Descrição de chapéu O Futuro do Nordeste

Desenvolvimento do Nordeste depende de parcerias, diz governador do Piauí

Wellington Dias (PT) cobra financiamento do governo federal em construção civil e infraestrutura

O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), e a diretora industrial da Basf em Camaçari (BA), Tania Oberding, durante o seminário Futuro do Nordeste, em Fortaleza - Keiny Andrade/Folhapress
Leonardo Neiva
Fortaleza

O desenvolvimento econômico e social do Nordeste deve passar pela integração dos governos de estados da região e por parcerias com o poder público federal e o setor privado. Um passo importante nessa integração foi a criação do Fórum dos Governadores do Nordeste, que reúne os governantes de estados da região e hoje faz negociações diretas com o governo federal.

As afirmações foram feitas pelo governador do Piauí, Wellington Dias (PT-PI), nesta quinta-feira (22), durante o seminário Futuro do Nordeste. O evento, organizado pela Folha com patrocínio do Banco do Nordeste, do Governo do Ceará e da Prefeitura de Fortaleza, aconteceu na cidade de Fortaleza (CE).

Em debate sobre a produção industrial da região, Dias cobrou maiores oportunidades de financiamento do governo federal para investimentos no Nordeste. Segundo ele, a dificuldade de conseguir empréstimos em áreas como construção civil e infraestrutura impede o crescimento econômico dos estados.

“Os estados do Nordeste têm baixo endividamento, mas o governo federal tem bloqueado financiamentos. A Bahia teve de ameaçar de prisão o superintendente do Banco do Brasil para liberar um empréstimo. O Piauí precisou recorrer ao Supremo Tribunal Federal para conseguir financiamento. Acredito que haja um equívoco na política federal de dificultar esses empréstimos”, afirmou.

O governador salientou a importância do investimento em infraestrutura para o escoamento da produção nordestina, enfatizando o prejuízo causado pela paralisação de obras como a da ferrovia Transnordestina.

Concebida para interligar os portos de Pecém (CE) e Suape (PE) a regiões produtoras de grãos e minério no Piauí, a ferrovia tem suas obras paradas desde 2016. Em janeiro do ano passado, o TCU (Tribunal de Contas da União) determinou a suspensão de repasses governamentais, apontando alto risco de não conclusão da ferrovia.

De acordo com Dias, paralisações como essa, que também incluem portos e aeroportos da região Nordeste, dificultam o comércio com outros países e fazem com que a produção precise passar por estados do Sudeste antes de ser enviada ao exterior, tornando-se menos competitiva.

LOCALIZAÇÃO ESTRATÉGICA

A diretora industrial da Basf em Camaçari (BA), Tania Oberding, destacou a importância para a indústria da posição estratégica do Nordeste, próximo dos Estados Unidos e de países da África. Ela fez críticas, entretanto, à malha de transportes no Brasil, que é primordialmente rodoviária e mais cara do que no exterior devido às más condições das estradas e aos preços dos combustíveis.

A Basf, empresa química de origem alemã, possui duas unidades industriais no Nordeste, em Jaboatão dos Guararapes (PE) e no Polo Industrial de Camaçari, onde produz ácido acrílico e polímeros superabsorventes, usados como matérias-primas para fraldas, químicos para construção, tintas, tecidos e adesivos. Segundo Oberding, a entrada da indústria na Bahia aconteceu devido às condições estabelecidas pelo polo industrial, criado na década de 1980, como disponibilidade de matéria-prima, mão de obra e energia.

Ela ressaltou a necessidade de mão de obra especializada na fábrica de Camaçari, que é suprida em grande parte por meio de uma parceria com o centro universitário Senai Cimatec, instituição de ensino superior em engenharia de Salvador (BA), da qual são originários cerca de 200 funcionários que hoje trabalham na Basf.

“Eles têm uma formação técnica muito superior ao que estava acostumada quando trabalhava na fábrica da Basf em Guaratinguetá (SP), que, por não ser um polo petroquímico, não tem instituições como o Senai daqui”, disse.

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