É preciso inovar no combate ao crime, dizem especialistas

Falta de novas práticas para solucionar problemas na segurança pública faz que país não alcance bons resultados na área

Leonardo Neiva
Goiânia

A falta da aplicação de práticas inovadoras para solucionar problemas de segurança pública é a principal razão para o país não ter alcançado ainda bons resultados na área, segundo participantes de seminário sobre inovação no Centro-Oeste.


Indicadores recentes da violência, como o aumento do encarceramento e da criminalidade, mostram que o combate ao crime está estagnado, segundo Pedro Luiz Costa, coordenador de estudos e políticas de Estado do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão do Ministério do Planejamento.


“Nossa política de segurança aponta para uma incapacidade de lidar com um dos problemas mais tradicionais do Estado”, afirmou Costa.

Da esq p/ dir.: o repórter da Folha Everton Lopes, Fabricio Motta (prof de direito da UFG), Joaquim Mesquita (secretario de Gestao e Planejamento de Goiás ) e Pedro Luiz Cavalcante (coordenador do Ipea) no evento da Folha em Goiânia
Da esq p/ dir.: o repórter da Folha Everton Lopes, Fabricio Motta (prof de direito da UFG), Joaquim Mesquita (secretario de Gestao e Planejamento de Goiás ) e Pedro Luiz Cavalcante (coordenador do Ipea) no evento da Folha em Goiânia - Keiny Andrade/Folhapress


Em 2016, os homicídios no Brasil alcançaram o maior patamar de sua história: foram 61,6 mil mortes violentas, segundo estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.


Costa sugere que as autoridades comecem a se espelhar em outras áreas de gestão pública, como a social ou de infraestrutura, propondo alternativas, parcerias e repensando constantemente o problema sob outra ótica.


Para o secretário de Gestão e Planejamento de Goiás, Joaquim Mesquita, esse novo ponto de vista para o combate à criminalidade deve estar focado em maiores incentivos à educação pública.

EDUCAÇÃO

“Quando estava à frente da secretaria de Segurança Pública, um levantamento apontou que, dos 6.000 presos do sistema carcerário, nenhum havia concluído o ensino médio no tempo certo ou tinha nível superior”, afirmou Mesquita, que já foi delegado da Polícia Federal.


“Frequentar a escola fará com que essas pessoas deixem de ser massa de manobra para criminosos”, disse.


Uma série de rebeliões em penitenciárias goianas deixou nove mortos e 14 feridos no início deste ano. O estado tem a quarta maior taxa de homicídios do Brasil, segundo estudo do Ipea.


De acordo com o secretário, a principal iniciativa do governo de Goiás na educação tem sido monitorar a frequência e o motivo do não comparecimento de jovens nas escolas, por meio da integração dos sistemas de informação de saúde, ensino e programas sociais.

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