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Denúncia sobre merenda escolar atinge sobrinho de Lu Alckmin
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SILVIO NAVARRO
FÁBIO AMATO
ENVIADOS ESPECIAIS A PINDAMONHANGABA (SP)
Ex-secretário de Finanças de Pindamonhangaba (SP), Silvio Serrano afirmou em depoimento ao Ministério Público que uma empresa da família de Paulo César Ribeiro, cunhado do governador Geraldo Alckmin (PSDB), se beneficiou de contrato supostamente fraudado para fornecimento de merenda escolar no município.
Serrano, que foi exonerado do cargo após o surgimento das denúncias, declarou ter conhecimento de que um dos filhos de Ribeiro, Lucas César Ribeiro, "fazia transporte de gêneros alimentícios para a Verdurama".
A Verdurama é suspeita de ser pivô do esquema da merenda. O depoimento foi prestado no dia 26 de novembro do ano passado. O inquérito é sigiloso.
A microempresa da família se chama Lucas CR Transporte e Logística. O endereço informado é o mesmo de onde outro filho de Ribeiro, Thiago César, declara residência. A reportagem esteve no local ontem, mas não havia ninguém.
De acordo com documentos da Promotoria, que fez fotos do local durante diligências, o endereço "trata-se de uma residência".
A Folha apurou que a empresa da família do cunhado de Alckmin emitiu pelo menos 37 notas fiscais seriadas para a Verdurama. Segundo as investigações, há indícios de que se trata de uma empresa de fachada.
Ribeiro é um dos 11 irmãos da primeira-dama, Lu Alckmin. Em entrevista publicada ontem na Folha, o ex-vice-prefeito João Bosco Nogueira (PMDB) citou o envolvimento de Ribeiro no esquema de direcionamento de contratos com a prefeitura, mas disse que o governador não é próximo do cunhado.
Com forte influência na administração local, Ribeiro é suspeito de ter atuado para que a Verdurama vencesse a licitação.
Em troca, receberia uma parte dos valores pagos pela "terceirização" do serviço de entrega, por meio da empresa do filho.
A Verdurama ganhou a concorrência da merenda no valor de R$ 6,8 milhões. Segundo o Tribunal de Contas do Estado, o contrato é irregular e a licitação tem vários indícios de direcionamento.
Ao Ministério Público o ex-sócio da empresa Genivaldo dos Santos afirmou que "houve fraude" na disputa. Ele disse que 10% do valor pago à Verdurama servia para pagamento de propina.
Um dos supostos beneficiados, segundo Genivaldo, seria o próprio Silvio Serrano. O outro seria Paulo Ribeiro. Ambos negam.
Os depoimentos de envolvidos no caso, especialmente Genivaldo, sugerem que a empresa teria feito doações não declaradas à campanha à reeleição do prefeito João Ribeiro (PPS).
Além da empresa de transportes, a família de Ribeiro mantém outros negócios na cidade, como um cemitério, uma funerária e uma empresa de água e esgoto, tem participação no sindicato rural e organiza eventos.
OUTRO LADO
O advogado Gilberto Menin, que defende Paulo César Ribeiro, afirmou que seu cliente não concederá entrevistas "em respeito ao sigilo das investigações".
"Estamos, inclusive, estudando medidas sobre o vazamento do inquérito", afirmou o advogado.
Segundo ele, Ribeiro enfrenta problemas de saúde.
A família de Ribeiro não foi localizada em Pindamonhangaba nos endereços declarados à Junta Comercial de São Paulo. A funerária estava fechada na tarde de ontem.
A Prefeitura de Pindamonhangaba afirma que solicitou investigação do Ministério Público quando surgiram as denúncias e que há uma comissão analisando o caso na Câmara Municipal. Também nega doações não registradas à campanha.
A assessoria da prefeitura confirmou que Ribeiro, "assim como outros empresários, lideranças e pessoas com influência que participaram na campanha" estiveram na casa do prefeito durante a transição de governo.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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