Paes faz acordo com bolsonarista do MDB para se aproximar de evangélicos na campanha

Deputado Otoni de Paula abre mão da pré-candidatura após não conseguir apoio; sigla ainda negocia com Ramagem

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Rio de Janeiro

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), finaliza negociações para incluir em sua campanha à reeleição o deputado federal Otoni de Paula (MDB), bolsonarista que não conseguiu viabilizar sua pré-candidatura no partido.

Os dois se reuniram nesta sexta-feira (13) e estão concluindo as conversas para sacramentar a aliança. Otoni de Paula teria como missão ajudar Paes a atrair parte do eleitorado evangélico, grupo em sua maioria alinhado ao bolsonarismo, cujo representante na disputa é o deputado federal Alexandre Ramagem (PL).

Mauro Pimentel/AFP, Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), à esq., finaliza negociação para a entrada do deputado federal Otoni de Paula (MDB) em sua campanha à reeleição; o bolsonarista ajudaria o prefeito no eleitorado evangélico - Cesar Greco/Divulgação/Palmeiras

A negociação ocorre após Otoni encontrar dificuldades em sustentar dentro do MDB sua pré-candidatura. Ele também se queixa do fato de não ter sido ouvido nas conversas do partido com o PL para um eventual apoio a Ramagem.

A entrada do pastor ajuda Paes na tentativa de evitar a nacionalização da campanha, aposta de Ramagem na cidade que deu vitória ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre o presidente Lula (PT) em 2022. A leitura é a de que, com uma coligação alargada, o prefeito poderá se apresentar não apenas como um aliado do petista, mas também de uma frente mais ampla voltada para a cidade.

A aliança com Otoni vem logo após um racha com o Republicanos, único partido à direita do espectro político até então aliado a Paes. O rompimento deixou o prefeito apenas com aliados à esquerda, como o PT.

Um dos pedidos do deputado bolsonarista é para que o prefeito reduza os ataques diretos a Bolsonaro. Os termos do compromisso ainda serão finalizados neste fim de semana.

A aliança, quando concretizada, reforça a tendência de Paes manter uma chapa "puro-sangue", sem ceder à pressão do PT para entregar o posto de vice. A vaga é disputada porque é vista como certa, em caso de vitória, a renúncia dele em abril de 2026 para a disputa ao governo estadual.

O nome mais cotado para a vice é o deputado Pedro Paulo, tendo também como opções os deputados Eduardo Cavaliere, Guilherme Schlerder, Laura Carneiro e o presidente da Câmara Municipal, Carlo Caiado, todos do PSD.

A pré-candidatura de Otoni era vista no meio político fluminense como a mais provável de naufragar antes das convenções. Alas distintas do MDB sempre mantiveram negociação tanto com Ramagem como com Paes.

O presidente do MDB-RJ, Washington Reis, quer apoiar Ramagem. Leonardo Picciani, por sua vez, almeja aderir à campanha de Paes, tendência também manifestada pelo vice-governador Thiago Pampolha.

O caminho da sigla, porém, será tema de conversa entre o governador Cláudio Castro (PL), aliado de Ramagem, e o presidente nacional do MDB, Baleia Rossi. Os dois devem conversar na semana que vem sobre alianças no estado, incluindo a capital.

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