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Ensaio fotográfico documenta sumiço de geleiras peruanas e crise climática

Marcio Pimenta registra lugares afetados pelo aquecimento global e planeja lançar livro em 2019

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O glaciar Pastoruri é fotografado ao fundo de um lago na cordilheira peruana. Ele se apóia parcialmente em uma montanha de rochas escuras
Glaciar Pastoruri, localizado na cordilheira Branca, no Peru; estima-se que o glaciar perdeu mais da metade da área da superfície nos últimos 20 anos - Marcio Pimenta
São Paulo

Paisagens nevadas como a do glaciar Pastoruri, a cerca de 5.000 metros de altitude no meio da cordilheira Branca, no Peru, devem sumir nos próximos 15 anos, segundo estimativas da Autoridade Nacional de Águas (ANA), do Ministério de Agricultura do país.

O fotógrafo paulista Marcio Pimenta, 43, escolheu essa e outras regiões atingidas pelas mudanças climáticas nas Américas para integrar o seu projeto “Stress Nexus”, que deve virar um fotolivro até 2019.

A ideia, segundo ele, é mostrar tanto as comunidades prejudicadas pelo aquecimento global quanto as beneficiadas —Pimenta diz que a produtividade de sal do Rio Grande do Norte será maior, por exemplo, já que a água das fazendas de sal tenderá a secar mais rápido.

No caso das montanhas peruanas, a elevação da temperatura acelera o degelo, aumentando o volume de lagos da região. Em algumas áreas, fósseis foram expostos novamente, depois de séculos soterrados pelas camadas de gelo, assim como áreas com ferro e chumbo.

Nesse último caso, como a água do degelo abastece os lagos das montanhas, há o risco de contaminação.

Como consequência, as plantações de batata e milho, por exemplo, atividades tradicionais dos camponeses, são prejudicadas.

 
A cultura local tenta se adaptar a essas mudanças. “Como a produção cai, os mais jovens acabam migrando para as cidades atrás de melhores condições de vida”, diz o fotógrafo.

Os atrativos turísticos também sofreram com a mudança do clima. “O lugar era popular entre turistas que iam para estações de esqui, mas hoje elas nem existem mais; agora há uma rota curiosa que mostra os lugares mais afetados pelo aquecimento, em situações irreversíveis”, afirma.

Trata-se da rota das Mudanças Climáticas, oficializada em 2013, que passa por locais da cordilheira Branca atingidos pelo aquecimento. Lá, fotos antigas permitem a comparação com a situação atual. 

O ponto de partida dessas viagens é a cidade de Huaraz, onde o fotógrafo passou uma semana no final de maio de 2018.

Pimenta trabalha exclusivamente com fotografia há seis anos e contribui para veículos como National Geographic e o jornal inglês The Guardian. Depois de concluir o projeto nas Américas, ele planeja estender a série para outros continentes.

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