Descrição de chapéu Rio de Janeiro

Cláudio Castro exonera vice de secretaria e expõe crise no governo do Rio

Thiago Pampolha perde o cargo após se filiar ao MDB em movimento mal visto pelo governador

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Rio de Janeiro

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), exonerou nesta segunda-feira (4) o seu vice, Thiago Pampolha (MDB), da Secretaria do Ambiente, expondo a crise gerada no governo após a troca de partido do antigo aliado.

O governador comunicou ao vice que ele poderia ser acomodado em alguma das duas pastas sob indicação do MDB, seu novo partido. A nomeação anterior era vista como uma cota pessoal de Castro, status perdido pelo antigo aliado.

O governador Cláudio Castro (PL) e o vice Thiago Pampolha em evento do governo estadual em Volta Redonda, em outubro passado - thiagopampolha.rio no Instagram

Pampolha entrou na mira após trocar a União Brasil pelo MDB no início do ano. A mudança de partido do vice já era prevista, mas o momento em que ela foi feita gerou mal-estar no Palácio Guanabara. A migração ocorreu semanas depois de o STJ (Superior Tribunal de Justiça) avançar nas investigações contra Castro.

Também foi mal visto o fato de os principais articuladores da mudança serem membros da ala do MDB mais próxima ao presidente Lula, como o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB). Castro é aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Para o lugar de Pampolha, Castro escolheu Bernardo Rossi (Solidariedade), que ocupava a Secretaria de Governo. O ex-deputado André Moura vai ocupar essa pasta, acumulando a chefia da representação do governo em Brasília, que já exerce.

A movimentação de Pampolha teve como pano de fundo a disputa ao governo. O vice tem a expectativa de estar no comando do Palácio Guanabara durante as eleições de 2026, tendo em vista que Castro almeja se candidatar ao Senado, o que o obrigaria a renunciar em março daquele ano.

O vice-governador, porém, temia não ter espaço na União Brasil, que ficará nas mãos do presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar —que está de mudança do PL e visto como um potencial candidato.

Em reação, Bacellar apresentou ao governador a opção de não deixar o cargo em 2026, tendo como garantia uma vaga no Tribunal de Contas do Estado.

Pampolha se filiou em fevereiro em ato sem a presença de Castro, indicando o distanciamento entre os dois. Ele tentou minimizar a crise, afirmando existir apenas a intenção de "pessoas que querem criar atrito onde não existe". Disse que precisava definir seu destino para as eleições municipais, a fim de orientar aliados nos municípios.

Os dois se encontraram no camarote do governo na Sapucaí e divulgaram fotos juntos a fim de demonstrar o fim da crise, mas a festa não foi o suficiente para aparar as desconfianças sobre a movimentação.

Procurado após a exoneração, Pampolha não retornou aos contatos da reportagem. Castro também não se manifestou.

Em 2022, Pampolha foi escolhido vice já durante a campanha eleitoral, após o ex-deputado Washington Reis, do MDB, ser vetado pela Justiça Eleitoral em razão da Lei da Ficha Limpa.

Com atuação discreta, ele vinha sendo apontado por Castro como sucessor natural. Contudo, a possível pretensão de Bacellar, aliado do governador, em disputar o cargo sempre gerou dúvidas no vice sobre o real apoio para a empreitada.

O governador, por sua vez, enfrenta delicado momento político após o STJ autorizar a quebra de seus sigilos bancários, fiscais e telemáticos e buscas contra três nomes de sua confiança, entre eles o irmão de criação Vinicius Sarciá Rocha. O inquérito trata de possíveis fraudes em programas assistenciais do estado. Castro sempre negou ter cometido qualquer irregularidade.

Sarciá Rocha renunciou em janeiro do cargo de presidente do Conselho de Administração da AgeRio (agência de fomento fluminense). Além das mudanças nas secretarias, o governador deve também mudar o comando do órgão.

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