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Lira adia anúncio de nome para sua sucessão e busca Bolsonaro

Parlamentar tinha estabelecido agosto como o mês em que apontaria seu candidato

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Brasília

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), adiou o anúncio que faria neste final de semana para indicar quem apoiará para presidir a Casa em 2025 e ainda terá um encontro com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para discutir o tema.

Desde o primeiro semestre, o parlamentar afirma que iria definir e apontar o seu candidato até o fim de agosto, antes do início da campanha às eleições municipais. O prazo se esgotou, portanto, neste sábado (31).

O presidente da Câmara disse a aliados que pretende fazer o anúncio ao longo dos próximos dias. Neste domingo (1º), está prevista uma reunião entre Lira e Bolsonaro para que o deputado leve o panorama atual das pré-candidaturas.

Lira afirmou publicamente querer lançar um deputado que consolide apoio do PL de Bolsonaro ao PT de Lula —as duas maiores bancadas da Câmara.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL)
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL)

A eleição para o comando dos deputados ocorrerá só em fevereiro, mas na prática a campanha já começou.

Em julho, em entrevista à CNN Brasil, Lira justificou que queria definir seu candidato em agosto para que o tema fosse amadurecido de forma "tranquila" ao longo do mês. Ele indicou que o prazo também permitiria eventuais "ajustes" e "correções" que poderiam ocorrer depois.

Lira não pode se reeleger, então busca transferir seu capital político a um nome de sua escolha. Por ora, no entanto, não há consenso em torno de nenhum dos aspirantes ao comando da Câmara e o cenário é incerto.

Hoje, se colocam na disputa os líderes Antonio Brito (PSD-BA), Elmar Nascimento (União Brasil-BA) e Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL), além do presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira (SP).

Desde o começo do ano, os parlamentares passaram a fazer acenos da direita à esquerda em busca de consolidar suas candidaturas.

Desses, Elmar é considerado o mais próximo de Lira, com quem mantém relação de amizade. Isnaldo, por sua vez, é tido como o menos provável de conseguir apoio do parlamentar, já que eles são de grupos políticos adversários em Alagoas.

Nos bastidores, deputados dizem que a tendência é que o alagoano indique apoio a Elmar, apesar de o próprio Lira reconhecer que há resistências ao nome do líder do União Brasil entre membros do governo federal e parlamentares. Há o receio entre aliados do alagoano de que Elmar, hoje, não tem votos suficientes para ser eleito.

A falta de consenso em torno de um candidato e as resistências a Elmar foram os principais motivos que levaram Lira a adiar o anúncio de sua escolha.

De acordo com relatos de pessoas que estão a par das conversas, o cenário ainda está incerto e teria sido esse o motivo para que o presidente da Câmara adiasse o seu anúncio. No meio das negociações, alguns parlamentares passaram a defender a união das outras três candidaturas para fazer frente a Elmar.

Os três partidos integram o mesmo bloco na Casa (com 147 deputados) e já havia uma sinalização de que os parlamentares poderiam unificar a candidatura num segundo momento. Apesar disso, no entanto, nenhum deles demonstrou possibilidade de desistir da corrida agora.

Nos bastidores, aliados de Lira afirmam que ele tentava uma costura também para cumprir com acordos firmados. De acordo com deputados, o alagoano tinha um compromisso de apoiar tanto Marcos Pereira quanto Elmar.

Em agosto, Elmar foi escolhido para ser líder do maior bloco da Câmara, que reúne 161 deputados dos partidos União Brasil, PP, PDT, Avante, Solidariedade e PRD. Diante da possibilidade de Lira indicar Elmar, uma ala da Câmara lançou uma ofensiva contra a candidatura do deputado à presidência da Casa.

De acordo com relatos, Lira indicou a Marcos Pereira que, se houvesse uma união das demais candidaturas, ele poderia apoiar o presidente do Republicanos, em detrimento de Elmar.

Pereira, Brito e Isnaldo são do mesmo bloco na Câmara, com 147 deputados (que também reúne o Podemos). Os três trataram da possibilidade de unificar a candidatura em um jantar nesta semana em Brasília, na casa de Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara. Ali, no entanto, não houve consenso.

Nesta sexta (30), Marcos Pereira se reuniu com o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, para tentar o apoio do partido em torno de seu nome. A investida, porém, fracassou. Há uma avaliação de que Brito hoje tem mais chances de derrotar Elmar em plenário, já que o líder da União Brasil enfrenta resistências entre membros do governo federal e dos parlamentares, que o consideram ríspido no trato do dia a dia.

Deputados do bloco dizem que há uma sinalização de que os partidos poderão convergir em torno de uma candidatura única, mas que isso ocorrerá somente num segundo momento --há quem aposte que somente num eventual segundo turno na eleição.

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