Paes vê pressão conjunta de aliados de Lula pela vice e se alia a bolsonarista que pede veto ao PT

Otoni de Paula declara apoio sob condição de barrar petistas na vaga; PT se junta a PDT, PV, PC do B e PV contra chapa 'puro-sangue'

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Rio de Janeiro

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), selou nesta quinta-feira (20) o apoio do deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ) à sua campanha à reeleição. Uma das condições impostas pelo bolsonarista foi o veto a um nome do PT na vaga de vice na chapa.

O movimento ocorre na mesma semana em que o PT se juntou ao PDT, PC do B, PV e Solidariedade num movimento contra uma chapa "puro-sangue". Os cinco partidos se reuniram na terça-feira (18) e decidiram pedir a Paes que escolha um integrante de qualquer dessas siglas para a vice.

As articulações ocorrem na semana em que Paes apareceu com uma distância folgada na pesquisa divulgada pela Quaest, em que ele registra 51% das intenções de voto, contra 11% do deputado Alexandre Ramagem (PL) e 8% do deputado Tarcísio Motta (PSOL).

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), à esq., fechou acordo para a entrada do deputado federal Otoni de Paula (MDB) em sua campanha à reeleição; o bolsonarista ajudaria o prefeito no eleitorado evangélico

A pesquisa reforçou dentro da campanha de Paes a avaliação de que ele precisa ampliar o espectro político da aliança para evitar a vinculação direta entre a candidatura e o presidente Lula.

A pesquisa mostrou que, quando associado ao petista, o prefeito tem 47% dos votos. Ramagem registra 29% ao ter o nome vinculado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, de quem tem o apoio.

A fim de ampliar sua base de apoio, Paes firmou acordo com Otoni de Paula em reunião com o bispo Abner Ferreira, da Assembleia de Deus.

Além do veto ao PT na vice, o deputado também disse ter acordado com o prefeito uma campanha sem ataques ao ex-presidente Bolsonaro, "mesmo sendo provocado politicamente para tal".

"Em relação ao vice, ele disse que vai resolver na hora certa. Mas a nossa permanência lá se deve a isso. Mas ficou muito claro que não interessa a ele essa polarização [com Bolsonaro]. O Eduardo não é o [Marcelo] Freixo. Tem muitos bolsonaristas que votam nele, como eu", disse Otoni.

Os acordos estão descritos numa carta do deputado aos seus eleitores após ter desistido da pré-candidatura à prefeitura. Ele não conseguiu viabilizar seu nome dentro do MDB. No texto, afirma que tentou acordo com o PL e Ramagem.

"Mesmo com a minha pré-candidatura implodida por dirigentes das duas legendas, com todo respeito e humildade, me coloquei à disposição para ajudar no que fosse preciso. Sobretudo, no diálogo com os evangélicos, que são a minha base eleitoral. Passei mais de um mês procurando o diálogo com os dirigentes, busquei inclusive o próprio pré-candidato do PL. Dezenas de tentativas de conversa. E… nada", diz o texto.

Crítico de Paes, o bolsonarista afirma no texto que cedeu ao "gesto tão humilde e grandioso" do prefeito ao pedir seu apoio.

"Sou evangélico, de direita, conservador e tenho posições inegociáveis. Mesmo assim, ele me ligou e convidou para uma reunião. E vejam vocês, me pediu exatamente a mesma ajuda que os outros desprezaram receber", afirma o texto.

Além das condições políticas, Otoni disse ter solicitado investimento em segurança pública, compromisso de combate ao que chama de "ideologia de gênero" nas escolas e parceria com instituições religiosas na recuperação de pessoas com dependência química.

"Prontamente esses compromissos foram assumidos pelo prefeito comigo. Sendo assim, me sinto à vontade de vir a público para defender sua reeleição e coordenar a campanha na comunidade cristã evangélica", finaliza o texto.

A entrada de Otoni na campanha ganhou relevância após Paes romper nesta semana com o Republicanos, única sigla à direita do espectro político que o apoiava. O prefeito exonerou nomes indicados pelo partido na estrutura municipal e cancelou contrato com ONG vinculada ao ex-deputado Eduardo Cunha, que atualmente dá as cartas no partido.

Na terça-feira, a reunião de aliados contra a chapa "puro-sangue" pretendida por Paes teve a participação do ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e da presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann.

O PT vinha apresentando o nome de André Ceciliano, ex-presidente da Assembleia, e Adilson Pires, ex-secretário municipal da gestão Paes. O PDT tem como indicada a deputada Martha Rocha.

"As pessoas têm a expectativa de que seja uma chapa mais ampla. O pedido em conjunto dá mais peso político. Não é mais um pedido só do PT ou do PDT. Todos esses partidos têm nomes que podem ampliar a chapa", afirmou o presidente do PT-RJ, João Maurício.

Os partidos, porém, não discutiram deixar a aliança em caso de resistência do prefeito.

A avaliação de Paes é de que precisa ter um nome vinculado ao seu grupo político para que possa garantir na campanha a continuação do estilo de gestão, caso deixe o cargo para disputa do governo estadual em 2026.

O preferido para a vaga é o deputado Pedro Paulo, mas também são opções os deputados Eduardo Cavaliere, Guilherme Schleder, Laura Carneiro e o presidente da Câmara Municipal, Carlo Caiado, todos do PSD.

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