, a PF havia identificado Carlos como articulador de um esquema de fake news.

Bolsonaro já rebateu críticas sobre o fato de querer nomear para o comando da PF alguém que tinha relação próxima com os filhos.

"E daí? Antes de conhecer meus filhos eu conheci o Ramagem. Por isso, deve ser vetado? Devo escolher alguém amigo de quem?", afirmou Bolsonaro na época.

Deputado federal e prefeitura do Rio

Em 2022, Ramagem deixou a Abin para candidatar-se à Câmara dos Deputados pelo Rio, eleito com 59 mil votos com apoio de Bolsonaro. No cargo, é um dos integrantes da tropa de choque do ex-presidente, e foi um dos responsáveis pela produção do relatório paralelo da CPI do 8 de janeiro.

O documento do deputado pedia o indiciamento de Lula (PT) e do futuro ministro do STF, Flavio Dino, por omissão no dia dos ataques.

É cotado para a prefeitura carioca com a indicação do ex-mandatário. Seu nome virou opção após o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) declarar o ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto (PL) inelegível pelas festividades do 7 de Setembro, quando era candidato à Vice-presidência na chapa de Bolsonaro.

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