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Apple turbina Siri com ChatGPT, lança reconhecimento facial para travar apps e mais IAs

Integração com inteligência artificial chega depois de concorrentes

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São Paulo

A Apple apresentou nesta segunda-feira (10) um novo pacote de ferramentas com inteligência artificial que promete facilitar o dia a dia de usuários ao integrar a IA nos sistemas operacionais e aplicativos da fabricante.

O "Apple Intelligence", como foi batizado o pacote de novidades, foi apresentado no WWDC, conferência mundial da companhia para desenvolvedores.

A principal mudança do pacote está na assistente de voz Siri, que deve ficar mais parecida com o ChatGPT.

A imagem mostra a parte traseira de um produto da Apple, possivelmente um MacBook, com o icônico logotipo da maçã em destaque, contrastando com um céu azul parcialmente coberto por nuvens brancas e cinzentas.
Logo da Apple, na fachada de loja da empresa em shopping na cidade de La Jolla, em California - Mike Blake/Reuters

A Apple Intelligence estará disponível a partir do lançamento do sistema operacional iOS 18. Os testes começam, apenas em inglês, em setembro. O serviço será gratuito para os donos de aparelhos da Apple, que também poderão usar os serviços do ChatGPT gratuitamente e sem criar uma conta.

A Apple não confirmou se sua própria IA foi desenvolvida em parceria com a criadora do ChatGPT (OpenAI), como se especulou na imprensa internacional. Disse que não comenta rumores, ao ser questionada pela Folha.

O presidente-executivo da OpenAI, Sam Altman, foi fotografado nas dependências da Apple, durante o evento.

Agora a Siri passa a entender contexto. Por exemplo, se um usuário pedir à assistente da Apple para excluir um email, a Siri poderá identificar qual email o usuário deseja excluir com base em referências anteriores da conversa, como o assunto ou o remetente.

A assistente de voz recebe, hoje, 1,5 bilhão de pedidos por dia, de acordo com a Apple. "Agora, a Siri vai entender coisas que nunca entendeu antes", afirmou a superintendente de inteligência artificial e aprendizado de máquina da Apple, Kelsey Peterson.

O presidente-executivo da Apple, Tim Cook, disse que a inteligência artificial da Apple precisa ser poderosa para resolver problemas, intuitiva, integrada e capaz de entender os usuários. "Acima de tudo, precisa ser construída com privacidade desde o início", disse o executivo.

Uma das principais preocupações no campo da IA hoje está nos riscos de privacidade envolvidos no treinamento de modelos de linguagem.

Algumas das funções apresentadas não se diferenciam muito do que já é visto: auxílio em escrita, criação de imagens e figurinhas, efeitos em vídeos e fotografias, tradução e interatividade com os dispositivos. Os recursos estarão disponíveis em aplicativos, como Notas, Mail e Fotos, em uma abordagem que a Apple chamou de "inteligência pessoal".

O gerenciador de email da Apple, por exemplo, vai listar, com base na Apple Intelligence, mensagens que considera prioritárias em uma área em destaque.

Segundo o vice-presidente de engenharia de software da Apple, Craig Federighi, a geração mais recente de computadores e smartphones da Apple, como os iPhones 15 Pro e Pro Max, já têm chips dedicados para executar bem aplicações de IA sem precisar recorrer à nuvem. Federighi disse que a Apple planeja acrescentar integração a outras plataformas de inteligência artificial no futuro.

A Siri também entenderá alguns sinais por meio dos fones da Apple, os AirPods. Será possível recusar ou atender uma ligação com um balançar de cabeça.

A Apple tentou tornar a Siri mais inteligente em 2018 com ferramentas que permitiam que os desenvolvedores dos apps codificassem maneiras de a Siri ter mais controle de funções, mas houve pouco interesse e o projeto não saiu do lugar.

A Apple deve centrar o desenvolvimento de novos produtos em aplicações de inteligência artificial. Smartphones e computadores terão seu design voltado a soluções de controle por voz e resposta a pedidos feitos em linguagem natural.

A empresa de tecnologia quer tornar a experiência com sistemas de IA menos cansativa ao eliminar a necessidade de pular de janela em janela para acessar diferentes plataformas, como ChatGPT, Perplexity (para buscas) ou GitHub Copilot (para programar), e unir tudo em um grande assistente, que funcione bem em smartphones e computadores.

Em certo ponto, a Microsoft com o Windows e o Google com o Android já trabalham nesse sentido, ao lançarem assistentes integradas com IA —Copilot, da Microsoft, e Gemini for Android, do Google.

A Apple chega depois de concorrentes como Samsung e Xiaomi na integração de aparelhos com IA e, por isso, promete que as ferramentas vão "trabalhar para as pessoas", não que os usuários vão "ter trabalho para acessá-las".

Em conferências de tecnologia e em conversas de entusiastas, já se especula como a interação com a tela proporcionada pelos smartphones será coisa do passado, quando alguém tiver sucesso na criação de um aparelho feito com a IA no centro do projeto.

A Apple mostrou aos seus bilhões de usuários que trabalha para isso em seus computadores, smartphones e óculos de realidade aumentada, após ter sido deixada para trás, ao menos na avaliação do mercado de ações, por Microsoft e Nvidia —as duas gigantes da tecnologia que mais apresentaram ganhos ancorados no entusiasmo com inteligência artificial.

Após altas no preço de negociação das ações da Apple nos últimos dias, os investidores ajustavam para baixo o valor dos papéis às 15h30, mesmo após os anúncios de IA, com queda de 2%, a US$ 192,96 (R$ 1.035).

A Apple usa a conferência de desenvolvedores em sua sede em Cupertino, Califórnia, todos os anos, para apresentar atualizações de seus próprios aplicativos e sistemas operacionais, bem como para mostrar aos desenvolvedores novas ferramentas que eles poderão usar em seus aplicativos.

NOVO IOS 18

Como faz há anos, a Apple apresentou nesta conferência mundial para desenvolvedores os novos sistemas operacionais para iPhones, iPads, MacBooks e iMacs.

Nos iPhones, o iOS 18 permitirá, entre outras coisas, que usuários bloqueiem aplicativos individualmente. A ideia é dificultar o acesso de criminosos a apps sensíveis, como os de banco e os de mensagens, de acordo com anúncio da Apple.

Com o novo recurso, usuários poderão bloquear aplicativos nativos do iPhone, como Mail, Mensagens, Notas, Telefone, Fotos, Safari, Ajustes e outros, proporcionando uma camada extra de privacidade e segurança, diz a empresa.

Para desbloquear um aplicativo, será necessária a autenticação via Face ID (reconhecimento facial da Apple), e é provável que o recurso também funcione com o Touch ID (biometria digital) ou o código de acesso do iPhone.

A Apple já permite que certos conteúdos sejam protegidos por Face ID, Touch ID ou código de acesso, como notas no aplicativo Notas e fotos nos álbuns "Apagados" e "Ocultos" no aplicativo Fotos.

O novo recurso do iOS 18 vai além, permitindo que aplicativos inteiros sejam bloqueados, mesmo que o iPhone esteja desbloqueado. Ainda será possível esconder aplicativos em uma pasta invisível protegida por senha. Em sua apresentação, o vice-presidente de engenharia de Software da Apple escondeu um app que acompanha a quantidade de cabelos na cabeça do usuário, como exemplo.

A Apple também adicionará opções de acessibilidade baseadas em IA e em tecnologia especial desenvolvida para seus óculos de realidade aumentada Vision Pro. Uma delas, permitirá que usuários com problemas motores deem comandos à tela do smartphone a partir do movimento dos olhos.

Além disso, o sistema operacional do iPhone permitirá edições estéticas, como escolha da cor de caracteres e personalização das opções disponíveis no painel de controle.

Para os americanos, que não têm Pix, a Apple apresentou a possibilidade de fazer transferências entre donos de iPhone com o Apple Pay, com um recurso chamado "tap to pay", toque para pagar em português. Com a tecnologia, os usuários poderão aproximar os dois smartphones para realizar uma transferência criptografada.

O tap to pay já funcionava com negócios cadastrados. As transações são feitas via cartão de débito, crédito e carteiras digitais, como a que funciona no Apple Watch.

Com uma atualização no MacOS (sistema operacional dos computadores Apple), também será possível utilizar o iPhone, do computador, sem destravar o smartphone. A função se chama "iPhone mirroring", espelhar iPhone em inglês.

A versão de testes do sistema operacional será disponibilizada para desenvolvedores de aplicativos cadastrados na comunidade da Apple a partir desta segunda. Outros testadores terão acesso em julho. A empresa costuma disponibilizar a atualização ao público em geral no mês de setembro.

VISION PRO

Os óculos de realidade aumentada Vision Pro já utilizam inteligência artificial para gerenciar algumas capacidades, como entender seu ambiente externo.

No anúncio do novo sistema operacional Vision OS 2, a Apple indicou como esses dispositivos serão capazes de enxergar o mundo ao seu redor para oferecer informações pertinentes aos usuários —seja para os olhos ou ouvidos.

Novos recursos de saúde, como a detecção não invasiva de glicose, também serão melhorados com IA. Outro exemplo, dado pela big tech, foi o uso por médicos que utilizam o aparelho para analisar exames de imagem tridimensionais.

A Apple também deu destaque a aplicações domésticas, como fotos tridimensionais e aplicações de edição de vídeo interativas.

A Apple anunciou no evento que os óculos já contam com mais de 2.000 aplicativos disponíveis para os usuários. Entre junho e julho, o aparelho chegará a Japão, China, Singapura, Austrália, Canadá, França, Alemanha e Reino Unido.

O aparelho, contudo, ainda não está disponível no Brasil. Importadores vendem os óculos da Apple por preços acima de R$ 20 mil na internet.

APPLE WATCH

Os relógios inteligentes da Apple também ganharão novas funções com base em IA.

Uma delas será um app de traduções de falas em outros idiomas em instantes.

Outra novidade é a possibilidade de ativar um modo de exercícios para receber alertas de mensagens apenas após a conclusão do treino.

A conferência de desenvolvedores vai até sexta-feira (14).

Com Reuters e Bloomberg.

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