Descrição de chapéu União Brasil

Dirigentes da União Brasil rechaçam vice de Nunes e negociam apoio a Marçal em SP

Integrantes do partido reclamam de não terem chancelado apoio a ex-chefe da Rota e veem potencial de crescimento de coach

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Brasília

O coach Pablo Marçal (PRTB) ampliou as conversas com dirigentes da União Brasil em busca de apoio na disputa pela Prefeitura de São Paulo.

Integrantes do partido estão descontentes com o prefeito Ricardo Nunes (MDB-SP) por rechaçarem a escolha do ex-chefe da Rota Ricardo Mello Araújo (PL) como vice na chapa do emedebista. A reclamação é que a União Brasil não teria sido consultada para chancelar o nome do policial militar e que ele agregaria pouco na eleição.

Além disso, um dirigente da União Brasil diz ver potencial de crescimento de Marçal na capital paulista e que por isso o partido estuda a aliança.

Pablo Marçal, um homem vestindo um blazer azul marinho, senta-se à mesa em uma sala de reuniões, olhando diretamente para a câmera com uma expressão séria e confiante. Suas mãos estão sobre a mesa.
Pablo Marçal (PRTB), pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, em entrevista à Folha - Rafaela Araújo - 7.jun.24/Folhapress

À Folha o coach disse ter tido conversas com três cardeais da União Brasil nas últimas semanas: o governador Ronaldo Caiado (GO), o vice-presidente da legenda, ACM Neto, e o presidente do partido, Antonio de Rueda.

Marçal afirmou manter contato com Rueda e que teve nova conversa com ele nesta quarta (19), mesmo dia em que Nunes fará um jantar para sacramentar o nome de Mello Araújo como candidato a vice na eleição.

"Provavelmente o meu vice vai ser da União. Há outros convites, mas o que eu tenho mais acertado é andar com a União", afirmou Marçal. "Todo mundo que gosta de mim está apalavrado com o Nunes, mas só esperando o Nunes afundar", disse.

Um dirigente da União Brasil diz que não há nenhuma definição —até porque o partido tem o deputado Kim Kataguiri (SP) como pré-candidato à prefeitura—, mas não descarta o apoio ao coach.

Nunes convidou presidentes de partidos que o apoiam para o jantar desta quarta, inclusive representantes da União Brasil, mas, segundo a Folha apurou, eles cogitavam não comparecer.

Os cenários considerados por integrantes do partido para a eleição na capital paulista levam em conta pesquisas internas e externas.

Em levantamento do Datafolha divulgado no final de maio, Marçal aparecia entre 7% e 9% das intenções de voto, dependendo do cenário pesquisado. Kim Kataguiri aparecia com 4%.

A pontuação do coach foi considerada boa, e líderes da União Brasil creem que ele pode crescer mais com tempo de propaganda na televisão. Por ser de um legenda nanica, Marçal precisa de alianças com partidos maiores para ter direito a mais tempo ma TV.

Na semana passada, Marçal esteve na posse de Rueda como presidente do partido e foi bastante tietado no evento.

À coluna Painel, da Folha, o presidente da Câmara Municipal de São Paulo e principal liderança do partido no estado, Milton Leite, expressou ressalvas com a escolha de Mello Araújo.

"O União Brasil tem dificuldade em fechar uma definição [sobre Mello Araújo]. Respeito o Bolsonaro, mas o União vê outros nomes dentro do próprio PL que seriam bem-vindos, como [os vereadores] Rute Costa e Gilberto Nascimento Junior", disse Leite.

Uma preocupação no partido é que o policial militar, hoje na reserva da corporação, seja considerado radical e afaste eleitores de centro. Esse receio também é compartilhado por integrantes da pré-campanha de Nunes.

Apesar das ressalvas da União Brasil, os presidentes nacionais do PP, Ciro Nogueira (PI), e do PSD, Gilberto Kassab, concordaram com o nome de Mello Araújo.

O nome do ex-chefe da Rota foi uma indicação de Jair Bolsonaro para apoiar Nunes. O ex-presidente também foi procurado por Marçal, mas negou apoiá-lo.

Na sexta-feira (14), Bolsonaro reforçou apoio a Nunes e desautorizou alianças do PL com Marçal. "Eu não vou impedir de conversar com ele, [Marçal] agora, apoio em si vamos estar alinhados", disse, sugerindo o alinhamento a Nunes.

Naquele dia, Bolsonaro teve um almoço com o prefeito, com Mello Araújo e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Ainda assim, para integrantes da União Brasil, Marçal pode aglutinar votos da direita e contribuir para uma queda de Nunes nas pesquisas. O coach diz querer uma mulher para a sua vice na chapa.

Integrantes do MDB veem com ceticismo a negociação do apoio da União Brasil a Marçal.

Aliados de Nunes veem no gesto uma forma de a União Brasil usar a eleição em São Paulo para pressionar integrantes do PL e do Republicanos a apoiar o deputado Elmar Nascimento (União Brasil-BA) para a presidência da Câmara, em fevereiro do ano que vem. Elmar é um dos pré-candidatos à sucessão de Arthur Lira (PP-AL) na Casa.

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