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Bolsonaro sela apoio a pré-candidatura de irmão de Gilmar e fala com ministro ao telefone

Francisco Mendes, da União Brasil, será candidato em Diamantino (MT) com o apoio do PL; aliado diz que ex-presidente buscou aparar arestas

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Salvador e Cuiabá

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) selou seu apoio à candidatura do irmão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes à Prefeitura de Diamantino (182 km de Cuiabá).

Prefeito da cidade de 2001 a 2008, Francisco Mendes (União Brasil) tentará voltar ao cargo nas eleições de outubro em aliança com o PL, partido que deve indicar o candidato a vice-prefeito.

A iniciativa de visitar Diamantino, município com apenas 22 mil habitantes, partiu de Bolsonaro. O ex-presidente desembarcou na cidade na tarde desta segunda-feira (8), horas após participar de um ato político na capital mato-grossense.

A aliança foi firmada em um encontro político na casa de Francisco Mendes, em Diamantino, que incluiu uma rápida conversa por telefone entre Bolsonaro e Gilmar Mendes.

Foto mostra Bolsonaro sentado em uma mesa onde é servido um churrasco de porco.
Jair Bolsonaro come churrasco com empresário Reinaldo Moraes (de barba) do senador Wellington Fagundes (de boné) e do candidato a prefeito de Diamantino, Francisco Mendes (sentado, de camisa verde) - Victor Zaiden/Divulgação

Aliados de Bolsonaro afirmam que a visita foi um gesto para aparar arestas com o ministro. Nas últimas semanas, Gilmar fez comentários sobre ações que envolvem o ex-presidente na corte e falou em provas contra Bolsonaro no caso que apura a falsificação de certificados de vacinas contra a Covid-19.

As falas antecedem a abertura no tribunal de processos contra Bolsonaro e levantam questionamentos sobre possível prejulgamento e quebra da imparcialidade.

"Se houve alguma aresta entre os dois, acredito que isso [a aliança] representa uma aproximação", afirma o senador Wellington Fagundes (PL-MT), que intermediou a conversa entre Bolsonaro e Gilmar ao telefone.

Nas últimas semanas, Fagundes também foi o responsável por articular uma agenda entre o ministro do STF e o senador Sergio Moro (União Brasil-PR), que enfrenta um processo de cassação de seu mandato no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná por suposto abuso de poder econômico.

Bolsonaro e Francisco Mendes participaram de um ato conjunto no aeroporto da cidade, onde o ex-presidente foi recebido por uma multidão vestida de verde e amarelo. Os dois também visitaram o comércio local, onde comeram um pastel.

Bolsonaro esteve na residência de Chico Mendes acompanhado de parlamentares de Mato Grosso, onde conversaram sobre a cidade e a política.

Durante o café, o senador Wellington Fagundes mandou uma mensagem a Gilmar, irmão de Chico, informando da presença de Bolsonaro e seu apoio na disputa deste ano.

O decano do STF ligou para o senador e pediu para falar com o ex-presidente, com o qual conversou por um minuto. A conversa foi rápida, mas descontraída: Bolsonaro estava sorridente e chegou a reclamar do calor da cidade para o magistrado.

Em conversa com a Folha, Francisco Mendes negou que a aliança representaria uma aproximação entre Bolsonaro e Gilmar.

"Não acredito nisso, até porque não tem nada a ver. Eu atuo apenas na política e não no Judiciário. O ex-presidente estava por aqui em agenda política e decidiu me visitar. Apenas isso", disse.

Francisco também afirmou que o pedido de agenda partiu do ex-presidente: "Foi uma visita tranquila. A assessoria dele me ligou e perguntou se podia passar aqui em casa, e eu aceitei."

A cidade de Diamantino, que também já foi governada pelo pai e pelo avô de Gilmar, se tornou um reduto bolsonarista nos últimos anos. Em 2022, Bolsonaro teve 62,9% dos votos válidos contra 37,1% de Lula no município. Em 2000 e em 2004, o irmão do ministro foi eleito, respectivamente, pelo PSB e pelo PPS (atual Cidadania).

Depois do encontro na casa do irmão de Gilmar, Bolsonaro participou de um jantar e pernoitou na fazenda do empresário Reinaldo Moraes, conhecido como o "Rei do Porco".

O empresário coordenou a campanha do ex-presidente em Mato Grosso em 2022. Dois anos antes, disputou a eleição suplementar ao Senado pelo PSC e terminou em penúltimo lugar.

Na época, ele foi o candidato mais rico na disputa, apresentando um patrimônio de R$ 158,2 milhões.

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