ChatGPT: Caetano Veloso pergunta a CEO da OpenAI como artistas serão pagos na era da IA

De passagem pelo Brasil, Sam Altman mostrou interesse em projeto de lei brasileiro para regular tecnologia em encontro no Rio nesta quarta

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São Paulo

O cantor Caetano Veloso questionou o chefe-executivo por trás do ChatGPT, Sam Altman, como os artistas vão ser remunerados pelo uso de produções culturais no desenvolvimento de inteligências artificiais (IA). Altman respondeu que concorda que os criadores devem ser pagos, sem especificar como.

A cena foi relatada à reportagem por Ronaldo Lemos, cientista-chefe do Instituto Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS-Rio) e colunista da Folha. A organização recebeu o executivo da startup de IA OpenAI nesta quarta-feira (17) para discutir o impacto dessa tecnologia sobre o Brasil.

Altman falou sobre o pagamento de artistas por uso de propriedade intelectual e mudanças que a tecnologia pode trazer em educação, jornalismo, cibersegurança e design, segundo Lemos.

Na imagem, da esquerda para a direita, estão a fundadora do Instituto Identidades do Brasil Luana Genot, o cientista-chefe do ITS-Rio Ronaldo Lemos, o chefe-executivo da OpenAI Sam Altman, Caetano Veloso e a produtora cultural Paula Lavigne
Na imagem, da esquerda para a direita, estão a fundadora do Instituto Identidades do Brasil Luana Genot, o cientista-chefe do ITS-Rio Ronaldo Lemos, o chefe-executivo da OpenAI Sam Altman, Caetano Veloso e a produtora cultural Paula Lavigne - Arquivo Pessoal/Ronaldo Lemos

Em depoimento ao Senado americano na terça-feira (16), o executivo da OpenAI disse apoiar a criação de um marco regulatório a nível internacional para IA. Ele cita a experiência da Agência Internacional de Energia Atômica para mitigar riscos nucleares como exemplo.

Altman repete a ideia desde 2021, quando publicou ensaio sobre avanços, desafios e eventuais catástrofes que a tecnologia trará ao mundo. O executivo compara o impacto da IA à criação da internet e de armas atômicas.

Para o chefe-executivo da OpenAI, essa regulamentação precisa de equilíbrio, já que há um duplo interesse: proteger a sociedade dos riscos desse desenvolvimento, sem destruir a competitividade local. Os Estados Unidos concorrem pelo domínio da tecnologia com a China, que, por exemplo, aplicou soluções de IA com melhor resultado nas redes sociais, quando desenvolveu o TikTok.

Altman também perguntou sobre o projeto de lei brasileiro para regular inteligência artificial, apresentado pelo presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) no último dia 4. Segundo Lemos, o executivo norte-americano não tinha conhecimento do teor do projeto.

Para o cientista-chefe do ITS-Rio, o projeto nasce datado por ter sido formulado antes do lançamento do ChatGPT no último mês de novembro.

O executivo da OpenAI disse aos participantes do evento que conversou com o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), sobre medidas para melhorar o serviço público com IA. Paes tem dito que pretende transformar a capital fluminense em um centro de inovação.

Nesta quinta (18), Altman vai conceder entrevista à pesquisadora de computação e ativista Nina da Hora no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro. O evento é promovido pela Fundação Lemann e apoiado pela Prefeitura do Rio.

Ele também discutiu o risco de ataques cibernéticos acelerados por inteligências artificiais geradoras com a especialista em segurança Ilona Szabó, colunista da Folha, cofundadora e presidente do Instituto Igarapé. A tecnologia pode facilitar não só a criação de enredos de golpe baseados em engenharia social, como também o desenvolvimento de programas maliciosos.

O ex-secretário de Educação de São Paulo Alexandre Schneider e o fundador do grupo de educação Camino, Fernando Shayer, questionaram Altman sobre os efeitos da inteligência artificial no ensino. O ChatGPT vem gerando discussões sobre plágio e novos métodos pedagógicos, desde que ganhou popularidade.

Altman ainda comentou que a humanidade está "a uma grande ideia" da inteligência artificial geral, quando as máquinas serão capazes de criar novas ideias, como fazem as pessoas. Por isso, é urgente estar preparado, segundo o chefe-executivo.

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