Segurança digital deve estar presente em todos os setores de uma empresa

Debate sobre privacidade também precisa ser disseminado na sociedade civil

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São Paulo

A segurança digital deve passar por todas as áreas de uma organização, pública ou privada, e estar presente nos processos de construção de novas ferramentas digitais desde seu planejamento. Assim, protocolos de proteção de dados serão mais eficazes.

"Muitas plataformas não tiveram a segurança e a privacidade como princípios e relatos de incidentes são cada vez mais noticiados", afirma Michelle Wangham, pesquisadora de desenvolvimento e inovação da RNP (Rede Nacional de Ensino e Pesquisa).

No ano passado foram registradas 4,1 milhões de movimentações digitais suspeitas no Brasil, de acordo com o Indicador de Tentativas de Fraude da Serasa Experian, empresa de análise de informações de crédito. O número, maior da série histórica, que teve início em 2011, é 16,8% maior que o de 2020, quando houve 3,5 milhões de ataques.

O repórter especial da Folha Raphael Hernandes medeia discussão durante o seminário Privacidade e Segurança na Era Digital; mesa contou com André Sucupira, do Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados), Cynthia Picolo, do Laboratório de Políticas Públicas e Internet (Lapin), Michelle Wangham, da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) e Claudio Miceli, pesquisador do Instituto de Aplicações e Pesquisas Computacionais da UFRJ
O repórter especial da Folha Raphael Hernandes medeia discussão durante o seminário Privacidade e Segurança na Era Digital; mesa contou com André Sucupira, do Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados), Cynthia Picolo, do Laboratório de Políticas Públicas e Internet (Lapin), Michelle Wangham, da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) e Claudio Miceli, pesquisador do Instituto de Aplicações e Pesquisas Computacionais da UFRJ - Keiny Andrade/Folhapress

Cibersegurança foi o tema debatido durante o seminário Segurança e Privacidade na Era Digital, promovido pela Folha, na terça (19). O evento teve patrocínio da unico, empresa de soluções em identificação digital, e foi mediado por Raphael Hernandes, repórter especial do jornal.

Para André Sucupira, responsável pela proteção de dados e diretor jurídico e de governança do Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados), incidentes no ambiente virtual são inevitáveis, mas as organizações devem estar prontas para conter o prejuízo o quanto antes. "Temos que estar preparados para responder imediatamente, evitar que danos ocorram e garantir que o serviço retorne da melhor forma possível."

A opinião é compartilhada por Cynthia Picolo, diretora do Lapin (Laboratório de Políticas Públicas e Internet), centro de pesquisa sobre os desafios sociais, éticos, e jurídicos das tecnologias digitais.
"É muito importante ter um plano de segurança bem estruturado para existir a identificação e quantificação de riscos." Após um incidente, ela indica que as organizações mantenham boa comunicação com quem foi lesado, explicando quais os danos e como mitigá-los.

Ela diz que a segurança digital não deve ser preocupação apenas para quem cuida da inteligência de dados. Toda a população deve estar ciente das maneiras para proteger informações. Entender as práticas de segurança mais recomendadas, desconfiar de links estranhos, além de utilizar recursos de autenticação mais robustos nas aplicações são algumas das medidas para diminuir a vulnerabilidade.
Dados da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), divulgados em 2021, mostram que apenas 37% dos brasileiros conhecem "muito bem" ou "mais ou menos bem" a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) e 86% dos entrevistados têm medo de serem vítimas de fraudes digitais.

André Sucupira, do Serpro, afirma que a LGPD trouxe a possibilidade de o cidadão acompanhar o fluxo de circulação de seus dados e levou o debate sobre privacidade à mesa de dirigentes de organizações grandes e pequenas.

Mas ainda falta à população se familiarizar com a lei. Ele explica que é importante procurar saber para onde vão os dados, com quem são compartilhados e quanto tempo a informação permanece em cada plataforma.

Picolo, do Lapin, acrescenta que o diálogo entre academia, sociedade civil e autoridades do setor público e privado pode contribuir positivamente para o desenho de diretrizes públicas de segurança digital. "Assim essas políticas podem ter uma representatividade maior e falar a linguagem da população", diz ela.

Claudio Miceli, pesquisador do Instituto de Aplicações e Pesquisas Computacionais da Universidade Federal do Rio de Janeiro, relembra a importância da formação do profissional de tecnologia, principalmente com o processo de digitalização que foi acelerado durante a pandemia.

"Com o boom dos serviços de internet dos últimos dois anos e o aumento da necessidade do pessoal de TI, a formação ficou prejudicada", diz.

Para ele, a resposta está no investimento em educação contínua, assim os profissionais podem se manter atualizados sobre os protocolos de segurança da informação.

Segundo a Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação), até setembro de 2021 foram gerados 123,5 mil novos empregos em tecnologia, aumento de 183% sobre o mesmo período de 2020.

O estudo indica que a demanda por mão de obra especializada deve continuar crescendo, chegando a 797 mil novos postos de trabalho até 2025. No entanto, com o número de formandos aquém do necessário, a pesquisa projeta um déficit anual de 106 mil profissionais.

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