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João Campos filia secretários a partidos aliados e cria alternativas ao PT por vice no Recife

Quatro secretários do prefeito são cotados para a vice na chapa; PT mantém pleito e quer indicação

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Recife

O prefeito do Recife, João Campos (PSB), articulou a filiação de quatro secretários municipais a partidos aliados como alternativas para a vaga de vice na chapa dele que buscará a reeleição nas eleições de outubro.

As filiações, durante a janela partidária encerrada no sábado (6), acontecem no momento em que o prefeito é pressionado pelo PT, que quer preencher a vaga na expectativa de assumir a prefeitura em caso de renúncia do prefeito para ser candidato a governador em 2026 ou de ter apoio dele para um eventual candidato petista no enfrentamento contra a governadora Raquel Lyra (PSDB).

O PSB prefere que um aliado de confiança de João Campos e com perfil para virar prefeito seja o vice do prefeito. Na visão do partido, os quatro secretários que se aliaram a partidos da base de João Campos se encaixam nesses critérios.

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante anúncio de obras de contenção de encostas no Recife ao lado do prefeito João Campos - Ricardo Stuckert/Divulgação

Entraram em partidos, na reta final do prazo de filiação, os secretários municipais de Finanças, Maíra Fischer (União Brasil); Infraestrutura, Marília Dantas (MDB); de Planejamento, Felipe Matos (Republicanos); e o chefe de gabinete, Victor Marques (PC do B), que também tem status de secretário.

Victor Marques tem perfil mais político, embora não tenha disputado mandatos. Ele é considerado o braço direito de João Campos. Ambos são engenheiros. Também é amigo do prefeito há anos e de extrema confiança dele. O PC do B, partido ao qual Victor agora é filiado, foi vice de Geraldo Julio no Recife de 2013 a 2020 e de Paulo Câmara em Pernambuco de 2015 a 2022.

Marília Dantas comanda uma pasta com Orçamento de R$ 1 bilhão por ano e as obras com mais impacto na cidade, como encostas em morros, pontes e calçamento de ruas. Ela foi presidente da Emlurb, estatal que cuida da limpeza urbana na gestão do ex-prefeito Geraldo Julio (PSB).

Maíra Fischer é responsável pelas finanças da prefeitura. Ela foi chamada por João Campos quando era secretária-executiva de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco no governo Paulo Câmara, à época do PSB.

Felipe Matos tem perfil mais discreto, mas é tido na prefeitura como o responsável pelas inovações digitais e é responsável pelas parcerias público-privadas da gestão. Ele é oriundo da iniciativa privada e está no governo João Campos desde o início em 2021.

João Campos externou publicamente que pretende definir apenas o nome para a vice na chapa apenas em julho, após o início das convenções partidárias, que se estendem até o começo de agosto. Entretanto, a definição pode ser antecipada para o início de junho, quando secretários que vão disputar eleições para prefeito ou vice precisam deixar seus cargos.

Com as filiações, João Campos buscou também prestigiar os partidos aliados. O MDB anunciou apoio à sua reeleição recentemente, enquanto o Republicanos é chefiado pelo ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, que é definido nos bastidores como "uma coisa só" junto com João Campos, em razão da unidade dos dois na atuação política. O PC do B é aliado histórico, ao ponto de já ter divergido do PT, principal aliado no plano nacional, para ficar ao lado do PSB em Pernambuco.

Ainda no páreo, o PT —até agora o partido que mais se mostra interessado em ocupar a vice— tem dois nomes como pré-candidatos à vaga: o assessor do Ministério das Relações Institucionais, Mozart Sales, e o deputado federal Carlos Veras (PE).

Mozart tem apoio da maioria no diretório municipal do partido no Recife, do ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e da senadora Teresa Leitão (PT-PE), enquanto Veras é aliado do senador Humberto Costa (PT-PE).

Os petistas de Pernambuco dizem que o presidente Lula (PT) poderá ser decisivo na tentativa de convencer João Campos a colocar um integrante do PT como vice.

O entorno do prefeito diz que, se Lula insistir, o chefe do Executivo municipal jamais diria não ao presidente, mas há dúvidas tanto no PT quanto no PSB se Lula estaria disposto a se mostrar irredutível no assunto.

Um fator que atrapalha o PT, reconhecido no próprio partido, é a divisão. Por isso, os movimentos para buscar uma unificação foram ampliados nas últimas semanas, ainda sem êxito.

No Recife, o PT abriu inscrições para a candidatura a vice-prefeito, mesmo sem ter a certeza de que ocupará a vaga. O episódio foi entendido como uma pressão sobre o prefeito, que não deu sinais de que acatará o calendário petista, que queria definir a situação até o fim de abril.

Desde o início de março, João Campos articulou os apoios de MDB, Avante e Solidariedade à sua reeleição. No caso do Solidariedade, ele fez as pazes com a ex-deputada Marília Arraes após os primos de segundo grau terem trocado farpas durante a disputa do segundo turno nas eleições do Recife em 2020, quando ela estava no PT. Marília quer ser candidata ao Senado numa eventual chapa de João Campos como candidato a governador em 2026.

A próxima batalha envolve a União Brasil, mas o prefeito está confiante na aliança, mesmo com o deputado federal Mendonça Filho, desafeto do PT, na presidência da legenda no Recife. O fato da secretária Maíra Fischer ter sido aceita como filiada do partido já é um indicativo de que as tratativas estão avançadas.

O prefeito conta com o ex-prefeito de Petrolina Miguel Coelho como voz na União Brasil a seu favor e diz acreditar que haverá um acordo no Recife, mesmo se Mendonça Filho tiver posição pessoal diferente. Coelho que quer disputar o Senado em 2026 numa eventual chapa de João.

Na oposição, os principais candidatos são o ex-ministro do Turismo Gilson Machado Neto (PL) e o secretário de Turismo do Governo de Pernambuco, Daniel Coelho, recém-filiado ao PSD, que tem apoio de Podemos, PP e da federação PSDB/Cidadania, da governadora Raquel Lyra.

O deputado federal Túlio Gadêlha (Rede) e a deputada estadual Dani Portela (PSOL) disputam a candidatura na federação entre os dois partidos. Dani tem a maioria no diretório em Pernambuco, mas Túlio articula para obter aval da direção nacional da federação para ser candidato. Caso se viabilize, deverá ter apoio do PDT.

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