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Acusado de matar sem-terra é condenado a 15 anos de prisão no PR
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ESTELITA HASS CARAZZAI
DE CURITIBA
A Justiça do Paraná condenou na noite desta quarta-feira Jair Fermino Borracha, 58, a 15 anos de prisão pelo assassinato do sem-terra Eduardo Anghinoni, ocorrido em março de 1999, num assentamento no noroeste do Paraná.
Esta foi a primeira condenação em processos que julgam a morte de sem-terra no Estado.
Acusado de matar sem-terra vai a júri no Paraná
Segundo os sem-terra, Anghinoni foi morto por engano no lugar do irmão, Celso Anghinoni, um dos principais líderes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) no Paraná. Os dois estavam juntos no momento em que foram disparados os quatro tiros contra Eduardo.
O réu nega participação no crime. "Estou pagando por algo que não fiz", declarou Borracha, após a sentença. "Nunca corri, nunca fugi da imprensa, porque eu não devo nada. Estão prendendo a pessoa errada."
Após o julgamento, Celso Anghinoni, bastante emocionado, afirmou que "finalmente, se fez justiça".
"Aliás, uma parte da justiça. Porque tem que botar na cadeia os mandantes disso", disse. "Esse [Borracha] também é bandido, mas pior bandido é aquele que manda matar."
Na época do crime, Borracha era contratado de uma empresa de segurança que, segundo o MST, trabalhava para ruralistas da região.
Uma perícia indicou que uma das balas que atingiram Anghinoni partiu da arma do acusado. O inquérito policial, porém, foi inconclusivo sobre quem foi o mandante do assassinato.
Durante o julgamento, um dos advogados-assistentes da acusação, Aton Fon Filho, chegou a afirmar que Anghinoni foi morto pela "sanha homicida da milícia da UDR [União Democrática Ruralista]", que é atuante na região.
O presidente da UDR no Paraná, Marcos Prochet, acompanhou o julgamento e negou a acusação. "O crime foi motivado por um problema interno, entre eles", disse. "Ele [Borracha] é trabalhador, não fez esse negócio."
O advogado de Borracha, Lauro Schleder Gonçalves, afirmou que irá recorrer da sentença para tentar reduzir a pena. O réu poderá permanecer em liberdade até que os recursos se esgotem.
Gonçalves sustenta que Borracha não estava na cidade em que ocorreu o crime, com base no depoimento de testemunhas.
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