Para especialista, vigilância de drogas após aprovação é incipiente

Atualmente Anvisa tem apenas sete funcionários em farmacovigilância

Leonardo Neiva
São Paulo

Com a chegada de novos fármacos ao mercado, o acompanhamento e a avaliação de seus resultados para os pacientes tornam-se ainda mais importantes. A opinião é de Sílvia Storpirtis, professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, que destacou a importância da ampliação da farmacovigilância —o monitoramento dos efeitos dos medicamentos comercializados.


“É preciso avaliar se a tecnologia está cumprindo seu papel e entregando o que foi prometido no momento da incorporação ao mercado.”


Varley Dias Sousa, gerente geral de Medicamentos e Produtos Biologicos da Anvisa
Varley Dias Sousa, gerente geral de Medicamentos e Produtos Biologicos da Anvisa - Reinaldo Canato / Folhapress


De acordo com Storpirtis, para esse acompanhamento funcionar, é necessário que profissionais de saúde gerem dados clínicos confiáveis sobre seus pacientes e que as negociações entre governo e indústria farmacêutica considerem estudos de efetividade sobre os remédios.


A farmacovigilância ainda é pouco desenvolvida no Brasil, em comparação com outros países, segundo o gerente-geral de medicamentos e produtos biológicos da Anvisa, Varley Dias Sousa.


“Temos hoje na Anvisa 250 funcionários que atuam com medicamentos, e só sete em farmacovigilância. Em breve, serão nove. A FDA (agência americana que regula fármacos) tem 255 pessoas apenas nessa área.”


Foi essa falta de recursos, disse Sousa, que levou a Anvisa a dar ênfase à análise dos medicamentos antes de sua chegada ao mercado.


O ideal, segundo ele, é inverter o processo, tornando a aprovação mais rápida e avaliando de perto produtos que já estão sendo comercializados para poder retirar de circulação aqueles que não apresentem os resultados desejados.

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