Descrição de chapéu ESG

Responsabilidade socioambiental torna empresas mais competitivas

Líderes dão exemplos de como a agenda ESG gerou benefícios econômicos

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Guarulhos (SP)

Aderir às melhores práticas ambientais, sociais e de governança, que no mercado são conhecidas pela sigla ESG, faz com que as empresas estejam alinhadas com os anseios do consumidor, mas não apenas isso. Essa agenda tem se desdobrado em fator de competitividade, geração de valor e, em última instância, lucro.

“Estamos em um momento de taxa de juros muito baixa e excesso de capital. Esse dinheiro procura projetos que façam sentido e tenham propósito, o que muda a forma como fazemos análises financeiras”, diz o CEO da construtora MRV, Eduardo Fischer.

A aproximação do setor financeiro, que acelerou a adoção desse guarda-chuva de responsabilidades, tem tornado a relação entre ESG e economia mais evidente, afirma Onara Lima, diretora de sustentabilidade da Ambipar, empresa de gestão ambiental. “Quando se evita um risco [social ou ambiental], evita-se também um gasto.”

Os resultados do dia a dia traduzem a mensagem que os gestores querem transmitir, e os exemplos se multiplicam.

No caso da MRV, diz o CEO, 25% dos postos gerais de liderança são ocupados por mulheres. A porcentagem, ele reconhece, ainda não é a ideal, mas tem dado respostas que surpreenderam positivamente. Em 2020, uma análise interna permitiu observar que, das dez melhores obras da construtora, seis foram gerenciadas por mulheres.

O resultado contribui também para o próprio amadurecimento dos gestores da empresa do ramo de engenharia, área tradicionalmente masculina. “Por muito tempo, fui contra cotas, achei que isso não era meritocrático. Mas aí você vai ficando mais experiente e vê que, de fato, a competição [entre homens e mulheres] é desigual”, relata Fischer.

Na Ambipar, única empresa de gestão ambiental listada na B3 (bolsa de valores brasileira), a pauta ESG tem gerado valor por meio da economia circular —​aquela que busca evitar o descarte de resíduos no meio ambiente.

No final do último ano, por exemplo, a multinacional desenvolveu um novo sabonete que tem como matéria-prima o colágeno proveniente de cápsulas de vitaminas e medicamentos produzidos pelas indústrias farmacêuticas, material que antes era destinado a aterros sanitários.

Criou também o Ecosolo, um adubo orgânico com base em resíduos da indústria de papel e celulose que ajuda na fixação de carbono no solo, o que auxilia no aumento da produtividade das culturas. “Não olhamos mais como resíduo, mas sim como potencial subproduto dentro de um novo processo”, declara a diretora de sustentabilidade.

A energia sustentável tem sido escolha de muitas companhias. No caso da Ambev, do ramo de bebidas, a adoção começou nas cervejarias e, graças aos resultados positivos, foi implantada nos centros de distribuição. Hoje é adotada também nos caminhões elétricos, responsáveis pelo transporte dos produtos.

“Quando começamos com isso, houve um certo ceticismo de como poderia gerar valor”, relata o vice-presidente de sustentabilidade e suprimentos da empresa, Rodrigo Figueiredo.

A companhia se comprometeu a, até 2023, ter metade de sua frota de veículos elétricos e 90% das operações abastecidas por energia renovável. Também trabalha na construção de um parque eólico de 1.600 hectares na Bahia, que deve suprir a demanda de cinco fábricas da região.

A área também é estratégica para mitigar os impactos de crises econômicas, como a desencadeada pela pandemia, afirma Clarissa Sadock, CEO da AES Brasil, multinacional de geração de energia renovável. “É uma oportunidade para que o cliente repense suas despesas, já que a energia eólica e solar é cada vez mais competitiva.”

Na busca por transformar um quadro operacional majoritariamente masculino, a empresa, que tem sede nos EUA, firmou uma parceria com o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) para capacitar mulheres que vão trabalhar em um novo parque eólico na Bahia.

A MRV também viu espaço de atuação na área. Há cinco anos, passou a instalar energia solar fotovoltaica nos seus imóveis econômicos para famílias com renda entre R$ 2.500 e R$ 3.000.

“Chamamos de democratização da energia renovável. Colaborar para que as despesas do consumidor caiam, já que ele tem uma conta de energia mais barata, nos ajuda, porque ganhamos um cliente de longo prazo e com inadimplência menor”, diz o CEO da MRV, Eduardo Fischer.

Grande parte dessas mudanças é possível graças ao investimento em pesquisa, desenvolvimento e inovação, acrescentam os debatedores. A Ambipar tem uma área própria para isso. A Ambev, em 2018, lançou uma aceleradora de startups, que já conta com cerca de 20 projetos selecionados. “Gente boa, tecnologia, propósito e gestão fazem acontecer”, resume Rodrigo Figueiredo, da Ambev.

O seminário sobre ESG, realizado em 25 de maio, teve patrocínio da multinacional Ambipar e apoio da MRV Engenharia. A mediação foi feita por Joana Cunha, editora da coluna Painel S.A., da Folha.


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