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Após arrastões, Vila Madalena e Pinheiros reforçam segurança
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GIBA BERGAMIM JR.
MANUELA AQUINO
DE SÃO PAULO
A rua é calma e com pouco movimento, o que dá mais charme e um ar de sossego a um restaurante da Vila Madalena. Mais agradável impossível para o paulistano que adora sentar-se à mesa e comer bem. Mas a passagem de um homem forte, com quase 2 m de altura, olhar atento a qualquer movimento em frente ao comércio, deixa o ambiente tenso. Bom é saber que ele está de olho na ação de criminosos.
O restaurante que o contratou foi vítima da onda de arrastões em São Paulo. Os ladrões levaram dinheiro do caixa, bolsas e celulares dos clientes.
Vigilantes começam a ser vistos com frequência num dos principais redutos gastronômicos da cidade. Essa mudança nas entradas de restaurantes procuradíssimos pela classe média paulistana começou no fim do mês passado e ocorre em bairros como Pinheiros e Vila Madalena. Até então, esse tipo de serviço não era usado pela maioria desses estabelecimentos.
No jargão policial, é o crime da moda. Como sempre acontece, as quadrilhas se espalharam. Saíram do circuito Vila Madalena/Pinheiros e já atacaram restaurantes da Vila Mariana e do Ipiranga (zona sul), do centro e da região dos Jardins (zona oeste).
Rodrigo Paiva/RPCI/Folhapress |
O segurança Daniel durante o expediente em bar na Vila Madalena, um dos bairros que entrou na rota dos arrastões |
Luzes e câmeras
Após os assaltos em série, a reportagem da sãopaulo percorreu, durante a noite, na semana passada, ruas e avenidas onde estão oito dos restaurantes que sofreram arrastões.
A maioria deles fica em ruas tranquilas à noite, que destoam das vias da área boêmia da Vila Madalena. Casos do Rothko, na Wisard, do La Trattoria e do Dois, ambos na Antonio Bicudo, e do Pita Kebab, na Francisco Leitão.
Nesses pontos, as luzes dos postes de rua não são suficientes para iluminar a fachada, muitas vezes porque árvores a encobrem.
Ouça o podcast do repórter Giba Bergamim Jr. sobre o clima de insegurança no bairro:
Num intervalo de quatro horas, a revista viu carros da PM em três ocasiões. Segundo frequentadores, o policiamento só foi reforçado após a divulgação dos crimes. "Antes dos assaltos, não era assim", diz o "roadie" Nino Rodrigues, 28, que mora na Vila e frequenta bares e restaurantes dali.
Mas os proprietários não estão parados. Boa parte deles, além de contratar seguranças, já providencia circuitos de monitoramento por câmeras.
De carrão importado
Os arrastões em restaurantes que vêm ocorrendo em São Paulo tem características em comum. Geralmente, entre quatro e cinco criminosos armados desembarcam de um carro de luxo, quase sempre roubado, invadem o restaurante e anunciam o arrastão. Enquanto um fica do lado de fora, o restante rende as vítimas e recolhe dinheiro, carteiras e celulares.
A ação não dura nem cinco minutos. Os bandidos são jovens e andam bem vestidos. "Chegaram num carrão importado. Achei que fosse cliente", disse um funcionário do Kioku Japanese Food, assaltado no mês passado, que pediu para não ser identificado.
Ali, os ladrões ignoraram a existência da delegacia a três quadras do local. Renderam funcionários e a clientela e fizeram o roubo. As vítimas entregaram tudo e foram ao 14º DP a pé para registrar a ocorrência.
Os comerciantes esperam a ação rápida do Estado e mandaram ofício à Secretaria de Segurança Pública pedindo mais policiamento. A polícia acredita que há mais de uma quadrilha envolvida.
O problema para dar continuidade às investigações é a participação das vítimas. "Muitas vezes, as pessoas que foram assaltadas não voltam à delegacia para olhar fotos de criminosos", diz o delegado Ricardo Arantes Cestari. "Isso ajudaria na identificação."
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