Descrição de chapéu Eleições 2024 Governo Lula

Lula evita pedir voto, mas reforça estratégia eleitoral de Boulos e critica Nunes e Tarcísio

Presidente exalta Marta, diz não poder citar pré-candidato do PSOL após condenação e culpa ausência de prefeito e governador para adiar assinatura sobre metrô

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São Paulo

O presidente Lula (PT) dividiu palanque com Guilherme Boulos (PSOL) em dois eventos do governo federal neste sábado (29) em São Paulo, reforçou a estratégia eleitoral do seu aliado, mas evitou pedido de voto e disse não poder citá-lo após ter sido condenado por campanha antecipada no 1º de Maio.

Pela manhã, na zona leste, Lula exaltou a ex-prefeita e vice de Boulos, Marta Suplicy (PT), e disse haver preconceito contra quem adota políticas sociais a favor dos mais pobres. O discurso vai em sintonia com a tentativa do pré-candidato do PSOL à prefeitura de se contrapor ao ex-Rota e coronel da reserva Ricardo Mello Araújo (PL), escolhido para a vice de Ricardo Nunes (MDB).

O presidente Lula com a ex-prefeita Marta Suplicy (PT) e o deputado Guilherme Boulos (PSOL) em evento em São Paulo - Marlene Bergamo/Folhapress

À tarde, na zona sul, o presidente criticou a ausência de Nunes e do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em evento sobre a expansão da linha 5 do metrô. Lula disse que gostaria de assinar a contratação da estação no Jardim Ângela, mas que "o prefeito, que nos deu o terreno, não veio", assim como o chefe do Executivo estadual e, por isso, adiaria a iniciativa.

"É importante a gente fazer isso junto com o governador e com o prefeito. Quando a gente quer fazer investimento, a gente não se preocupa de que partido é o governador", afirmou Lula, em referência ao aliado de Jair Bolsonaro (PL). Apesar da presença de Boulos no palanque, que ouviu gritos de "prefeito" do público em meio ao clima de campanha, o petista disse que não poderia citá-lo depois da condenação pelo 1º de Maio.

O presidente Lula (PT) no anuncio da extensão do metrô para o Jardim Ângela, em SP; evento contou também com Boulos (PSOL) e Alckmin (PSB)

Tarcísio está em viagem, enquanto Nunes afirmou que os eventos têm sido tratados pelo presidente como atos políticos.

De manhã, o presidente não citou Boulos e se referiu a Marta como "a mulher que criou os CEUs e transporte integrado" e que "fez uma gestão extraordinária". Disse que a ex-prefeita "cuidou muito das pessoas mais pobres" e que ela foi derrotada em sua tentativa de reeleição em 2004 em razão de preconceito.

"A única coisa que justifica [a derrota de Marta] é o preconceito contra as pessoas que fazem política dando preferência para os pobres", afirmou Lula. Na quinta (27), ao criticar Bolsonaro e a derrota do rival em 2022, ele afirmou que "quem está na Presidência [da República] só perde a eleição se for incompetente".

Apesar de destacar a "preferência" pelos pobres, Lula disse querer "governar para o povo brasileiro" de modo geral, inclusive "para que os empresários ganhem dinheiro". "Quero que a economia cresça, que todo mundo cresça", afirmou ele, dizendo que "vivemos um bom momento, as coisas estão indo muito bem".

Nos dois eventos, repetiu a expressão "eu não sou o pai dos pobres": "Eu sou um pobre que chegou à Presidência da República por causa dos pobres desse país que me elegeram".

Pela manhã, antes do discurso do presidente, Boulos, no mesmo palanque, deu recados indiretos a Nunes ao criticar o tratamento diferente dado a moradores da periferia e de bairros ricos.

Escolhido para a chapa de vice do atual prefeito, Mello Araújo defendeu em 2017 ao UOL diferença de tratamento em abordagens policiais nos Jardins e na periferia.

"É uma outra realidade. São pessoas diferentes que transitam por lá. A forma dele abordar tem que ser diferente. Se ele [policial] for abordar uma pessoa [na periferia], da mesma forma que ele for abordar uma pessoa aqui nos Jardins [região nobre de São Paulo], ele vai ter dificuldade. Ele não vai ser respeitado", disse Mello Araújo na época.

"Enquanto tem gente que ainda hoje acha que um morador da periferia tem que ser tratado diferente do morador dos Jardins, nós que estamos aqui temos a certeza e a convicção de que o morador de Itaquera e Cidade Tiradentes tem que ser tratado com o mesmo respeito que o morador dos Jardins, do Morumbi ou de qualquer bairro rico desta cidade. Esta é diferença. É isto que está em jogo", afirmou Boulos no palanque com Lula.

Além da contraposição à fala de Mello Araújo, Boulos fez críticas ao modelo de escolas militares, defendido por Tarcísio e por Nunes. "Papel de militar não é dentro de sala de aula. Acho lamentável que o atual prefeito de São Paulo cumpra de maneira descriteriosa a ideia de escolas militares que o governador está fazendo."

Em entrevista, o pré-candidato do PSOL também rebateu críticas de Nunes de que os eventos deste sábado seriam atos políticos, não de governo. "O atual prefeito se tornou refém de Bolsonaro. Tem medo de aparecer em evento do governo federal e ser atacado por bolsonaristas."

Guilherme Boulos (PSOL) em palanque com o presidente Lula em São Paulo - Marlene Bergamo/Folhapres

Lula e Boulos dividiram palanque em cerimônias de inauguração de novos campi de institutos federais e expansão do metrô em São Paulo.

Adotaram uma atitude mais comedida nos discursos, depois de condenação pela Justiça a pagamento de multa em razão de fala no 1º de Maio considerada propaganda eleitoral antecipada.

Na ocasião, Lula afirmou que a disputa paulista pela prefeitura seria uma "verdadeira guerra" e pediu que seus eleitores votassem em Boulos. "Vou fazer um apelo: cada pessoa que votou no Lula em 89, em 94, em 98, em 2006, em 2010, em 2018… 2022, tem que votar no Boulos para prefeito de São Paulo", disse no 1º de Maio.

O juiz eleitoral Paulo Sorci, da 2ª Zona Eleitoral de São Paulo, condenou Lula e Boulos ao pagamento de multas de, respectivamente, R$ 20 mil e R$ 15 mil por causa do discurso do presidente no 1º de Maio.

No palco de Lula pela manhã, além de Boulos, Marta e do vice-presidente, Geraldo Alckmin, estiveram ministros como Fernando Haddad (Fazenda), Camilo Santana (Educação), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e Jader Filho (Cidades), além dos deputados petistas Jilmar Tatto e Rui Falcão e da primeira-dama Janja.

A cerimônia serviu de lançamento da pedra fundamental do campus Zona Leste da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e do campus Cidade Tiradentes do IFSP (Instituto Federal de São Paulo).

Na zona sul, a plateia puxou a frase "Lula, não admito, revoga o 95", em referencia à emenda constitucional que congela os investimentos públicos por 20 anos. Alckmin, nas vezes em que foi citado e quando discursou, recebeu um misto de vaias e aplausos. O evento tratava da expansão do IFSP no Jardim Ângela e da vinda de recursos do Novo PAC para a expansão da linha 5-lilás do metrô.

Lula afirmou que sua gestão encontrou o país como a "Faixa de Gaza no estado Palestino", dizendo que encontraram o Brasil sem ministério, com rombo e sem governança. Afirmou também não estar "preocupado em quem é governador de São Paulo, mas com quem é o povo que necessita".

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