Foi durante uma aula no ensino médio que Giovanna Fonseca, 19, conheceu o conceito de habilidades socioemocionais. Percebeu na hora que já havia aprendido na prática a maioria das competências ensinadas ali.
Esse aprendizado aconteceu no Lar das Crianças, entidade mantida pela Congregação Israelita Paulista. A instituição, localizada no Alto da Boa Vista, zona sul de São Paulo, oferece aulas de música e esporte para crianças e jovens de famílias de baixa renda.
Diarista, sua mãe, Luzia, 41, sempre quis que a filha tivesse a oportunidade de estudar. Todos os dias, ela ou o pai, Ailton, 47, levavam a menina para passar as tardes na instituição. Giovanna, que entrou ali aos três anos de idade, conta que uma das suas primeiras paixões foi o esporte.
"Com uns seis anos, descobri o judô. Eu adorei porque, na época, era quase uma brincadeira para mim. Hoje, vejo que aprendi muito sobre disciplina e respeito lutando."
Seu desempenho nos treinos chamou a atenção dos professores do clube A Hebraica. Eles a convidaram para participar de campeonatos, e Giovanna chegou a se destacar e ganhar medalhas, mas abandonou a modalidade por um problema no joelho.
No Lar das Crianças, então, começou a se dedicar ao violão e ao canto, práticas das quais se lembra até hoje.
A partir do nono ano do ensino fundamental, as atividades da instituição passaram a dar maior enfoque à preparação para a vida profissional. Nesse período, Giovanna foi aprovada no processo seletivo para cursar o Ensino Médio Integrado ao Técnico do Instituto Israelita de Pesquisa Albert Einstein, na unidade Paulista.
Giovanna lembra do susto que levou com o conteúdo no primeiro dia de aula no novo colégio. "Na minha sala, só eu tinha vindo de escola pública. Quando o professor começou a explicar a matéria, a sala toda estava concordando, e eu nem sabia o que significava aquilo que ele tinha escrito. Não sabia nem quais eram as minhas dúvidas."
A comunicação e a facilidade em trabalhar em equipe, desenvolvidas por ela com as aulas de música e a prática esportiva, foram fundamentais para que ela conseguisse superar essa dificuldade inicial.
Nessa época, Giovanna queria ser médica, mas acabou se sentindo desestimulada após ouvir, em uma excursão à USP, depoimentos de alunos sobre a faculdade e a profissão.
Em uma ida à Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein, teve o seu primeiro contato com a fisioterapia. "Eu vi um lado que me interessou, do trabalho em UTI, com recuperação respiratória. É o que eu quero seguir", diz ela, que está no segundo ano do curso na instituição.
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