Brinque de esquimó ao pé de vulcão no Chile

Neve vai até novembro na região do Lonquimay, com trilhas na floresta e estações de esqui

 Reserva Nacional Malalhacuello, que abriga a estação de esqui Corralco  e o vulcão Lonquimay, a 700 km de Santiago, no Chile Divulgação

Reserva Nacional Malalhacuello, que abriga a estação de esqui Corralco e o vulcão Lonquimay, a 700 km de Santiago, no Chile Divulgação Divulgação

Marcelo Toledo
Malalcahuello (Chile)

A trilha no gelo é percorrida a pé próxima ao vulcão Lonquimay, que fica a 2.865 metros de altitude, perto de Malalcahuello e Curacautín, no Chile.

Trajando roupas pesadas para combater a temperatura abaixo de zero e calçando “snowshoes”, espécies de raquetes utilizadas por esquimós para andar na neve, o grupo de turistas tem como uma das principais atrações do passeio de duas horas —mas longe de ser a única— uma araucária cuja idade é estimada em 1.400 anos.

Com 30 metros de altura (o equivalente a um prédio de dez andares), a árvore é vista pelo guia Ricardo Castro como ponto obrigatório de parada de visitantes da reserva natural de Malalcahuello. “É onde todos querem ir, pela imponência, importância e beleza”, disse ele, que trabalha na região há 24 anos.

A combinação de se aproximar do vulcão, esquiar na neve e brincar de esquimó tem atraído cada vez mais turistas, brasileiros especialmente, à região de Curacautín, 676 quilômetros ao sul de Santiago.

O passeio calçando as “raquetes” é feito com até um metro de neve no solo, profundidade atenuada com o uso dos equipamentos apropriados —além dos calçados, bastões para apoio e roupas impermeáveis integram o kit obrigatório para a atividade. 

Ter um bom guia é fundamental, já que ele conhece a região e sabe onde é seguro caminhar. Não é raro avistar lebres e raposas pelo caminho.

 
O inverno está prestes a terminar no Brasil, mas em algumas estações de esqui no Chile ainda há neve.

Em Corralco, próximo ao vulcão Lonquimay e a cem quilômetros da fronteira com a Argentina, a temporada neste ano vai até o dia 1º de novembro, de acordo com o Serviço Nacional de Turismo do Chile.

A Associação de Centros de Esqui do país espera que neste ano 1,4 milhão de pessoas visitem as estações para praticar o esporte ou apenas conhecer o ambiente gelado.

A ocupação média dos hotéis em 2018 ano está em 82%, ante os 79% registrados no ano passado, conforme o Hoteleros de Chile (sindicato dos hotéis). A melhora do índice contribui para ampliar a fatia do turismo na economia nacional, hoje baseada na produção de cobre e madeira.

Formado por rochas basálticas e andesito, o Lonquimay está ativo, mas sua última erupção ocorreu em 1988 —e durou até 1990. O mais grave registro data dos anos 1960.

No topo da região, o vulcão é enxergado praticamente de todos os pontos da reserva nacional de Malalcahuello, que atrai especialmente famílias. 

Além de cabanas para hospedagem, o local tem um resort, aberto em 2013, que integra o complexo da estação de esqui de Corralco. A área tem 1.800 hectares de terrenos esquiáveis, o correspondente a 2.521 campos de futebol.

Para os mais radicais, há passeios até a cratera do vulcão, de 800 metros de extensão, numa aventura de até seis horas de duração que deve ser acompanhada por guias.

A estação de esqui, de onde parte a trilha, fica numa altitude de 1.200 metros. Para chegar ao vulcão, portanto, é necessário subir 1.665 metros.

Quem acha, no entanto, que esquiar é radical o bastante para uma única viagem, há opção de passar o dia deslizando na neve. O custo com o aluguel de equipamentos e com as aulas custa cerca R$ 800.

É possível aprender a esquiar não só em Corralco, mas também em Farellones, La Parva, El Colorado e Valle Nevado. Em todas essas estações, após uma hora de aprendizado, o turista já começa a se divertir, ou pelo menos não cair na primeira tentativa.

Nas aulas, os monitores ensinam a forma correta de usar as pernas e o tronco e —muito importante— como fazer o esqui parar. É possível alugar equipamento para um dia por R$ 270 no Valle Nevado —custo que sobe com as roupas impermeáveis, capacete, óculos protetor e instrutor.

Como a subida até a estação próxima a Santiago é repleta de curvas —há cerca de 60 delas—, a recomendação é que o turista faça apenas uma refeição leve antes do percurso, para evitar possíveis enjoos.

Também é indicado que não utilize roupas de algodão, pois no caso de o visitante transpirar ou se molhar, dificilmente a peça secará rapidamente devido às baixas temperaturas.

Em relação à estação Valle Nevado, a mais procurada no entorno de Santiago, Corralco tem pista para iniciantes menos inclinada, daí a procura de famílias pelo local. Todas as noites ocorre o encerramento das atividades do dia com coreografias feitas por esquiadores com tochas de fogo.

Se esquiar e fazer trilha perto do vulcão são uma aventura, a própria viagem de Santiago à região do Lonquimay (“densa floresta” na língua mapuche, dos indígenas que viviam na região antes da chegada dos espanhóis) é um bom aperitivo do que virá pela frente.

Após chegar à capital chilena —a quatro horas de voo de São Paulo—, o turista precisa voar mais uma hora e 20 minutos até Temuco e viajar por mais 120 quilômetros de carro. 

Com neve na pista, o que é quase regra no inverno, o percurso é feito em no mínimo duas horas. Mas o visual compensa o esforço. As araucárias dominam a paisagem.

Não há cidades grandes no trecho, apenas vilas com pequenos mercados e cabanas de madeira típicas das regiões geladas do globo.

A estação de Corralco é um atrativo recente do Chile. O local foi cedido pelo governo em 2005 a um grupo de empresários que investiu num resort com 54 apartamentos e na criação da estação de esqui, que tem 29 pistas. Parte delas tem um grau de dificuldade elevado, com inclinação superior a 60 graus e é acessível apenas aos esquiadores profissionais.

 A estação, que conta com seis teleféricos, fica a três minutos do resort e a menos de 20 minutos de cabanas instaladas nas rodovias próximas.

Pacotes para o chile

R$ 1.045
3 noites em Santiago, na Agaxtur
Acomodação em quarto duplo com café da manhã, traslados e passeio pela cidade. Não inclui aéreo

R$ 1.289
3 noites em Santiago, na RCA Turismo 
Hospedagem em quarto duplo com café da manhã. Inclui traslados e city tour pela cidade. Sem aéreo

R$ 1.440
3 noites em Valparaíso, na Expedia
Pacote entre 19 e 22 de outubro. Inclui hospedagem em quarto duplo sem café. Com aéreo a partir de Guarulhos

R$ 1.730
 3 noites em Santiago, na Top Brasil
Com café da manhã e acomodação em quarto duplo. Inclui passagem aérea a partir de São Paulo

R$ 2.134
3 noites no Valle Nevado, no hotel Puerta del Sol
Válido para o período entre 11 e 14 de setembro. Acomodação em quarto duplo com meia pensão (café e jantar). Inclui Ski Pass, sem áereo

R$ 3.013
2 noites em Santiago, na New Age
Com city tour, traslados e seguro viagem. Acomodação em quarto duplo com café da manhã. Com aéreo a partir de São Paulo

R$ 3.097 
4 noites em Santiago, na CVC
Hospedagem em quarto duplo com café da manhã. Inclui aéreo a partir de São Paulo e traslados

R$ 3.735
7 noites em Santiago e Puerto Montt, na 55destinos
Quatro noites em Santiago e três em Puerto Montt (ou Puerto Varas). Com city tour em Valparaíso. Sem aéreo

R$ 4.268
4 noites em Santiago, na Tereza Ferrari Viagens
Hospedagem em quarto duplo com café da manhã. Com traslados e passeios para as vinícolas Emiliana e Matetic e Valparaíso. Sem aéreo

R$ 4.909
5 noites em Santiago, na CVC
Pacote para o período do ano novo. Hospedagem em quarto duplo com café da manhã e traslados. Com passagem aérea a partir de São Paulo

R$ 8.361
4 noites entre Santiago e Valparaíso, na Queensberry
Pacote para o período de ano novo, de 29 de dezembro a 2 de janeiro. Com café da manhã, city tour e visita à vinícola Concha Y Toro. Sem aéreo

O jornalista viajou a convite do Serviço Nacional de Turismo do Chile

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