Descrição de chapéu Propostas para a Saúde de SP

Lupa: veja erros e acertos dos representantes de candidatos ao Governo de SP em debate promovido pela Folha

Participaram do encontro enviados das três campanhas mais bem posicionadas nas pesquisas de intenção de voto

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Agência Lupa

Representantes dos três melhores colocados nas pesquisas de intenção de voto para o governo de São Paulo participaram de um debate sobre saúde promovido pela Folha na terça-feira (20).

O ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, o ex-presidente da Associação Médica Brasileira Eleuses Paiva e o secretário de Ciência, Pesquisa e Desenvolvimento de São Paulo, David Uip, representaram, respectivamente, as campanhas de Fernando Haddad (PT), Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Rodrigo Garcia (PSDB).

No centro das discussões, as propostas de cada candidato para melhorar os serviços de saúde que são oferecidos à população paulista. A Lupa analisou algumas das declarações de cada um dos participantes.

Homem branco segura microfone
Alexandre Padilha, representante da candidatura de Fernando Haddad (PT), participa de debate sobre saúde no estado de São Paulo - -Marcelo Chello/Folhapress

Alexandre Padilha, representante de Fernando Haddad (PT)


[Haddad na Prefeitura de São Paulo] investiu muito mais, chegou a 24%, 25% de investimento na área da saúde, bem superior a o que estava na Constituição

Alexandre Padilha

representante de Fernando Haddad (PT)

EXAGERADO

De acordo com relatórios técnicos da Prefeitura de São Paulo, as aplicações de recursos na área da saúde não atingiram 24% das receitas correntes em nenhum dos anos em que Fernando Haddad era prefeito.

Em 2013, a despesa com ações e serviços públicos de saúde foi de 18,43% do total das receitas correntes (página 42). Essa proporção subiu em 2014 (19%, página 44) e 2015 (19,88%, página 107) até atingir o ápice em 2016, 22,75% (página 134) —ainda assim, sem alcançar o patamar de 24% que foi citado por Padilha.

A Lei Complementar nº 141/2012 determina que pelo menos 15% das receitas que são arrecadadas pelos municípios sejam destinadas à área da saúde.

Procurada, a assessoria da campanha de Fernando Haddad destacou que, apesar de a gestão não ter atingido o patamar de 24%, a elevação de 18,5% para 22,75% representava valores "muito acima do mínimo" estabelecido por lei. Além disso, afirmou que, em números absolutos, o total investido na área passou "de R$ 4,9 bi para R$ 7,6 bi, aumento de 55%".


“O estado de São Paulo é o que mais forma médicos”

Alexandre Padilha

representante de Fernando Haddad

VERDADEIRO, MAS

Em números absolutos, de fato, São Paulo foi o estado que mais registrou concluintes no curso de medicina: 4.491, segundo o Censo da Educação Superior mais recente, de 2020.

No entanto, se o critério for a proporcionalidade em relação à população, São Paulo cai para a 19ª colocação nacional, com 9,6 médicos formados a cada 100 mil habitantes.

Naquele ano, a Paraíba alcançou o 1º lugar, com 25,9 médicos formados a cada 100 mil habitantes, seguido por Tocantins (24,9) e Minas Gerais (19).


Homem fala ao microfone
Eleuses Paiva, representando a candidatura de Tarcísio de Freitas, participa de debate sobre saúde no estado de São Paulo - -Marcelo Chello/Folhapress

Eleuses Paiva, representante de Tarcísio de Freitas (Republicanos)

“Vamos fazer uma porcentagem per capita. São mais ou menos 0,3 vida para cada cem habitantes [...] o Estados Unidos perdeu 0,45 [...] Nos Estados Unidos morreram 50% a mais per capita que o Brasil”

Eleuses Paiva

representante de Tarcísio de Freitas (Republicanos)

FALSO

Neste momento, os dois países apresentam taxas semelhantes de mortes por Covid-19 em relação à população, com os Estados Unidos ligeiramente à frente.

Segundo dados da plataforma Worldometers, que resume informações publicadas pelas autoridades sanitárias de 228 países e territórios no mundo, 1,080 milhão de pessoas morreram de Covid-19 nos Estados Unidos, o que representa 3.227 mortes para cada milhão de habitantes —ou 0,3227%.

No Brasil, foram 685.656 mortes, ou 3.184 para cada milhão de habitantes —0,3184%. Os dois países estão entre os 20 mais afetados pela pandemia no mundo. Os Estados Unidos são o 16º e o Brasil o 19º em números proporcionais —e o primeiro e segundo, respectivamente, em números absolutos. A assessoria da campanha de Tarcísio de Freitas foi procurada, mas não respondeu.


“Se a gente olhar o Japão, qual é a porcentagem? É 10 vezes menos [que no Brasil]: 0,03%”

Eleuses Paiva

representante de Tarcísio de Freitas (Republicanos)

VERDADEIRO

Segundo a plataforma Worldometers, o Japão registrou 44.071 mortes por Covid-19. Isso representa 351 mortes por milhão de habitantes, ou 0,0351%. A proporção de mortes no Brasil (0,3184%) é 9,1 vezes mais alta.


Homem fala ao microfone
David Uip, representando a candidatura de Rodrigo Garcia, participa de debate sobre saúde realizado pela Folha em parceria com o Sindhosp (Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo) e a farmacêutica Janssen - -Marcelo Chello/Folhapress

David Uip, representante de Rodrigo Garcia (PSDB)

Do ponto de vista público do estado de São Paulo, nós temos 103 hospitais. Isso é o somatório de hospitais estaduais do Brasil, [que] não atinge esse número de 103 hospitais

David Uip

representante de Rodrigo Garcia (PSDB)

FALSO 

Apesar de representar sozinho parcela expressiva dos hospitais estaduais em território nacional, o estado de São Paulo tem 102 dos 656 estabelecimentos do tipo no país. Ou seja, para além dos hospitais estaduais de São Paulo, existem outros 554 de mesma esfera jurídica em outros estados.

Os dados são do Datasus, produzido pelo Ministério da Saúde, com mês de referência em agosto de 2022. Foram incluídos no levantamento hospitais gerais, especializados e Hospitais Dia ligados às administrações públicas estaduais. A assessoria da campanha de Rodrigo Garcia foi procurada, mas não respondeu.


[Haddad] prometeu quatro hospitais (...)

David Uip

representante de Rodrigo Garcia (PSDB)

EXAGERADO 

Haddad havia prometido construir três, e não quatro hospitais em São Paulo. Isso está descrito no Programa de Metas para 2013-2016 apresentado pela sua gestão:

"Obter terrenos, projetar, licitar, licenciar, garantir a fonte de financiamento e construir três hospitais, ampliando em 750 o número de leitos do sistema municipal de saúde" (pág. 34). O compromisso tornou-se a meta 22 do governo. A assessoria da campanha de Rodrigo Garcia foi procurada, mas não respondeu.


“[Haddad] (...) entregou um [hospital]”

David Uip

representante de Rodrigo Garcia (PSDB)

VERDADEIRO 

Durante sua gestão na prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad entregou apenas um hospital dos três prometidos: o Vila Santa Catarina (Dr. Gilson de Cássia Marques de Carvalho). A unidade foi inaugurada em 2015 e começou a funcionar em 2016.

Outros dois hospitais iniciados por Haddad não foram concluídos durante seu governo: o de Parelheiros e o da Brasilândia. Eles foram inaugurados, respectivamente, em 2018 por João Doria (PSDB) e em 2020 por Bruno Covas (PSDB).

Bruno Nomura, Nathália Afonso, Chico Marés e Maurício Morais

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