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Carnaval eleva risco do 'golpe do fake erótico'; previna-se

Links divulgados na rede social levam a sites de pagamento disfarçadas de plataformas de conteúdo adulto

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São Paulo

O engenheiro civil de Goiânia Adriano Teixeira, 31, descobriu, por mensagens de terceiros, um perfil erótico falso com fotos dele. Quando procurou tal conta, o goiano descobriu que estava bloqueado, mas já sabia que fake apresentava um link fraudulento para o site "just4fan.com" —um simulacro do OnlyFans.

Ao procurar os termos "fotos", "instagram" e "fake", no Twitter, a Folha encontrou relatos de mulheres e homens GBT+ que tiveram a imagem apropriada por esse golpe, cujo alcance tende a crescer em temporada de festas, como o Carnaval. Ao menos, oito pessoas confirmaram a situação à reportagem.

Golpe do Instagram
Criminosos costumam se passar por perfis populares e republicam fotos que podem gerar alto engajamento - Catarina Pignato

Em todos os casos, os endereços virtuais divulgados nos fakes eróticos levam a páginas com formulários de pagamento, em meio a imagens explícitas borradas ou que não apresentam a face da pessoa gravada. Além de dinheiro, os estelionatários podem conseguir dados pessoais para usar em outras fraudes.

No Instagram, os perfis apresentam imagens das vítimas em roupas de banho acompanhadas de descrições apelativas, como "fotos e vídeos sem censura estão agora sendo carregados na minha nova página!"

Teixeira conseguiu que o perfil fosse deletado após pedir para amigos e familiares denunciarem a conta e as fotos lá publicadas. O Instagram demorou dois dias para tomar providências.

Perfil falso do goiano Adriano Teixeira excluído pelo Instagram após denúncias. A biografia da conta diz: "verifique o link abaixo para conteúdo exclusivo"
Perfil falso do goiano Adriano Teixeira excluído pelo Instagram após denúncias. A biografia da conta diz: "verifique o link abaixo para conteúdo exclusivo" - Arquivo pessoal

Mas o carioca Anderson Silva, 27, ainda aguarda ações da rede social, após descobrir a conta falsa com suas fotos na manhã desta quinta-feira (16). "Só queria que o Instagram fizesse algo, porque os criminosos continuam ganhando seguidores com minhas fotos", diz Silva.

O fake do economista goiano Humberto Lima continua no ar há duas semanas.

No caso da catarinense Jessica Carolina Cieslik, 31, os criminosos usaram o perfil falso do Instagram para direcionar o público para uma conta fake na plataforma de bate-papo erótico "Fansmine" —o site não verifica se as fotos lá vinculadas são, de fato, do usuário.

Jessica reportou o abuso à plataforma adulta, que respondeu não ter encontrado relação entre as denúncias da vítima do golpe e o conteúdo veiculado pela conta que ela denunciou. Imagens da catarinense, roubadas do Instagram, continuam a circular na rede ao lado de conteúdo pornográfico.

A catarinense Luana Ramos, 24, também teve seu perfil clonado e disse que a conta com promessas eróticas seguiu seus familiares e amigos do gênero masculino.

Segundo o advogado especializado em direito digital Alexandre Atheniense, essas páginas falsas, além de estelionato, praticam crimes contra a honra, ao relacionar pessoas a material adulto, sem permissão.

As vítimas devem procurar registrar boletim de ocorrência e procurar a Justiça para pedir a remoção das publicações, caso as próprias plataformas não o façam.

As páginas ficam hospedadas em plataformas que facilitam o desenvolvimento de sites, como Wix e Beacon —ambas ofertam pacotes de assinatura e oferecem formulários para denunciar abusos (Wix e Beacon).

Procurada, a Meta, proprietária do Instagram, afirma que atividades fraudulentas que visem enganar, deturpar, cometer fraude ou explorar terceiros não são permitidas na rede social. "Recomendamos que as pessoas denunciem quaisquer atividades suspeitas no Instagram e que acreditem que possam ir contra as nossas diretrizes da comunidade através do próprio aplicativo", afirma a empresa em nota.

Segundo a Divisão de Crimes Cibernéticos da polícia civil do Estado de São Paulo, esses criminosos têm agido de forma individual. "Temos investigações em andamento para identificar e prender os autores dessa modalidade de crime".

Clone de quatro dos oito pessoas entrevistadas pela reportagem continuam no ar.

Como proteger suas fotos

A Cartilha de Segurança para Internet do CERT.br (Centro de Estudos, Respostas e Tratamento de Incidentes de Segurança no Brasil) indica estes cuidados para proteger suas redes sociais:

  • Seja seletivo ao aceitar seguidores

  • Configure sua conta como privada, quando possível

  • Verifique a identidade da pessoa antes de aceitá-la em sua rede

  • Bloqueie contas falsas,

  • Evite compartilhar publicamente informações pessoais

  • Ajuste o público-alvo das fotos que compartilha

O material está disponível neste link.

No Instagram, é possível ajustar quem pode ver as fotos nas configurações de privacidade.

Os usuários ainda podem ativar a opção de só ser seguido por quem aprovar. Assim, só vê os stories quem tem aval para acompanhar as publicações.

O Instagram também mostra todas as pessoas que visualizaram o que foi publicado nos stories. Assim, a pessoa tem a opção de restringir o acesso de determinadas pessoas às publicações.

Essa opção não é perceptível para quem tem o acesso limitado, segundo a Meta.

Cuidado: os golpistas também podem roubar as fotos de outras redes sociais.

Denuncie a conta no Instagram

  • Toque no ícone de reticências na parte superior direita do perfil

  • Selecione a opção "denunciar"

  • Clique em "o conteúdo é inadequado" e, depois, em "denunciar conta"

  • Selecione a opção "está fingindo ser outra pessoa"

  • Indique se a conta falsa está fingindo ser você, um conhecido, uma organização ou uma figura pública. No caso de perfis verificados, você pode indicar qual o perfil legítimo que a conta falsa está fingindo ser.

A denúncia também pode ser por fraude. Na aba denunciar, selecione a opção "outro motivo" e, na sequência, aperte em "golpe ou graude".

Registre boletim de ocorrência

Em São Paulo, é possível registrar ocorrência de cibercrime na delegacia virtual. Os outros estados também disponibilizam esse recurso.

É importante informar o crime às autoridades para iniciar uma investigação sobre o fato ou outros crimes similares.

A polícia civil paulista disponibiliza uma cartilha com recomendações e orientações para evitar fraudes cibernéticas, disponível neste link.

Denuncie para as plataformas que hospedam os sites falsos

A plataforma Wix tem formulário próprio para receber denúncias. "Denunciar conteúdo abusivo ajuda o Wix a manter os altos padrões éticos praticados dentro da nossa comunidade de usuários". As queixas não valem para spam.

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