Ex-deputado que apalpou Isa Penna se filia ao PSDB para disputar prefeitura

Fernando Cury recorre de condenação por importunação sexual e terá evento de filiação em Itatinga no sábado

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São Paulo

O ex-deputado estadual Fernando Cury, que foi condenado em primeira instância por importunação sexual contra a também ex-deputada Isa Penna (PC do B-SP), deve ser candidato pelo PSDB à Prefeitura de Itatinga (226 km da capital paulista).

Um evento de filiação organizado pelo diretório municipal do PSDB está marcado para este sábado (6). Na Justiça Eleitoral, o ex-deputado, que era da União Brasil, já consta como filiado ao PSDB desde o último dia 12.

Fernando Cury, quando exercia mandato de deputado estadual na Assembleia de São Paulo - Bruna Sampaio - Divulgação Alesp

Como adiantou a Folha, Cury foi condenado, em dezembro passado, a 1 ano e 2 meses de prisão em regime aberto pela 18ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo. Ele recorre da decisão.

A pena de prisão, porém, foi substituída por multa de 20 salários mínimos a serem doados a uma entidade pública ou privada e prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período da pena. A substituição é prevista no Código Penal em caso de penas inferiores a quatro anos quando o réu não é reincidente. A condenação não tornou Cury inelegível.

Em 16 de dezembro de 2020, Cury, 44, foi flagrado pelas câmeras da Assembleia Legislativa de São Paulo se aproximando de Isa por trás e apalpando a lateral do seu corpo durante uma sessão plenária.

Procurada pela reportagem, a presidente do PSDB de Itatinga, Alexsandra Pinto, afirmou que a candidatura dele ainda é avaliada pelo partido, mas disse que Cury deve ser pré-candidato a prefeito.

Cury, por sua vez, ainda não respondeu à reportagem, assim como o presidente estadual do PSDB, Paulo Serra.

O ex-deputado tinha como residência e base eleitoral a cidade de Botucatu, a 36 km de Itatinga. Enquanto Botucatu tem cerca de 145 mil habitantes, Itatinga tem cerca de 20 mil.

Em suas redes sociais, Cury já se identifica como pré-candidato a prefeito de Itatinga. Em 8 de março, ele publicou um vídeo mudando seu domicílio eleitoral para a cidade, onde ele teve a maior votação na eleição de 2022, segundo o post.

"Espero ter a oportunidade de contribuir com bons debates para o futuro da cidade nesse período que antecede as eleições e também quero construir em parceria e de mãos dadas com a população um plano de governo para apresentarmos para toda comunidade itatinguense", publicou.

Alexsandra Pinto afirma que a condenação não deve atrapalhar a eventual campanha de Cury no sentido de afastar eleitores. "Ele foi um bom deputado para a região. E admitiu que errou, pagou pelo que fez, está recorrendo. Ele diz que foi um momento infeliz, que ele não teve intenção", diz.

Em 2022, quando respondia ao processo e já tinha sido punido pela Assembleia de São Paulo com seis meses de afastamento, Cury não conseguiu se reeleger deputado estadual pela União Brasil. Na época do episódio, ele era filiado ao Cidadania, mas o partido o expulsou em novembro de 2021.

No convite do ato de filiação que circula no WhatsApp, Cury é descrito como "o deputado que mais fez por Itatinga". O convite afirma que ele destinou R$ 7 milhões para um hospital, uma escola, obras na rodovia e novos veículos para a cidade, entre outros.

Na sentença, a juíza Danielle Galhano Pereira da Silva afirma que a "conduta de Cury se enquadra perfeitamente nos conceitos apresentados de violência política de gênero, na medida em que ele, enquanto deputado estadual, praticou uma violência sexual contra a vítima, também deputada estadual, em uma sessão plenária [...], causando a ela humilhação e impotência, com o fim [de] limitar sua participação política".

A defesa de Cury afirma não ter havido ato libidinoso. "Não ocorreu toque em regiões de maior intimidade da vítima, muito menos forçado; houve apenas um superficial e simples abraço" que não permite inferir "de forma nenhuma que foi movido por um instinto de satisfazer a libido", diz trecho das alegações finais.

Aponta ainda a defesa que "nenhuma testemunha afirmou ter presenciado o acusado ter tocado o seio da vítima" e que a perícia da polícia realizada nas imagens do plenário concluiu não ser possível "determinar com convicção ter havido qualquer tipo de apalpação dos seios".

Já a juíza considerou que "não prosperam as alegações da defesa de que o crime não ocorreu, pois todos os elementos de prova conduzem à conduta delitiva" de Cury.

Para a magistrada, o depoimento da ex-deputada foi corroborado pelas testemunhas e pelas imagens, que "não deixam dúvidas de que ele [Cury] importunou sexualmente a vítima, para atender sua lascívia, a abraçando por trás, encostando na vítima sem o seu consentimento, colocando a mão em seus seios, ainda que levemente e rápido".

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