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Sarney diz que negociações da dívida dos EUA foram 'vergonhosas'
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GABRIELA GUERREIRO
DE BRASÍLIA
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), classificou nesta segunda-feira de "vergonhosas" as negociações nos Estados Unidos que resultaram na elevação do limite da dívida do governo americano.
Sarney disse que o país deu um "péssimo exemplo" ao usar politicamente o episódio na disputa entre Democratas e Republicanos.
"No momento de uma luta política visivelmente destinada já com olhos nas eleições do ano que vem, eles ofereceram ao mundo esse vergonhoso exemplo de que os partidos políticos sacrificam o país e não para que eles se dilacerem na luta política. Foi um exemplo nada construtivo e eles estão pagando caro por isso", afirmou.
Segundo Sarney, a crise nos EUA é "artificial" e provocou consequências em todo o mundo. "A Europa está com problemas sérios. Em alguns países, há problemas de liquidez, como a Grécia, a Irlanda começa a ter esses problemas, Itália, a Espanha. Isso tudo os Estados Unidos tomando a decisão que tomaram tem repercussão na Europa."
O presidente do Senado disse que a disputa política em meio à crise ganhou força com o crescimento do Tea Party --a corrente mais conservadora do Partido Republicano-- nos EUA. O peemedebista disse não acreditar em impactos imediatos no Brasil nem no Congresso Nacional.
"Em todos os momentos de dificuldades do país, temos encontrado um terreno comum no qual protegemos os interesses do país e abandonamos essa luta dilacerante de partidos. Assim foi na Independência, assim foi na República, assim foi em 1930 e assim foi em 1985."
Sarney disse que o Brasil está preparado para enfrentar a turbulência no mercado internacional.
"Estamos absolutamente preparados. Isso não significa que não tenha conseqüência no Brasil qualquer grande crise mundial. Mas até o momento, essa crise ainda não está configurada", afirmou.
DÍVIDA AMERICANA
No início do mês, o Congresso dos EUA aprovou um pacote fiscal do presidente Barack Obama ao elevar o limite da dívida do governo para evitar um calote. Os títulos do país servem de referência ao mercado, por serem numerosos e porque os EUA são tidos como ótimos pagadores.
Na sexta-feira (5), a agência de avaliação de risco Standard & Poor's rebaixou a nota dos papéis da dívida do governo americano. A decisão pode trazer forte impacto para as Bolsas e para a economia mundial.
O Tesouro americano contestou a decisão e tentou evitá-la, argumentando que houve erro na análise das contas americanas. O Fed (BC americano) afirmou que os empréstimos de títulos para instituições financeiras.
Pela primeira vez desde 1917, quando a agência concedeu o grau máximo de segurança, os papéis americanos, sempre considerados os mais seguros do mundo, perderam a nota AAA.
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