OpenAI oferece até US$ 5 milhões por ano a veículos de imprensa para garantir legalidade do ChatGPT

Empresas americanas avaliam que valor é baixo; New York Times já acionou Justiça contra desenvolvedores de IA

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São Paulo

A criadora do ChatGPT, OpenAI, tem oferecido entre US$ 1 milhão (R$ 4,9 milhões) e US$ 5 milhões (R$ 24,6 milhões) por ano a veículos de imprensa americanos para treinar o ChatGPT com textos e imagens noticiosas, de acordo com o site especializado The Information.

O esforço visa garantir que o desenvolvimento de modelos de inteligência artificial respeite regras de propriedade intelectual.

Empresas de mídia americanas consultadas pelo Information afirmam que a oferta está aquém do esperado. "Essa é uma baixa quantia até para pequenos veículos", diz o artigo publicado no site especializado.

Impressão de jornais na gráfica do New York Times
Impressão de jornais na gráfica do New York Times - Caitlin Ochs/Reuters

Há meses, alguns dos maiores players da indústria de mídia dos Estados Unidos mantêm conversas confidenciais com a OpenAI em busca de um acordo para licenciar conteúdo, de acordo com o New York Times. Há, porém, dois impeditivos: o preço e os termos de uso e distribuição do conteúdo para a empresa de inteligência artificial.

O próprio NYT não aceitou as condições oferecidas e decidiu litigar contra a criadora do ChatGPT e sua maior parceira de negócios, a Microsoft, por violação de direitos autorais.

O jornal alega, em ação ajuizada no Tribunal Federal em Manhattan, que milhões de textos estão sendo usados pelas empresas de inteligência artificial sem o pagamento de direitos autorais.

O veículo não solicita um valor de indenização específico, mas pede a responsabilização pela "perda de bilhões de dólares" devido à "cópia e uso ilegal das obras únicas do New York Times".

O jornal também pede que as empresas de tecnologia destruam quaisquer modelos de chatbot e dados de treinamento que usem material protegido por direitos autorais do New York Times.

A OpenAI divulgou apenas em agosto a forma de bloquear os bots da empresa que vasculham a internet para separar os textos e as imagens usados no treinamento de modelos de inteligência artificial. À essa altura, a IA geradora mais recente da empresa —o GPT-4— já estava pronta e no mercado.

Por outro lado, a OpenAI chegou a um acordo pelo licenciamento de conteúdo com a editora alemã Axel Springer Ink, responsável pelas publicações Politico, Business Insider, Bild e Die Welt. Os valores envolvidos na negociação não foram divulgados à época.

De acordo com outra matéria do New York Times, a Apple fez ofertas acima de US$ 50 milhões para licenciar as informações de empresas de mídia para treinamento de modelos de inteligência artificial. A fabricante do iPhone trabalha em uma tecnologia própria e quer evitar as contestações sofridas por OpenAI, Microsoft e Google, que também desenvolve IAs generativas como o ChatGPT.

O valor proposto pela OpenAI é similar ao que o Facebook ofereceu para licenciar notícias quando lançou o Facebook News Tab em 2019 —foram US$ 3 milhões à época, segundo a imprensa internacional.

A cifra, entretanto, fica muito abaixo de acordo recente fechado pelo Google com veículos de imprensa canadenses que estipulou um pagamento de US$ 100 milhões por ano para linkar artigos noticiosos na busca. Esses termos foram arranjados após o parlamento do Canadá aprovar uma lei que obriga grandes empresas de internet a pagar pela reprodução e circulação de notícias.

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