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Debate no Rio tem Paes como alvo, disputa por Bolsonaro e uso de Castro como ataque

Prefeito não mencionou aliança com Lula, reivindicado por Tarcísio Motta, do PSOL

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Rio de Janeiro

O primeiro debate entre os pré-candidatos à Prefeitura do Rio de Janeiro, promovido nesta quinta-feira (8) na TV Bandeirantes, teve disputa pela imagem do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e uso do nome do governador Cláudio Castro (PL) como forma de ataque.

Candidato à reeleição, o prefeito Eduardo Paes (PSD) foi o principal alvo de críticas dos demais quatro participantes do programa. Ele se defendeu dos ataques e não mencionou sua aliança política com o presidente Lula (PT) durante o debate.

Debate entre pré-candidatos no Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (9) - Reprodução Band

Logo nas apresentações iniciais, o deputado federal Alexandre Ramagem (PL) se apresentou como o candidato de Bolsonaro. O mesmo fez o deputado estadual Rodrigo Amorim (União Brasil), que fez reverência ao vereador Carlos Bolsonaro (PL) e disse prestar continência à família do ex-presidente.

"Bolsonaro sabe fazer sua equipe técnica, que o auxiliou. E eu vou levar esse conceito comigo, com Bolsonaro ao meu lado, com pessoas técnicas, para fazer o melhor pelo Rio", disse Ramagem, no terceiro bloco.

Os dois se referiram diversas vezes ao prefeito como "soldado de Lula", em referência a uma conversa telefônica entre o presidente e Paes gravada durante as investigações da Operação Lava Jato e divulgada em 2016.

Sorteado para fazer a primeira pergunta, Ramagem questionou Paes sobre a suposta ausência de ações da prefeitura na segurança pública. O prefeito listou algumas ações do município, mas focou sua resposta em vincular o candidato do PL a Castro e ao ex-governador Wilson Witzel, afastado sob acusação de corrupção e retirado do cargo em processo de impeachment, em 2021.

"O Rio de Janeiro vive uma crise de segurança profunda, não só na cidade do Rio de Janeiro, mas em toda a região metropolitana. Isso é em razão a um grupo politico que há seis anos comanda a segurança pública do Rio que é incapaz de dar as respostas adequadas ao problema. [...] O que acha de indicação politica para comando das polícias de seu padrinho Claudio Castro?", questionou Paes.

Castro é reprovado por 46% dos eleitores da cidade, e aprovado por apenas 14%, segundo pesquisa Datafolha divulgada há um mês. Ramagem disse que não conhece Witzel, mas não defendeu a atuação de Castro.

"Segurança é responsabilidade de todos. Grandes cidades só reverteram esse problema quando as cidades assumiram protagonismo. Por que nunca seguiu exemplo de Medellín e Nova York?", disse Ramagem.

O deputado federal Tarcísio Motta (PSOL) buscou se vincular a Lula, a fim de atrair os eleitores petistas que têm a intenção de votar em Paes, apoiado pelo PT.

"O eleitor do Lula vai perceber que a gente não vai esconder o presidente Lula da nossa campanha como outros candidatos vão fazer", disse ele.

Paes mencionou Lula apenas uma vez. Afirmou estabelecer parcerias administrativas mas não reivindicou seu apoio. Ao criticar a alegada falta de apoio de Castro às prefeituras, ele afirmou que "a gente aqui trabalha em parceria com o governo federal".

"O Lula é do Partido dos Trabalhadores e eu do PSD. Trabalhamos em conjunto buscando dar soluções para os problemas da nossa cidade", disse ele.

Diferente de Paes, Tarcísio Motta fez ataques frontais a Bolsonaro durante o debate. O candidato do PSOL questionou Ramagem sobre como atuará nas campanhas de vacinação e criticou a atuação do ex-presidente durante a pandemia da Covid-19.

"Não sei se você acredita que a vacina faz as pessoas virarem jacaré, se elas causam outras doenças. Mas imagino que a teoria conspiratória que você mais gosta é aquela que [a vacina] tem um chip de espionagem, porque de espionagem ilegal você entende", disse, em referência à investigação da Polícia Federal do caso conhecido como "Abin paralela".

Ramagem defendeu o ex-presidente e afirmou que ele disponibilizou vacinas para a população e "salvou os mais pobres" durante a pandemia, em referência ao auxílio emergencial.

O deputado federal Marcelo Queiroz (PP) buscou se apresentar como uma "opção longe dos extremos". "A minha candidatura vai abrigar o melhor da direita e da esquerda."

Queiroz afirmou que Paes vai renunciar em abril de 2026 para concorrer ao governo estadual. Ele sugeriu ao presidente da Câmara Municipal, Carlo Caiado (PSD), a abertura de processo de impeachment contra Paes e o vice, Eduardo Cavaliere (PSD), caso sejam eleitos e o prefeito deixe o cargo.

Houve outras provocações pontuais. Amorim chamou Paes de "filho ingrato" do ex-governador Sérgio Cabral, condenado em mais de 20 processos por corrupção.

O deputado do União Brasil, por sua vez, foi chamado de "Padre Kelmon carioca" por Tarcísio Motta, em razão de sua dobradinha com Ramagem nas interações ao longo do debate. Em resposta, Amorim falou que o candidato do PSOL "é tão chato que até o Marcelo Freixo não te aguentou e foi embora", em referência à saída do ex-deputado do PSOL —Freixo atualmente está no PT, preside a Embratur e apoia Paes.

O debate foi o primeiro transmitido pela TV desde 2000 realizado sem a presença de uma mulher entre os candidatos. Pela legislação, as emissoras só são obrigadas a convidar candidatos de partidos ou federações com pelo menos cinco parlamentares no Congresso.

A advogada Carol Sponza (Novo) tentou, sem sucesso, garantir na Justiça Eleitoral sua participação no debate. Ela argumentou que o deputado Ricardo Salles trocou recentemente o PL pelo Novo, aumentando a bancada da sigla de 4 para 5 parlamentares. A emissora, porém, afirmou que o prazo para o cumprimento da cota era dia 20 de julho.

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