Descrição de chapéu Eleições 2024

Almanaque reúne dados das eleições à Prefeitura de São Paulo de 1985 a 2024

Veja resultados, recordes e curiosidades das disputas na maior cidade do país, que inicia seu 11º pleito

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Brasília e São Paulo

Dez candidatos disputam em São Paulo a 11ª eleição municipal do atual período democrático do país, em votação que definirá que vai comandar a maior cidade brasileira de 2025 até 2028.

O primeiro turno da disputa está marcado para o próximo dia 6 de outubro.

A Folha reúne em almanaque infográficos com resultados, estatísticas, análises e curiosidades das dez disputas anteriores, de 1985 a 2020, além de informações da atual.

A primeira eleição, em 15 de novembro de 1985 (não havia segundo turno), escolheu pela via direta o nome que iria substituir Mario Covas (PMDB), na época prefeito biônico indicado pelo então governador Franco Montoro (PMDB).

Um episódio ocorrido na reta final do pleito entrou para o folclore político nacional.

O então senador Fernando Henrique Cardoso (PMDB), considerado favorito e contando com o apoio do prefeito, do governador e do presidente da República, José Sarney, todos do mesmo partido, chegou a posar para foto sentado na cadeira do prefeito, na véspera da eleição.

Primeira página da Folha em 15 de novembro de 1985
Primeira página da Folha no dia da eleição à Prefeitura de São Paulo em 1985; o então candidato Fernando Henrique Cardoso, que aparece posando para foto na cadeira de prefeito, acabou derrotado por Jânio Quadros - Reprodução

A imagem estampou a capa da Folha no dia seguinte, 15 de novembro, mas o vencedor acabou sendo o ex-presidente da República Jânio Quadros, político do famoso jingle de campanha "varre, varre, vassourinha, varre varre a bandalheira".

Após derrotar FHC, Jânio não perdeu a oportunidade de anunciar publicamente que estava desinfetando a cadeira de prefeito porque "nádegas indevidas a usaram".

Comício em dezembro de 1985 do ex-presidente e então candidato Jânio Quadros (PTB), o primeiro prefeito eleito na cidade de São Paulo com o fim da ditadura militar - Ubirajara Dettmar - 12.dez.1985/Folhapress

Desde então, outros dez políticos foram eleitos para sentar na cadeira almejada por FHC —que embora nunca a tenha alcançado, chegou ao mais importante cargo político do Brasil dez anos depois.

Jânio Quadros (PTB), Luiza Erundina (PT), Paulo Maluf (PDS), Celso Pitta (PPB), Marta Suplicy (PT), José Serra (PSDB), Gilberto Kassab (DEM), Fernando Haddad (PT), João Doria (PSDB), Bruno Covas (PSDB) e Ricardo Nunes (MDB) formam o time de prefeitos da cidade de São Paulo no atual período democrático.

Desses, apenas Nunes não foi eleito como cabeça de chapa, o que tentará neste ano. Vice de Bruno Covas, ele assumiu o posto com a morte do tucano, em 2021.

A coligação em torno de seu nome, que reúne 12 partidos, é a segunda maior da história, perdendo apenas para os 13 que apoiaram a campanha vitoriosa de João Doria em 2016 —a única resolvida sem necessidade de segundo turno desde a entrada em vigor desse modelo eleitoral.

Assim como ocorreu no Brasil, a polarização política entre PT e PSDB, protagonista dessas quatro décadas, também perdeu tração em São Paulo.

O PT, que comandou a cidade por três vezes, hoje está na vice de Guilherme Boulos (PSOL), primeira vez na história que não encabeça uma chapa.

O PSDB tenta se recuperar com a candidatura do apresentador José Luiz Datena após ter sofrido em 2022 o pior resultado de sua história no país.

Na atual disputa, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) está com Nunes. O presidente Lula (PT), com Boulos.

O retrospecto mostra que até agora governadores e os próprios prefeitos foram mais pés-quentes do que presidentes na disputa paulistana.

Em todo esse período, em apenas 1 das 10 disputas o candidato do presidente da República levou a melhor, mas mesmo assim o presidente não era exatamente o principal padrinho político.

Fernando Haddad virou prefeito de São Paulo na eleição de 2012 endossado por Dilma Rousseff (PT), mas, principalmente devido ao apoio de Lula, que dois anos antes havia deixado seu segundo mandato com 83% de aprovação popular.

O próprio Haddad chegou a ironizar afirmando ser o "segundo poste" de Lula. O primeiro era a própria Dilma.

Essa eleição também marcou a inusitada aliança entre os antigos rivais Lula e Maluf, acordo registrado em fotos nos jardins da casa do ex-prefeito e ex-governador de São Paulo, em meio a feijoada e promessa de cargos.

À época, petistas disseram que as fotos foram uma exigência de Maluf para fechar o apoio a Haddad. A aliança levou Erundina a declinar do convite de ser a vice do petista.

O histórico encontro entre Lula, Haddad e Maluf para selar o apoio do ex-prefeito e ex-governador à candidatura do PT em 2012 - Moacyr Lopes Junior - 18.jun.2012/Folhapress

As dez eleições municipais paulistas realizadas até agora reúnem uma profusão de dados e curiosidades.

As vitórias mais folgadas ocorreram em 2016, com Doria, que teve 53,3% dos votos válidos e liquidou a fatura no primeiro turno, e em 1996, com Celso Pitta, que no embalo do apoio do então prefeito Paulo Maluf obteve 62,3% dos votos válidos no segundo turno.

A mais apertada, a disputa FHC e Jânio em 1985, vencida pelo segundo com diferença de apenas 3,5 pontos percentuais.

O PT, apesar de ser ao lado do PSDB o partido mais vitorioso em São Paulo, jamais conseguiu a reeleição. Erundina falhou na tentativa de emplacar o sucessor, em 1992, e Marta e Haddad foram derrotados eles mesmos na tentativa de se reeleger, em 2004 e 2016, respectivamente.

Dos 92 políticos que figuraram ou figuram como candidatos a comandar a maior cidade do país de 1985 a 2024, apenas 4 conseguiram após essas disputas alcançar o governo do estado ou a Presidência da República.

O primeiro foi FHC, eleito presidente em 1994 e 1998. Depois, Geraldo Alckmin (ex-PSDB, hoje PSB), hoje vice-presidente da República, eleito governador por três mandatos após sua primeira tentativa fracassada de virar prefeito de São Paulo, em 2000.

Por fim, os também tucanos José Serra e João Doria, eleitos governadores no meio do mandato de prefeito, em 2006 e 2018, respectivamente.

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