A partir de uma frase, a plataforma de inteligência artificial (IA) Gen 2, da startup Runaway AI INC, entregou um vídeo curto. Parecia ser uma filmagem de drone de uma paisagem desértica —justamente como havia sido pedido.
A IA é lançada na esteira do sucesso do robô gerador de texto ChatGPT, que conseguiu 100 milhões de usuários em dois meses de funcionamento, e do robô gerador de imagens Dall-E, também criado pela Open AI. Agora, com o Gen 2, a tecnologia vence a fronteira do vídeo.
A apresentação do robô, comandada pelo CEO da Runaway AI, Cris Valenzuela, foi acompanhada pela agência de notícias Bloomberg.
O Gen 2 ainda está em estágio de testes. Interessados podem se inscrever no site da Runaway AI em uma lista de espera para usar a plataforma. As atualizações do sistema são publicadas no aplicativo de chat Discord.
O modelo de inteligência artificial da Runway começou como um filtro de imagens. Com um vídeo de base, era possível adicionar uma segunda imagem de referência e criar um material inédito.
Nesta nova fase, é possível tanto criar vídeos do zero, quanto fazer montagens a partir de imagens e palavras. De acordo com a empresa, o Gen 2 entrega os melhores resultados quando há uma sequência de imagens, como vários ângulos do mesmo personagem.
Valenzuela disse que, em texto, comandos mais simples funcionam melhor com o Gen 2. Nos modelos de texto para imagem concorrentes Dall-E ou Stable Diffusion, quanto maior o detalhamento, melhor o resultado.
Ainda em dezembro, o colunista da Folha Ronaldo Lemos havia mostrado que era possível produzir vídeos curtos com automação e contratação de serviços por plataforma e monetizar os resultados do conteúdo. A plataforma que permitia a leitura de roteiros era a Synthesia, capaz de criar personagens, mas sem a montagem de cena.
"Agora, qualquer um em qualquer lugar podem criar mundos inteiros", diz vídeo institucional da Runaway divulgado na segunda-feira (20).
Especialistas, porém, se preocupam com a disseminação de fake news com esses modelos de inteligência artificial.
Artigo do professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas) Luca Belli e da pesquisadora da mesma instituição Nina da Hora para a Folha mostrou que o ChatGPT permitiu a criação em série de emails fraudulentos, em golpe conhecido como phishing.
Modelos de Deep Fake, que usam inteligência artificial para sobrepor imagens a vídeos, já foram usados para criar material pornográfico falso de celebridades. A cantora Anitta já foi difamada com material dessa origem.
Segundo a Bloomberg, a Runway combina IA e moderação humana para impedir que os usuários gerem vídeos com Gen 2 que incluam pornografia, conteúdo violento ou que violem direitos autorais. Esses métodos, contudo, podem falhar.
Outro defeito dos vídeos gerados pelo Gen 2 são leves distorções, presentes em todos o material da plataforma. Os detalhes de pessoas e animais também deixam a desejar.
Na apresentação do modelo, o CEO da Runway, Valenzuela afirmou ser cedo. "O modelo vai melhorar com o tempo".
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