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Amazon lança Luna e entra na batalha por fatia do mercado de jogos online

Varejista entra para competir com a Microsoft, a Sony e o Google; mercado deverá ultrapassar US$ 200 bilhões em receitas neste ano

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Patrick McGee
San Francisco | Financial Times

A Amazon entrou na corrida para ser o "Netflix dos jogos" na quinta-feira (24) com um serviço por assinatura projetado para desafiar o Xbox Game Pass da Microsoft, o PlayStation Now da Sony e o Stadia do Google.

O lançamento do Luna —serviço baseado em nuvem de US$ 5,99 (cerca de R$ 33,00) por mês, que oferece jogos que podem reproduzidos em PCs, televisores, tablets e smartphones— coloca a Amazon na batalha por uma fatia do mercado de games online, que deverá ultrapassar US$ 200 bilhões em receitas neste ano, de acordo com o grupo de inteligência de mercado IDC.

A notícia chega poucos dias depois de a Microsoft ter pago US$ 7,5 bilhões pela desenvolvedora de jogos ZeniMax, e no mesmo mês a Microsoft e a Sony terem permitido que os clientes fizessem pré-encomendas de seus consoles de jogos de última geração.

Logo da Amazon em New York - Johannes Eisele/AFP

A Amazon disse que o mundo está entrando na "era de ouro dos games" e que oferecerá títulos populares como Sonic the Hedgehog e Assassin's Creed. Um controlador para vários dispositivos que a Amazon está vendendo custará US$ 49 (R$ 272).

"Este é apenas o começo —a 'Game Wars' é a nova corrida tecnológica da megacapitalização", disse Neil Campling, analista de tecnologia da Mirabaud Securities. "Amazon, Apple, Google, Facebook e Microsoft, todas querem jogar."

A Amazon já possui a Twitch, empresa adquirida por US$ 1 bilhão em 2014 que permite aos usuários assistir a jogos ao vivo. Ela não especificou uma data para o lançamento do Luna.

A empresa pode ter sido tentada a mergulhar mais fundo nos games ao seguir os padrões de tráfego em sua divisão de computação em nuvem Amazon Web Services, acrescentou Campling.

"Isso me lembra que 35% do tráfego noturno da AWS estavam no Netflix anos atrás", disse Campling. "Isso os levou a lançar o Prime Video. Eles podem ver que esta indústria está quente e querem um lugar à mesa."

Sarah Hindlian-Bowler, chefe de pesquisa de software da Macquarie, lembrou que há dois anos a Microsoft já dizia que seus futuros concorrentes não seriam fabricantes de consoles, como Sony e Nintendo, mas sim Google e Amazon, que podem criar serviços de streaming em alta velocidade.

"As formas como as pessoas jogam são muito diferentes hoje", disse ela. "Elas nem estão jogando no sentido de competir para chegar ao fim e ganhar o jogo. Na verdade, estão vivendo em mundos virtuais, socializando em mundos virtuais e comprando coisas em aplicativos."

Campling acrescentou: "Os jogos, de muitas maneiras, estão se tornando a mais nova forma de rede social. E é isso que as pessoas não percebem... Se você recuar apenas dez anos, a indústria era do mesmo tamanho que Hollywood [em receitas]. Hoje é quatro vezes maior e cresce a uma taxa de dois dígitos a cada ano".

O Luna é a resposta da Amazon ao Google Stadia, serviço de jogos em nuvem lançado em novembro de 2019 que é amplamente considerado um fracasso.

Sundar Pichai, presidente-executivo do Google, durante apresentação da Stadia - Josh Edelson - 19.mar.2019/AFP

Analistas dizem que o Stadia chegou sem jogos suficientes e com o modelo econômico errado, no qual os usuários pagavam uma assinatura mensal, mas ainda eram cobrados a mais por conteúdo sob demanda.

"Você precisa ser muito claro com seus usuários se estiver oferecendo uma taxa fixa de assinatura", disse Hindlian-Bowler. Ele explicou que os pais muitas vezes recebiam cobranças inesperadas, o que resultou em muitos cancelamentos.

A Amazon disse que o Luna oferecerá aos consumidores "canais de jogos" adicionais por uma taxa, cada qual com uma gama de títulos de primeira linha. O primeiro parceiro de canal é a Ubisoft, criadora da franquia Prince of Persia e outros jogos.

Um serviço de games foi apenas um dos vários anúncios da Amazon na quinta em uma live de 45 minutos que demonstrou as ambições do grupo de comércio eletrônico de ser um grande participante em hardware de consumo.

Ela anunciou alto-falantes inteligentes em forma de esfera equipados com recursos aprimorados do assistente de voz Alexa, uma câmera de segurança para carros —incluindo uma parceria com a Tesla-- e um drone em miniatura que pode voar em ambientes fechados fornecendo segurança por vídeo.

Ben Wood, analista da CCS Insight, disse que a Amazon está se movendo tão rapidamente que "a Apple corre o risco de ficar para trás" no crescente segmento de tecnologia para produtos domésticos inteligentes.

"A Amazon está se tornando cada vez mais presente em nossa vida cotidiana, e isso deve ser uma preocupação significativa para suas concorrentes."

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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