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Eleições 2024 debate eleitoral

Pré-candidatos usam debate para buscar domínio da oposição e da direita

Nunes vira saco de pancadas, Boulos tenta se consolidar como adversário principal e Marçal cumpre papel de franco-atirador

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Brasília

Os cinco pré-candidatos que entraram no palco do debate da Band buscaram se posicionar nos poucos lugares de destaque que parecem estar disponíveis para a eleição para a Prefeitura de São Paulo. Os palanques mais cobiçados no primeiro embate foram o da oposição ao atual prefeito e o domínio da direita nessa disputa.

A dinâmica deixou o atual prefeito em desvantagem. Ricardo Nunes (MDB) se tornou uma espécie de saco de pancadas dos demais pré-candidatos. Chegou bem treinado e pronto para responder até às acusações de corrupção que seriam levantadas.

Ainda assim, o prefeito sofreu para mostrar o fôlego necessário para aguentar essa posição que quase sempre costuma caber a governistas.

Os pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo em debate na Band: Ricardo Nunes (MDB), Pablo Marçal (PRTB), Tabata Amaral (PSB), José Luiz Datena (PSDB) e Guilherme Boulos (PSOL) - Bruno Santos/Folhapress

O desafio de Nunes está exatamente no pulso da cidade que ele governa há mais de três anos. Na melhor das leituras, o paulistano tem apenas uma impressão morna da gestão do prefeito. Como mostra o Datafolha, só 26% dizem que sua administração é ótima ou boa, e 66% afirmam que ele fez menos do que o esperado.

Nesse sentido, encarar a candidatura à reeleição como um plebiscito sobre seu desempenho à frente da capital paulista é um caminho arriscado.

As pesquisas de intenção de voto dariam uma vantagem grande a Guilherme Boulos (PSOL) para ocupar o posto de principal opositor de Nunes. O deputado conseguiu tirar proveito disso ao apresentar itens de um programa de governo que se distanciam da gestão atual, mas o debate deu pistas de que ainda há um campo congestionado para que ele se solidifique como nome inquestionável para tirar o prefeito da cadeira.

Mesmo José Luiz Datena (PSDB) e Tabata Amaral (PSB), num pelotão mais distante da liderança nas pesquisas, marcaram a participação no debate com críticas firmes não apenas ao desempenho de Nunes como gestor, mas também com menções a suspeitas que envolvem o prefeito.

Disputando com Nunes o domínio do eleitorado pela direita, Pablo Marçal (PRTB) seguiu uma tática dupla: se opôs diretamente ao prefeito, mas também tentou reivindicar o monopólio desse segmento.

Ele argumentou que seus adversários no palco são de esquerda ou centro-esquerda, embora Nunes dispute numa aliança de direita, com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O objetivo de Marçal é claro: deslocar Nunes do segundo turno e conquistar o apoio de um eleitor conservador para se consolidar como candidato único para enfrentar a esquerda, projetando um embate direto com Boulos.

Nunes ainda não mostrou se pretende fazer um apelo mais enfático para assegurar seu espaço nesse eleitorado. Sua aliança com Bolsonaro, aliás, só surgiu como carta quase no fim do debate. Uma parceria com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) pareceu orgulhar o prefeito tanto quanto o apoio do ex-presidente.

Mas Marçal se destacou principalmente pelo esperado papel de franco-atirador, distribuindo ofensas a todos os adversários desde o primeiro bloco do debate, em busca da lacração que rende cortes feitos sob medida para as redes sociais.

O comportamento do coach dificilmente pode ser chamado de estratégico no sentido político, mas já se mostrou relativamente bem-sucedido como maneira de aproximá-lo do primeiro pelotão da disputa.

Esse movimento torna Marçal um personagem competitivo na mesma medida em que ele for capaz de transformar eventos-chave da eleição em episódios tumultuados.

Tabata teve um momento de destaque ao confrontar o coach e acionar o gatilho para a primeira explosão do adversário. A deputada do PSB tentou se posicionar como a adulta na sala, assumindo um rótulo de moderação para apelar a eleitores de centro —segmento que não tem se mostrado suficientemente grande para eleger muitos políticos a cargos majoritários.

Ainda que ensaiasse uma dobradinha disfarçada com Boulos para bombardear a gestão de Nunes, Datena acabou num papel quase coadjuvante. Ainda assim, quis tirar proveito da experiência como apresentador de programa policial para reforçar, na abertura e no encerramento do programa, a aposta de sua campanha num discurso focado na segurança pública.

Na maior parte das vezes, mostrou até um certo desinteresse em estar na disputa. Em outras, engatou um discurso inflamado sobre o prefeito e os problemas da cidade que por pouco se diferenciavam de suas incursões diárias na TV.

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